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Hartung se reúne com MPES após críticas do secretário de Segurança

Hartung se reúne com MPES após críticas do secretário de Segurança

Encontro foi realizado na sede do MPES, onde conversou com o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes

Publicado em 6 de setembro de 2018 às 23:45

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O governador Paulo Hartung com o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes. (Divulgação/MP)

Após o conflito causado pelas declarações do secretário de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, com críticas à atuação dos promotores que investigam a atuação de organizações criminosas, com comando vindo de dentro dos presídios, o próprio governador Paulo Hartung foi nesta quinta-feira (6) à sede do Ministério Público do Estado (MPES) conversar com o procurador-Geral de Justiça, Eder Pontes.

Oficialmente ficou decidido que será realizado, no início da próxima semana, um novo encontro envolvendo o Gabinete do Procurador-Geral de Justiça, o Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (Getep) e as Secretarias de Estado da Justiça (Sejus) e da Segurança Pública (Sesp) para compartilhar informações que levem ao fortalecimento das ações de combate à criminalidade no Estado do Espírito Santo, conforme nota divulgada pelo MPES e por Hartung.

Um pouco antes, o secretário Nylton, acompanhado de Walace Ponte, titular da Secretaria de Justiça, que comanda os presídios no Estado, também estiveram com o procurador-Geral de Justiça. Fato, inclusive, registrado nas redes sociais dos próprios secretários. "Respeito a instituição Ministério Público. Divergências no nosso trabalho são pontuais e o nosso papel é sentar à mesa e esclarecê-las, tendo sempre como objetivo um trabalho sério a favor dos capixabas", postou Nylton em redes sociais.

Informações obtidas pelo Gazeta Online revelam que, além das negociações, foi apresentado ao governador algumas provas obtidas nas investigações do MPES, que confirmam os fatos investigados e já divulgados pelo MPES, de que detentos do sistema prisional capixaba, mesmo estando em uma Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana, ainda conseguem comandar suas organizações criminosas e o tráfico na Grande Vitória. Fato que vem sendo negado pela Sesp e Sejus.

Coronel Nylton Rodrigues se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, e com o secretário de Estado de Justiça, Walace Pontes. (Reprodução/Facebook)

CONFLITO

As discordância tiveram início há algumas semanas, a partir de explicações do MPES de que os tumultos que vinham ocorrendo em vários morros de Vitória - como foi na Piedade, Alagoano, Caratoíra, Bairro da Penha, dentre outros - tinham uma ligação direta com as organizações criminosas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), e que estavam disputando poder. As investigações apontaram não só as ligações de traficantes capixabas com o PCC, mas também com a de sua filial capixaba, O Primeiro Comando da Capital (PCV) e seu braço armado, a organização criminosa Trem Bala.

Por trás da disputa pelo tráfico e o comando de regiões estratégicas de Vitória, localizadas nos morros, estavam tiroteios, dezenas de mortes e a população no meio, temendo por sua vida. Reportagens do Gazeta Online relataram não só estas ligações e parte das investigações, como os dilemas da população, com escolas, ruas e unidades de saúde fechados, projetos sociais interrompidos, ônibus que não chegavam ao ponto final e o direito de ir e vir comprometido.

OPERAÇÃO

A discórdia teve seu ponto alto durante a realização da "Operação Concerto", deflagrada na última terça-feira (04), tendo como alvo o tráfico de drogas na região do Complexo da Penha, em Vitória. Segundo o MPES, a ação visa desmantelar uma organização criminosa que vem atuando de dentro de presídios capixabas, uma vez que os presos combinam crimes através de mensagens de celular e dão ordens de dentro da cadeia para alimentar o tráfico de drogas.

O MPES informou que o principal líder da facção criminosa comanda o tráfico de dentro da Penitenciária de Segurança Máxima II (PSMA II), em Viana, local onde cumpre pena por tráfico de drogas.

Segundo o MPES, o cabeça da facção juntamente com outros líderes davam ordens para os comparsas, que estavam fora do sistema prisional. Após a realização de buscas durante o cumprimento dos mandados, os policiais encontraram esconderijos de criminosos, armas de fogo, explosivos e drogas - a quantidade não foi revelada.

Na última quarta-feira (5), o secretário Nylton Rodrigues resumiu a denúncia feita pelo Ministério Público de que presidiários estão comandando o tráfico de drogas em Vitória como “um ato que beira a irresponsabilidade”.

Garantiu que a Sesp desconhece qualquer levantamento que dê embasamento para essa afirmação. “Fizemos uma reunião com as inteligências da Sesp, Sejus e das polícias Militar e Civil. Garantimos que essas informações não foram produzidas por nossas equipes”, disse, na ocasião.

Na nota divulgada pelo MPES, a instituição afirma que as investigações sobre a ação de presidiários que enviam ordens para criminosos surgiu através de “relatórios oriundos dosórgãosde inteligência da Polícia Militar e DHPP”.

Já Nylton Rodrigues disse que a Sesp não tinha conhecimento das informações divulgadas pelo MPES. “Não recebemos essas informações de nenhum representante da instituição. Estamos aguardando que o Ministério Público produza um expediente para que, caso as informações procedam, possamos tomar providências”.

O secretário afirmou que a divulgação da nota pode ser considerada uma ‘irresponsabilidade’ do órgão. “Beira a irresponsabilidade tratar desse assunto, que pode gerar medo na população, diretamente com a imprensa e não com órgãos oficiais. Se o Ministério Público tem conhecimento de detentos comandando morros, deve passar os nomes e as informações para a Secretaria de Justiça, para que se tome as providências necessárias”.

Nylton ressaltou que, em presídios de segurança máxima, não há possibilidade de comunicação via celulares. “Eles podem ter contatos com familiares e advogados. Só se eles passam informações por bilhetes. Mas seria impossível comandar um morro através de bilhetes. Não acredito que isso possa ser considerado um comando”, afirmou.

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