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A Gazeta é finalista do prêmio Vladimir Herzog

A Gazeta é finalista do prêmio Vladimir Herzog

A Gazeta está concorrendo com produções da BBC Brasil, Agência Pública, Revista Galileu, Jornal Diário do Nordeste e Gazeta do Povo.

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 00:25

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Da esquerda para a direita: Raquel Lopes, Arabson e Natalia Bourguignon; em fotos menores, Caique Verli e Sullivan Silva, que não estavam na Redação na hora do registro. (Ricardo Medeiros)

Uma equipe de jornalistas do Jornal A Gazeta, responsável por uma série de matérias que retratavam a realidade do Espírito Santo seis meses após a greve da Polícia Militar, é finalista do 40° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Os repórteres Natália Bourguignon, Raquel Lopes, Caique Verli, Arabson de Assis e Sullivan Silva estão concorrendo com produções da BBC Brasil, Agência Pública, Revista Galileu, Jornal Diário do Nordeste e Gazeta do Povo.

Ao todo, foram 607 produções inscritas na premiação. A escolha dos vencedores será em sessão pública, com transmissão ao vivo pela internet, dia 11 de outubro de 2018, na Sala Tiradentes da Câmara Municipal de São Paulo.

A maior motivação dos repórteres foi a necessidade de não deixar um período de extrema insegurança no Estado ser varrido para baixo do tapete. “A ideia surgiu da indignação com a greve, era uma coisa que não poderia ficar esquecida”, contou a repórter Raquel Lopes.

Ao todo, foram 219 mortes registradas no período da greve, que durou 20 dias. Para a equipe, era importante tratá-las para além do campo da estatística para que a sociedade compreendesse o terror vivido pelos capixabas. “Queríamos expor as histórias das vítimas que viraram só números na época”, contou a repórter Natália Bourguignon.

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O Vladimir Herzog é um dos prêmios mais importantes da imprensa brasileira. Ver nossa equipe entre os finalistas já nos enche de orgulho. Agora estamos na torcida. Mas já é uma vitória

André Hees, Editor-Chefe
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OBSTÁCULOS

No meio do caminho tinha uma pedra. Chegar aos números, conseguir levantar dados e levar aos leitores uma informação completa foi um grande desafio para a equipe. “A maior dificuldade foi conseguir os dados. Íamos atrás dos órgãos oficiais e ninguém passava nada. Era um período que os órgãos públicos queriam esquecer, mas nós não podíamos permitir”, disse Raquel.

Para contornar a falta de acesso aos dados oficiais, os repórteres precisaram ser criativos e ter jogo de cintura. “A dificuldade de ter acesso a dados confiáveis nos motivou a buscar outras fontes e outros métodos para entender a dimensão daquela guerra urbana”, contou Natália.

SENSIBILIDADE

Além da complexidade de lidar com dados e transformá-los em textos, encarar de frente a dor de famílias devastadas pela violência marcou nossos repórteres. “Foi um trabalho muito duro, por ser denso e pelas características das entrevistas. Não é fácil pedir licença para entrar na vida de quem perdeu um filho ou irmão para a violência nesse período que é o mais sangrento da história do Estado”, relatou o repórter Caique Verli.

Respeito à dor do outro e sensibilidade para conduzir as entrevistas foram marcas dessa produção. “Lembro de me sentir muito desconfortável com o relato de mães que perderam seus filhos durante aquele período. E isso me motivou ainda mais a conhecer suas histórias”, contou o repórter Sullivan Silva.

Para transmitir a dor de uma mãe que perdeu um filho durante um assalto a ônibus, o ilustrador Arabson de Assis buscou uma forma de narrativa inusitada. “A narrativa foi menos jornalística. Busquei capturar a angústia daquela mãe para contar a história”, contou.

TRABALHO DURO

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Apesar da dor, o jornalista precisa por diversas vezes, como ressaltou o repórter Caique Verli, “tocar na ferida”. De acordo com Verli, essa é única maneira de trazer à luz problemas que, muitas vezes, são escondidos. “É uma matéria dura, pesada, mas necessária. O jornalismo precisa, muitas vezes, tocar na ferida. E eu fico emocionado em saber que ela chamou a atenção para o problema e deu esse resultado”, disse.

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