> >
Mais de 150 mil pessoas se envolveram em acidentes em rodovias do ES

Mais de 150 mil pessoas se envolveram em acidentes em rodovias do ES

Multidão de acidentados nas rodovias equivale à população de nove cidades capixabas

Publicado em 17 de setembro de 2018 às 18:55

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Nos últimos onze anos, um total de 151.701 pessoas vivenciaram a trágica experiência de se envolver em acidentes em uma das rodovias federais que cortam o Espírito Santo. O número equivale a soma da população de nove cidades capixabas.

O levantamento foi feito com base nos dados sobre acidentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que mostra a situação das estradas federais no Estado e Brasil. Vias, conforme divulgado nesta quarta-feira (19) no Gazeta Online, que possuem elevadas taxas de mortalidade.

É o caso, por exemplo, da BR 101, cujo trecho mais perigoso esta no Espírito Santo, com uma taxa de mortalidade de mais de quatro mortes em acidentes a cada cem mil habitantes (4,73/100 mil habitantes).

O valor supera até a taxa nacional, que leva em consideração a soma das mortes de todas as rodovias federais do Brasil, e que é de mais de três mortos a cada cem mil habitantes (3,85/100 mil habitantes).

E é justamente na BR 101 que está a maior parcela das pessoas que foram feridas – algumas até mortas – em acidentes nos últimos onze anos. Foram 102.180 vítimas de histórias difíceis de serem esquecidas.

Como a vivida pela família de Késia Scarpatti. Eles voltavam para casa, em Ibiraçu, após um dia tranquilo que terminou com um cineminha. Seguiam pela BR 101, a “rodovia do medo”, como a administradora de 32 anos a denomina. No caminho, foram vítimas da imprudência de um motorista.

No sentido contrário ao que a família trafegava, um carro resolveu ultrapassar um caminhão. Por segurança, eles foram para o acostamento, para dar mais espaço para a manobra. Mas foram surpreendidos por um terceiro carro tentando ultrapassar os dois veículos, ao mesmo tempo. Ele atingiu o carro da família no acostamento, jogando-os em uma ribanceira.

Késia, o marido, o filho de 7 anos, o irmão de 9 anos e a mãe dela, usavam cinto de segurança e ficaram presos no veículo, pendurados de cabeça para baixo. Socorridos por outros motoristas, precisaram de meses para se recuperarem. Por pouco não perderam a oportunidade de realizar o sonho de irem morar em Londres.

Em abril deste ano, quando retornaram ao Brasil para uma visita, Késia constatou que as preocupações com a rodovia não haviam desaparecido. “O medo não se foi. Ao sair, sempre optava por ir pela orla”, conta.

Com um pouco menos de voracidade, em segundo lugar no ranking dos envolvidos em acidentes está a BR 262, com quase um terço dos acidentados, 41.838 e, com bem menos, a BR 259, com 5.017 casos.

MÁQUINAS

Um outro cenário sobre as tragédias nas rodovias federais capixabas pode ser percebido a partir dos próprio veículos. Os mesmos que também se envolveram em acidentes nos últimos onze anos.

Ao todo são 131.524 veículos, que se fossem enfileirados, juntos formariam um longo congestionamento de 811 quilômetros. É praticamente a distância entre a cidade da Afonso Claudio, Sul do Estado, até Salvador, na Bahia.

O cálculo da fila levou em consideração o tamanho médio de um automóvel, em torno de 4,4 metros, e para o caminhão, de 15 metros. Foi considerado ainda o fato de que um sexto dos acidentados no período eram caminhões.

FEROZ

Embora no Espírito Santo tenhamos, no período de onze anos, nove rodovias federais identificadas pela PRF, cerca de 67% dos veículos se envolveram em acidentes na BR 101 (88.341). A segunda colocação é da BR 262, com menos da metade dos veículos, um total de 36.894.

Uma destas vítimas é o mineiro de Uberlândia, o caminhoneiro Ricardo Rodrigues Bernardes, de 34 anos. Há dez anos na profissão, passa pela BR 262, no Estado, pelo menos duas vezes por mês, sempre transportando carga perecível refrigerada.

Reclama do grande fluxo de carros, das muitas curvas, da ausência de uma terceira faixa e das muitas filas por isto ocasionada. “Quando você desenvolve é aquele tumulto para ultrapassar”, relata.

Numa das vezes em que cortou o Estado, foi vítima de um acidente. “Tombei aqui no quilômetro 119. A carga era alta e perdi o controle em uma curva. Graças a Deus não me machuquei”, conta.

A reportagem encontrou o caminhoneiro em um posto, onde tentava encher os pneus do caminhão, que teimavam em esvaziar em decorrência dos buracos na rodovia. “Estou tentando encher de novo. É só prejuízo”, desabafa, lembrando que os acidentes na via são frequentes. “É comum me deparar com acidentes. Também faço muito o trecho de São Paulo e não vejo tanto acidente. Lá a pista é dupla, tem mais espaço”, relata.

No ranking dos veículos acidentados, a BR 259, que passa por Colatina e Baixo Guandu, aparece em terceira colocação, com 3.968 carros. Por último, a BR 393, com 1.083 veículos.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais