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Rio Pequeno: famílias têm sete dias para deixar casas em Linhares

Rio Pequeno: famílias têm sete dias para deixar casas em Linhares

No próximo dia 22 será feita a abertura do canal, quando um volume maior de água passará pelo local, impondo riscos a quem mora na região

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 23:50

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Casas às margens do Rio Pequeno. (Tiago Queiroz Curty)

Um total de 56 famílias, que vivem em 51 casas às margens do Rio Pequeno, em Linhares, vão ter que deixar as suas moradias nos próximo sete dias. O limite para a saída é o próximo dia 21 e ela será necessária em decorrência dos riscos de rompimento da barragem existente no local, construída de forma emergencial em 2015 para evitar a contaminação da Lagoa Juparanã com os rejeitos de mineração do Rio Doce.

A possibilidade do barramento se romper foi apontado em estudos realizados pela Fundação Renova e confirmado pela Aecom do Brasil. A empresa foi contratada pela Fundação Renova, por intermédio de um termo de compromisso firmado com o Ministério Público Estadual (MPES). Um destes trabalhos foi o de análise de medidas adotadas com foco na preservação das lagoas de Linhares.

Durante audiência pública realizada na última quinta-feira (15), o diretor da Aecom, informou "que há risco grave de rompimento da barragem e que ele poderia causar dano inestimável". O encontro foi realizado com o objetivo de apresentar aos moradores da região afetada pelos alagamentos o panorama dos trabalhos realizados na Barragem do Rio Pequeno e o Plano de Contingência elaborado para resguardar a integridade das famílias no decorrer das obras emergenciais no local.

OBRA

O barramento do Rio Pequeno, em Linhares, fez com que o volume de água da Lagoa Juparanã fosse acumulando, causando estragos na região do entorno. Há casos relatados pelos Ministério Público Estadual, de localidades, como Patrimônio da Lagoa, em Sooretama, que está completamente alagado. Sem contar danos causados a outras regiões, a propriedades particulares e a mortandade de árvores. Preocupação acentuada com a chegada do período chuvoso, que poderia aumentar ainda mais o nível de água da lagoa e do rio.

Para contornar este problema foi realizada pela Renova um canal que permitia o esvaziamento de parte da água represada, mas ele não foi suficiente. Os estudos apontaram que a força da água retida poderia causar outros estragos. "Se nada fosse feito, poderia haver o chamado galgamento, com a passagem da água sobre o barramento. Outra possibilidade seria a ruptura do barramento, com a geração de uma onde de 40km/hora", explicou Wilians Arruda, especialista de projetos e obras da Fundação Renova.

Para solucionar o problema foi iniciada em agosto a construção de um nova canal, que ampliará a vazão de saída da água represada dos atuais 30 metros cúbicos/segundo para 100 metros cúbicos/segundo.


"Além do novo canal, estamos fazendo a proteção das margens do rio com enrocamento pedras e protegendo os pilares da ponte e as margens das primeiras casas. Com a abertura do canal estimamos que o nível da lagoa chegue a níveis de segurança para passarmos o período chuvoso. Também será implantado um sistema de monitoramento do nível do rio Doce, da lagoa Juparanã e do rio Pequeno", explicou Arruda.

No próximo dia 22 será feita a abertura do canal, quando um volume maior de água passará pelo local, impondo riscos a quem mora na região. "Daí a importância da saída das famílias, que deverão se manter fora de suas residências até que os riscos desapareçam", pontuou Arruda, que acrescenta que todo o trabalho está sendo executado em parceria com os órgãos públicos, incluindo a Defesa civil municipal.

RETIRADA

O planejamento apresentado pela Renova é da retirada total das famílias entre o período de setembro deste ano a março de 2019, a fase das chuvas, como forma de precaução, segundo informou Sérgio Kuroda, gerente de território da fundação Renova. A instituição, mantida pela Samarco e suas acionistas Vale e BHP, responde pelos programas e ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental pelo rompimento da barragem de Mariana.

Para os que aceitarem deixar o local e forem para a casa de parentes será oferecida uma ajuda de custo. Outra alternativa é um hotel ou aluguel social. A Renova também auxiliará as famílias com a saída das casas. Segundo a promotora Mônica Bermudes Medina Pretti, coordenadora do Grupo de Trabalho de Recuperação do Rio Doce (GTRD), a Fundação Renova vai oferecer toda a orientação e apoio para as famílias. "Elas contarão também com segurança patrimonial durante a sua ausência das casas. Tudo está presente no plano", explicou.

Mônica participou da audiência pública, da qual fizeram parte ainda o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública do Estado, representantes municipais e da Justiça local. De acordo com a promotora a recomendação de todos é para que as famílias deixem o local. "A nossa recomendação, pautada na precaução e prevenção, princípios fundamentais do direito ambiental, é de que saiam das casas", assinalou

A promotora fez ainda questão de destacar que os estudos feito pela Renova que apontaram o risco de rompimento do barramento foram auditados por uma empresa internacional, especialista no assunto. "Foi uma auditoria independente e há todo um planejamento para retirada destas famílias, com segurança para elas e seu patrimônio", destacou.

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Ela informou ainda que a retirada das famílias, bem com o apoio que vão receber, assim como as obras que estão sendo realizadas vão ser monitoradas pelo Ministério Público e demais instituições.

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