A criação de uma delegacia especializada para o atendimento das ocorrências de furtos e roubos no comércio deverá garantir uma solução mais rápida para os crimes. Pelo menos essa é a expectativa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
Buscamos sempre qualificar e fortalecer a estrutura das instituições e enxergamos que a criação de uma delegacia especializada para a repressão de crimes a estabelecimentos comerciais tem esse papel. Estamos criando para que nos tornemos ainda mais eficientes no combate ao crime e para que nosso percentual de resolutividade seja maior, ressalta o coronel Nylton Rodrigues, secretário da pasta.
Questionado sobre a estrutura da nova unidade, como local onde vai funcionar e número de policiais que será destacado para a função, o coronel disse que essa decisão ainda será tomada.
Essas informações ainda não tenho. Mas já estamos confeccionando a minuta de um decreto para encaminhar ao governador ainda este mês. E a Polícia Civil vai internamente fazer remanejamentos para que a delegacia seja instalada, na prática, ainda este ano, assegura Rodrigues.
Para a implantação da delegacia, não há necessidade de passar pela apreciação da Assembleia Legislativa, uma vez que o procedimento se dará por meio de decreto. Contudo, o secretário ressaltou que o governo encaminhou uma outra proposta para o Legislativo, que deverá ajudar no combate ao furto e roubo em comércio. Trata-se de um projeto de lei para cassar a inscrição estadual de estabelecimentos que sejam, comprovadamente, receptadores de produtos roubados e que seus donos os comercializem.
Esse tipo de comerciante fomenta o crime. Se a investigação detectar que é um receptador, vai ficar com a inscrição cassada por cinco anos.
POLICIAMENTO
Quanto ao policiamento ostensivo, o coronel Rodrigues observa que, desde agosto, foi feito um reforço nas áreas comerciais com o deslocamento de 10 radiopatrulhas para atuar especificamente nessas regiões. Mas, ainda que a medida tenha sido adotada, os arrombamentos ainda são frequentes.
Para o coronel Antônio Marcos de Souza Reis, comandante do Policiamento Ostensivo Metropolitano, o problema pode ser minimizado com o apoio da população.
Temos um policiamento no horário noturno, justamente nas áreas comerciais, mas não conseguimos cobrir todas ao mesmo tempo. São 26 mil comércios na Grande Vitória. O que é necessário, e que pode ajudar a PM, é a população entrar em contato pelo 190 ao menor sinal de barulho, um estrondo, que levante suspeita. Essa madrugada (ontem), em Vitória, detivemos um elemento com a tevê na mão porque fomos acionados e nos deslocamos para lá rapidamente, aponta.
Souza Reis diz que, apesar de os crimes contra o comércio serem registrados com frequência, outubro é o terceiro mês seguido de queda nesse tipo de ocorrência. E, em comparação com o mesmo período do ano passado (até 17 de outubro), a redução é de 43%.
"DELEGACIA VAI MINIMIZAR ARROMBAMENTOS", DIZ FECOMÉRCIO
O presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, comemorou a criação da delegacia, que era uma das propostas da entidade ao governo do Estado, na tentativa de reprimir os casos de furtos e roubos.
Fizemos três pedidos ao governo. O primeiro, a criação de um grupo de trabalho com o setor produtivo para debatermos iniciativas; segundo, a punição daqueles comerciantes que são receptadores; e terceiro, uma delegacia especializada. Fomos atendidos em todos e tenho a impressão que a tendência será minimizar um pouco esses arrombamentos de todos os dias, pontua.
Ao comentar sobre o policiamento ostensivo, o presidente do Sindicato dos Lojistas de Vitória e diretor da Fecomércio, Cláudio Sipolatti, diz que a polícia vem se esforçando muito, mas, infelizmente, não está dando conta de atender todas as regiões.
Sipolatti relata que a percepção dos comerciantes é de que os criminosos estão indo para pontos em que não são visados.
É um processo migratório, vai girando. Se eles encontram dificuldade, passam para outro, indo para avenidas onde não aconteceram crimes ainda e muda o tipo de crime também. É um grande desafio, avalia.
Sipolatti acredita que uma das formas de evitar os problemas também deve partir dos comerciantes, reforçando a segurança dos estabelecimentos.
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