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Jardim da Penha: 50 anos com tradição e boemia

Jardim da Penha: 50 anos com tradição e boemia

Bairro de Vitória completa meio século de fundação

Publicado em 27 de outubro de 2018 às 01:41

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Dermival Ivan Martins, 67, gosta de relaxar nos bares de Jardim da Penha. (Vitor Jubini)

Em 23 de outubro de 1968 A GAZETA publicou: “Jardim da Penha está sendo construída em ritmo de Brasília”. Tinham se passado 15 dias desde o lançamento da pedra fundamental na área em que seriam erguidas 106 casas de dois andares de alvenaria e, no local, 68 fundações já tinham sido construídas. Era o início da urbanização de um dos bairros mais valorizados de Vitória, que concentra muitos serviços e também boemia.

Jardim da Penha completou 50 anos de fundação em 8 de outubro deste ano e todo seu passado está vivo na memória de muitos moradores, como a aposentada Cremilda da Penha Teixeira Lemos, de 71 anos. “Quando nós viemos para cá só tinha areia e mato e aquelas trilhas que iam da Ufes até a praia”, lembrou Cremilda, que mora em uma das casas construídas naquela época.

Em 1968, a região era uma área plana e verde que continha vegetação de restinga e Mata Atlântica. Era comum encontrar bromélias, cajueiros, goiabeiras, palmeiras e orquídeas por toda a parte. De lá, era possível avistar o Convento da Penha, Vila Velha. Por isso, o local logo começou a ser chamado de Jardim da Penha.

Antes do início das construções, o local já havia sido loteado. Teve início em 1928 com o loteamento para veraneio próximo à praia. Na década de 50, a Empresa Capixaba de Engenharia e Comércio idealizou a área inspirada no traçado da cidade de Belo Horizonte, segundo a Prefeitura de Vitória.

“O antigo nome era Praia de Maruípe, porque o Rio Maruípe desaguava lá. Só que tinham que anunciar no jornal um nome que ajudasse a vender os lotes para veraneio e chamaram de loteamento Camburi. Aí a praia na altura do bairro mudou de nome”, lembra o historiador Fernando Achiamé.

Depois da urbanização com as 106 casas, entrou em cena a construção de conjuntos habitacionais financiados por cooperativas, em 1969. O consultor Dermival Ivan Martins, 67, comprou um desses apartamentos.

“Eu trabalhava em uma financeira e através da cooperativa dos bancários eu comprei meu apartamento. Aqui a gente ficava feliz o aparecimento de mais pessoas porque era o progresso chegando a Jardim da Penha. Foi uma coisa saudável e organizada”, relata Dermival, que hoje gosta de curtir e relaxar nos bares da região.

Hoje, a população de Jardim da Penha se assemelha a cidades do interior do Espírito Santo; Alegre, por exemplo, tem 30 mil habitantes, tal qual o bairro de Vitória.

O local é ocupado principalmente por funcionários públicos, universitários e profissionais liberais. O comércio é autossuficiente com supermercados, lojas, padarias, farmácias, bancos, escolas, creches e bares.

Ao falar sobre Jardim da Penha, Cremilda e Dermival são bem bairristas. Se orgulham das facilidades que o local oferece. Diferente do passado, em que o pão era comprado em Goiabeiras, haviam poucas linhas de ônibus e faltava até lugar para diversão. Inclusive, foi para dar lugar à boemia que os moradores das 106 casas criaram o Clube 106. “Foi criado em 1976. Tinha 105 sócios e uma sócia. Hoje um bairro que têm vida própria”, afirma Cremilda.

Crianças brincam em pracinha na década de 80. (Arquivo)

PRACINHAS DA REGIÃO SÃO A MARCA DO BAIRRO 

Quem chega a Jardim da Penha pela primeira vez costuma comparar o bairro a um labirinto. Fato que já rendeu diversas brincadeiras nas redes sociais. Em seu traçado, quatro principais praças se destacam, pois dão acessos a muitas ruas.

“As pessoas se assustam porque de cada praça saem várias ruas”, disse antigo morador Dermival Ivan Martins.

Se estiver perdido no bairro é só perguntar onde fica a pracinha do Epa (Regina Frigeri Furno), da locadora (Phílogoniro Lannes), do Carone (Wolghano Neto) ou da bocha (Aníbal Antero Martins). Elas possuem nome oficial, mas são conhecidas pelos pontos de referência.

Se hoje as praças deixam os visitantes um pouco perdidos, elas também fazem parte da memória afetiva dos moradores. Uma particularidade de Jardim da Penha é que os primeiros prédios não possuem áreas de lazer e, por isso, as praças historicamente são espaços de convivência e interação.

“Os primeiros empreendimentos não tinham essa preocupação com áreas de lazer. É um conceito mais atual. Naquela época, faziam os prédios e vagas de garagem. E a utilização das praças era realmente importante para os moradores da região”, explicou o presidente do Inocoopes, cooperativa responsável pela construção dos primeiros condomínios, Aristóteles Costa Neto.

A funcionária pública aposentada Vera Nancy Borges, de 83 anos, cuidou por 32 anos da praça da Rua Maria Eleonora Pereira, localizada em frente à Associação de Moradores de Jardim da Penha, e foi quem solicitou, nos anos 80, a construção de um playground com balanços e escorregador para que o lazer das crianças fosse garantido.

Durante todos esses anos, a moradora costumava abrir e fechar o playground para manter o local bem conservado. “Eu fazia as pessoas cooperarem para deixar sempre o playground em boas condições. Pedia para que não deixassem animais entrarem e não quebrassem os espaços. As pessoas costumavam até me dar razão”, afirmou.

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A dona de casa Angélica Zaretta Dal Col, de 40 anos, é moradora do bairro há 29 e até hoje utiliza as praças. “Tem aula de futebol para crianças, aeróbica para os adultos e idosos, entre outras atividades que atendem a todas as faixas etárias”, diz.

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