Construir casas para quem precisa tornou-se uma missão para o técnico em edificações e funcionário público João Luiz da Silva, 70. Ele começou o trabalho voluntário há 18 anos e, desde então, já foram 26 imóveis erguidos para abrigar famílias em risco social. Apesar disso, até hoje não construiu sua própria casa e vive de aluguel em Guarapari.
João Luiz conta que começou com o projeto no ano 2000, quando fez três casas para a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Guarapari. Depois, levei a ideia para o Grupo Espírita Allan Kardec, e lá construímos mais 21 casas, lembra.
Agora, prepara uma Organização Não Governamental (ONG), a Solidariedade Já!, para que seu projeto ganhe força e possa transformar a vida de mais gente com moradia.
Na última semana, ele entregou mais uma construção. Dona Expedita Felismina da Silva, de 65 anos, vivia em uma casa simples de dois cômodos e que não tinha banheiro. Um amigo de João Luiz, Manoel Sampaio Neto, contou a ele sobre a situação, que o comoveu. Ao ir até o local, entretanto, percebeu que era necessário muito mais. Quando vi a situação falei que ela precisava de uma casa nova, diz. Os dois trabalharam juntos até o falecimento de Manoel.
Dona Expedita, que viveu por 28 anos na pequena construção, mudou-se, mas não para longe. Ela ganhou uma nova moradia, feita no mesmo terreno da antiga. Ela foi erguida pelo grupo de voluntários mobilizados pelo técnico em edificações.
A residência foi construída no período de um ano e meio. Contou com a participação de profissionais de várias áreas que doaram material de construção e colocaram a mão na massa em seus dias de folga.
VÍDEO
HISTÓRIA DE VIDA
A mudança para nova casa fez dona Expedita relembrar os momentos tristes, alegres e incertezas que viveu ao longo dos anos. Ficou viúva cedo e foi no pequeno barraco de tijolos de cimento sem reboco e telhas antigas e desgastadas que criou com muita dificuldade as duas filhas. Trabalhou como faxineira e lavava roupas para fora.
Um dos cômodos com duas camas de solteiro sem guarda roupas e uma televisão de tubo recém doada foi utilizado como quarto, e no outro cômodo o espaço era dividido com um sofá rasgado, fogão, e uma prateleira que guardava os mantimentos.
Com a falta do banheiro o banho era de mangueira do lado de fora. O banheiro era em lugar nenhum. Fazia as necessidades e enterrava, disse Expedita.
Hoje, Expedida se mantém com a pensão que recebe de R$ 700. Faz questão de afirmar que mesmo com todas as dificuldades paga em dia as contas de água e de luz. Mas o que a enche mesmo de orgulho é poder mostrar seu novo lar.
Cada espaço foi pensado como se os nós fossemos os moradores. A casa tem o banheiro, dois quartos uma sala bem espaçosa, cozinha e uma área de serviço que construímos seu fogão a lenha, explicou João Luiz, quer ajudar mais pessoas.
MINIENTREVISTA
A pretensão de João Luiz da Silva é quer criar uma ONG para realizar o sonho de outras famílias.
Quando começou a fazer esse trabalho?
Comecei esse projeto no ano 2000 com a construção de três casas para a associação de catadores de materiais recicláveis de Guarapari. Depois levei esse projeto para o Grupo Espírita Allan Kardec e construímos mais 21 casas.
Quando começou a fazer a casa de dona Expedita?
Há um ano e meio atrás. A casa foi feita nos fins de semana. Quem a conhecia era um amigo, o Manoel Sampaio, que faleceu há uns cinco meses. Ele me falou dessa família. Vimos que o terreno tinha um bom espaço e começamos a construir a casa com a ajuda de voluntários.
O que o senhor espera com a ONG?
É bem complexo ter uma ONG funcionando, mas temos o interesse de ajudar pessoas como a dona Expedita, transformar a realidade de vida dessas pessoas.
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