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Delegados viram réus por facilitar fuga de preso no ES

Delegados viram réus por facilitar fuga de preso no ES

Ações apontam venda de carro apreendido e facilitação de fuga

Publicado em 16 de outubro de 2018 às 02:21

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Delegado Judson foi afastado de suas atividades; já o delegado Leonardo Ávila é réu em ação penal. (Reprodução/Facebook | Marcos Fernandez/Arquivo)

Dois delegados, quatro investigadores e uma escrivã da Polícia Civil são alvos de ações penais ou de improbidade administrativa pela prática de crimes como a venda de carro apreendido e a facilitação de fuga de preso. Dois deles (um delegado e um investigador) foram afastados de suas funções por decisão da Justiça estadual no último dia 5.

Delegados e policias viram réus por facilitar fuga no ES e venda de carro apreendido

As três ações foram propostas pelo Ministério Público Estadual (MPES). Em uma das ações penais, um total de 10 pessoas já se tornou réu após o juiz aceitar a denúncia, dentre eles o delegado Leonardo Ávila Paschoa. Trata-se da facilitação da fuga de um preso, retirado do presídio para uma delegacia, de onde fugiu.

Três dos envolvidos nesta ação também são alvo de outras duas denúncias. Uma tramita na área criminal e outra, por improbidade, na Fazenda Pública Estadual, ambas na Serra. Dois destes envolvidos – o delegado Judson de Oliveira Marques e o investigador Jefferson do Sacramento Borges – tiveram que deixar as suas funções por decisão da Justiça.

VENDA ILEGAL

Judson teria se aliado a um advogado, Felipe Campos Barbosa dos Reis, e a seu estagiário, Alexander dos Santos Ribeiro. Segundo o MPES, eles seriam os principais organizadores da venda de carros apreendidos, que ficam no Pátio de Alterosas, na Serra, e que pertence à Polícia Civil.

Na ação de improbidade é citado o caso de uma Toyota Hilux SW4 que estava no pátio. Por decisão do Juízo Criminal de Cariacica, de julho de 2016, ela estava sob restrição em favor da União. Tinha sido apreendida com uma pessoa que transportava armas e drogas.

No mesmo dia em que a Justiça determinou sua restrição, a Toyota foi retirada do pátio pelo advogado, com autorização do delegado Judson, relata a ação. Para viabilizar a retirada do veículo foi necessária toda uma articulação de documentos falsos. Desde uma procuração falsa para fazer a transferência do veículo até documentos de identidade falsificados.

Com eles foi feita a transferência da posse da caminhonete para o irmão do estagiário, de nome Arlesson dos Santos Ribeiro. No meio de toda esta transação, os fatos foram descobertos pelo investigador Jefferson. Mas “ao invés de atuar de forma enérgica para fazer cessar os crimes que estavam sendo praticados, cumprindo seus deveres morais e funcionais, o agente policial aproveitou a situação para ingressar na trama criminosa e obter vantagens”, relata a ação.

A Toyota acabou sendo vendida por R$ 102 mil. Mas a venda ilícita acabou sendo descoberta quando o comprador foi informado por um antigo proprietário que o carro estava apreendido em um processo judicial e os fatos foram denunciados à Corregedoria da Polícia civil e ao MPE.

As investigações por eles feita apontam ainda que outro veículo um Honda Accord V6, também teria sido retirado do pátio de forma ilícita. “Os atos criminosos não se limitaram a um caso pontual, mas sim em ações contumazes e corriqueiras para a obtenção de vantagem patrimonial indevida”, destaca o texto da ação de improbidade.

A VENDA ILÍCITA DE UM CARRO

Apreendida

Toyota Hilux SW4 

Por Decisão do Juízo Criminal de Cariacica, o veículo foi apreendido e destinado à União. Desde que fora apreendido, o veículo foi levado para o Pátio de Alterosas, na Serra, pertencente à Polícia Civil.

Toyota Hilux SW4, que se encontrava depositado no pátio de "Alterosa", na Serra. (Divulgação | Ministério Público)

Retirada

Ilícita

No mesmo dia em que ocorreu a decisão judicial, em julho de 2016, o delegado Judson de Oliveira Marques autorizou o advogado Felipe Campos Barbosa Reis e seu estagiário Alexsander dos Santos Ribeiro a retirarem o carro do pátio.

Ilegal

Autorização

A autorização para saída do pátio não passou pelos serviços cartorais da delegacia, então foi feita com base em um documento do ano anterior e de outro carro.

Documentos

Falsos

Para garantir a venda da Toyota foram falsificados documentos, desde uma procuração até identidades, que permitiram a transferir o carro, no Detran, para o irmão do estagiário, Arlesson dos Santos Ribeiro.

Descoberta

Investigador

O investigador Jefferson do Sacramento Borges descobriu os atos ilícitos, mas, segundo a denúncia, ao invés de denunciá-la, decidiu “ingressar no grupo e obter vantagens indevidas”, diz a ação.

Venda

Carro

A Toyota acabou sendo vendida por R$ 102 mil, mas a fraude foi descoberta. O antigo proprietário revelou a situação e o caso foi denunciado ao MPES e à Corregedoria da Polícia Civil.

Ações

MPES

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Em uma ação de improbidade, o investigador e o delegado foram afastados. Em outra ação penal, seis foram denunciados.

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