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Onda de assaltos após interdição do Terminal de Itaparica

Onda de assaltos após interdição do Terminal de Itaparica

Nas proximidades do terminal, lojistas, funcionários e passageiros relatam que os assaltos ocorrem com maior frequência e até um arrastão aconteceu por lá no mês de agosto.

Publicado em 11 de setembro de 2018 às 20:54

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(Marcos Fernandez | Arquivo | GZ)

O Terminal de Itaparica está fechado há quase dois meses e os transtornos causados a quem depende do local ou é vizinho dele continuam. Nas proximidades do terminal, lojistas, funcionários e passageiros relatam que os assaltos ocorrem com frequência. Até um arrastão aconteceu por lá no mês de agosto. Para quem precisa do transporte público na região, a palavra medo passou a entrar no vocabulário diário.

O vendedor Fernando dos Santos Nogueira, de 29 anos, trabalha em Vitória e, por conta da obra no terminal, passou a pegar dois ônibus para ir para casa: um para o Terminal de Vila Velha e outro de lá para a Darly Santos. No entanto, no dia 22 de agosto - um dia após o fechamento do terminal -, como o segundo ônibus demora a passar, ele decidiu utilizar outra linha que para em frente ao shopping perto do terminal desativado. 

Após descer do coletivo, ele foi abordado por duas pessoas numa moto e assaltado. Os bandidos levaram o celular e dinheiro. “A rua fica completamente deserta. No mesmo dia, mais duas pessoas foram assaltadas. Tenho conhecimento de que eles agem próximo ao shopping por volta das 22 horas, mas não fica viatura por ali neste horário”, queixa-se.

A operadora de caixa Ellen Vale reclama da falta de segurança ao redor do Terminal de Itaparica . (Marcelo Prest)

Passageiros também contaram que, em agosto, houve um arrastão na região do terminal. “Começaram o assalto em Araçás, chegaram no ponto de ônibus próximo ao shopping e levaram tudo de quem esperava o coletivo”, contou a funcionária pública Sabrina Leonel.

MUDANÇA

A diretora de operações da Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb), Rosane Giuberti, afirmou que desde a interdição do terminal foi criado um ponto na rua de trás do shopping, que fica paralela ao terminal. No local passam 10 linhas, sendo que quatro delas saem de lá. Antes, já existiam dois pontos no entorno do shopping. Ao todo, são 22 linhas que passam pelos três pontos. 

“Desde o fechamento houve acréscimo de itinerário e ajuste de frota para que houvesse oferta de transporte nos mesmos horários de antes nos bairros. A Ceturb tem trabalhado para minimizar os impactos através de estudos técnicos e monitoramento”, disse.

No entanto, as pessoas que dependem de ônibus se sentem inseguras de ter que esperar fora do terminal. A região pouco movimentada é cercada pela Rodovia do Sol, tem poucas construções e baixa iluminação. Como muitos não têm outra opção a não ser o transporte público, o jeito é esperar.

INSEGURANÇA

A operadora de caixa Ellen Souza do Vale, de 28 anos, que trabalha num shopping ao lado terminal sai quase todos os dias às 22 horas. Ela depende todos os dia de ônibus para ir e voltar do trabalho e diz que a sensação de insegurança tem aumentado.

Antes, Ellen seguia direto para o Terminal de Itaparica e de lá para o de Jardim América, bairro onde mora. Todo o percurso era feito em uma hora. No entanto, com o fechamento do Terminal de Itaparica passou a esperar o ônibus do lado de fora do shopping e a gastar, no mínimo, duas horas até chegar em casa. Ela diz que a falta de movimentação no terminal atrapalhou até as vendas na loja em que trabalha.

“A sensação de segurança de estar dentro do terminal era maior. A minha sorte é quando meu marido vem me buscar fico mais tranquila porque durante o tempo em que estou aqui não vejo polícia e já fiquei sabendo de assaltos na região e até de arrastão. Tenho medo de que algo possa ocorrer comigo”, relatou.

CUIDADOS

Desde que o Terminal de Itaparica foi fechado, cada pessoa passou a ter um tipo de cuidado para tentar se proteger de assaltos frequentes na região. A própria administração do shopping vizinho decidiu direcionar cerca de R$ 10 mil do seu investimento em segurança privada para ajudar os funcionários.

O superintendente do shopping, Marcelo Oliveira, revela que o centro comercial melhorou a iluminação de todos os três pontos de ônibus e passou de três para seis o número de agentes de segurança patrimonial da área externa.  Também instalou placas indicando quais linhas estão passando nos três pontos, além de enviar ofícios para a Guarda Municipal e para a Polícia Militar com pedido de viaturas na região.

“Essas ações ajudam as pessoas que passaram a ficar mais tempo no ponto de ônibus. Nenhuma delas cabe ao shopping, e sim ao poder público, mas entendemos que não podemos ver a população como está após o fechamento do terminal”, disse.

Mesmo com essas iniciativas, a população ainda sofre com a baixa iluminação e a falta de policiamento. A autônoma Lorrainy Bitencourt, de 24 anos, passou a deixar o celular embaixo do braço enquanto espera o ônibus para tentar evitar que o aparelho seja levado. “Tenho medo de ser roubada”, disse. 

A doméstica Guídia Santos, 33, relata que a sensação de insegurança é maior fora do terminal. (Marcelo Prest)

OUTRO LADO 

A diretora de operações da Ceturb, Rosane Giuberti, informou que apesar de toda parceria, a responsabilidade da segurança é da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

A Polícia Militar  respondeu, por meio de nota, que está presente com policiamento preventivo, que acontece diuturnamente em Itaparica, Vila Velha, além de realizar o patrulhamento ostensivo com ações diversas como cercos táticos e abordagens diárias.

A PM reforça que tem empenhado seus recursos operacionais disponíveis ao cidadão no sentido de preservar a ordem pública e garantir a tranquilidade de toda a população, inclusive nos terminais rodoviários e nos entornos, e que todo o efetivo da PM atua incansavelmente no enfrentamento da criminalidade.

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