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Para economizar com gasolina, capixabas aderem às bicicletas motorizadas

Para economizar com gasolina, capixabas aderem às bicicletas motorizadas

O professor Camilo Bueno chegava a gastar R$ 1 mil por mês com gasolina e estacionamento. Com a bicicleta motorizada ele anda 50km com um litro de combustível, em menos tempo

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 16:42

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O professor Camilo Bueno comprou a bicicleta motorizada neste mês e já comemora economia de tempo e dinheiro. (João Rocetti)

No meio de um engarrafamento, você sozinho dentro do carro já se pegou pensando que se estivesse a pé chegaria mais rápido no destino final? E se estivesse de bicicleta então? Muitos moradores de Vitória estão trocando o ônibus ou carro por meios mais rápidos e muito mais econômicos de se locomover pela capital capixaba.

A reportagem do Gazeta Online foi para as ruas em busca dos capixabas que deixaram o carro na garagem por opção e encontraram meios alternativos de chegar ao trabalho. Um dos que encontramos no caminho foi o professor Camilo Bueno, de 52 anos, que comprou há poucos dias uma bicicleta motorizada para fugir do trânsito e reduzir os gastos.

Bueno revela que chegou a gastar apenas com combustível e estacionamento quase R$ 1 mil por mês. "Eu comprei essa bicicleta tem cinco dias, mas já estou vendo muitos benefícios. Moro em Jardim Camburi e trabalho no bairro República e na Praia do Canto. Nesses primeiros dias, já percebi que fiz o trajeto em menos tempo. Com um litro de gasolina, que já chegou a custar R$ 5, eu ando 50 quilômetros. Dá para eu usar um litro por dois dias. É uma economia enorme", conta o professor.

Camilo reforça que a economia vai ser ainda maior depois que ele quitar a bicicleta. "Mês passado eu paguei R$ 283 só de parquímetros e estacionamento com o carro. A bicicleta eu comprei em uma promoção na internet por R$ 1690, dividida em 12 meses já com o frete. Mesmo eu pagando essas parcelas e gastando com o combustível da bicicleta, vou economizar muito em relação ao carro".

O analista de sistemas Rafael Nascimento, de 36 anos, tenta fugir do trânsito de Vitória há bastante tempo. Ele mora em Goiabeiras, trabalha na Enseada do Suá e diariamente pegaria trânsito de carro nesse trajeto. "Eu tinha um patinete elétrico, mas eu resolvi comprar a bicicleta movida a gasolina por causa da autonomia da bateria dele. Estou usando a bicicleta há dois meses", conta.

Rafael comemora a economia que a bicicleta motorizada está proporcionando. "É um transporte alternativo, que me ajuda a fugir do trânsito e também do preço alto da gasolina. Gasto por mês com ela uns R$ 40, e a manutenção é quase zero. De ônibus eu gastaria uns R$ 160, e se fosse de carro um tanque e meio a dois tanques por mês. De bicicleta, gasto 20 minutos de casa para o trabalho."

O analista de sistemas Rafael Nascimento sai do bairro Goiabeiras, onde mora, e vai para a Enseada do Suá com bicicleta motorizada trabalhar. (João Rocetti)

Muitas pessoas quando pensam em bicicleta, logo se enxergam suando. Suor, porém, não é realidade de quem anda com as motorizadas e elétricas. O advogado Ricardo Medina, de 44 anos, que tem uma bicicleta elétrica cuja autonomia é de 35 km, usa o equipamento para ir ao escritório trabalhar na Enseada do Suá. 

"Tenho que usar roupa social e não chego suado. Além disso, tenho certeza do tempo que eu vou gastar. Com o carro, ora você chega em um horário, ora em outro. Eu gasto entre oito e dez minutos para chegar ao escritório. Por mês, acho que economizo uns 200 reais. A bateria dura 35 km e recarrega em 12 horas. Para mim, a bateria dura entre três e quatro dias", conta o advogado. 

A bicicleta elétrica de Ricardo Medina chega a 25 km/h e custou R$ 3,5 mil. "É a mais barata deste tipo de modelo. Para a reta é ótima. Sempre quando dá, busco minha filha na escola com ela", acrescenta.

O professor de geografia Vitor Bressa, que foi quem indicou a bicicleta motorizada para o também professor e colega de trabalho Camilo Bueno, conta que o transporte em duas rodas foi uma ótima alternativa para s

ua rotina. 

"Eu precisei vender meu carro por conta de questões financeiras e vi na bicicleta elétrica uma ótima saída para eu ir para o trabalho. Como moro na Praia do Suá e dou aula na região de Cidade Continental, na Serra, consegui manter meus compromissos e ainda gastar menos tempo no trajeto. A economia nem se fala. Gastava em média R$ 20 a cada dois dias com gasolina para o carro. Agora gasto R$ 15 por semana com a bicicleta. E olha que eu paguei R$1,2 mil por ela", conta o professor. 

EMPREENDEDORISMO 

Bicicleta elétrica idealizada por grupo de amigos capixabas. (Divulgação Instagram)

Conversando com amigos, o médico Felipe Costa decidiu que iria comprar uma bicicleta elétrica para se locomover pela cidade. Mais tarde, eles chegaram a conclusão que o melhor seria montar suas próprias bicicletas. Um dos amigos engenheiro elétrico elaborou seis unidades. As "magrelas" fizeram tanto sucesso que eles acabaram investindo e fazendo mais modelos para a venda.

"Há uns anos a gente se organizou, comprou as peças e um amigo nosso montou as bicicletas. Desde então eu vou para o trabalho no meu consultório e no Hospital da Polícia Militar com a bicicleta elétrica. O melhor é que eu sei exatamente o tempo que vou gastar no trânsito. Não é como carro que a gente fica sem saber quanto tempo vamos ficar presos no engarrafamento. Como ela tem garupa, eu e minha esposa também temos o costume de sair para jantar, ir num barzinho, e nos locomovemos tranquilamente. Já fizemos mais dez bicicletas que já estão encomendadas para venda. Está sendo um sucesso", disse o médico.

As bicicletas elétricas dos amigos são vendidas por R$ 9mil. Elas chegam a 50 km/h e possuem autonomia de 35 km por carga. Para serem recarregadas levam três horas na tomada.

Outro exemplo de empreendedorismo desse mercado é de Lucas Starling Ambrósio, que é proprietário de uma loja online de patinetes elétricos de luxo e conta que tem tido boa aceitação do público consumidor no Espírito Santo. Ele já pensa em abrir uma loja física na capital.

Modelo de bicicleta elétricas vendidas pelo capixaba Lucas Starling em sua loja online. (Reprodução Instagram)

"O perfil dos nossos clientes é de pessoas que querem usar o patinete elétrico para ir trabalhar e economizar com o combustível. Três de nossos clientes venderam o carro e estão usando essa outra alternativa de locomoção. É uma mobilidade sustentável, com zero emissão de CO2", disse Lucas.

Os patinetes elétricos da loja online são recarregados em qualquer tomada, e demora cerca de 4 horas para a carga completa. O modelo mais caro da loja está saindo por R$8590,00. "Temos uma pessoa em Vila Velha que atende nossos clientes para manutenção. Mas até o momento não tivemos nenhum registro de defeito", reforça.

REGRAS DO TRÂNSITO

Sobre as regras que devem ser seguidas para as bicicletas elétrica e motorizadas, a Prefeitura de Vitória enviou a seguinte nota:

"A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran) informa que equipamentos de mobilidade individual, como bicicletas motorizadas e elétricas podem seguir em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, porém, com velocidade máxima de seis quilômetros por hora em áreas de circulação de pedestres, e de 20 quilômetros por hora em ciclovias e ciclofaixas. O órgão informa, ainda, que é necessário que os veículos tenham uso de indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna. A Detran alerta também para a importância do uso equipamentos de proteção pelos ciclistas".

O diretor de habilitação e veículos do Detran-ES, José Eduardo de Souza Oliveira reforçou que veículos com velocidade de 50 km/h ou mais precisam serem emplacados e exigem dos condutores carteira de habilitação.

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"Se a velocidade dessas bicicletas ultrapassarem 50km/h elas vão precisar de emplacamento e o condutor vai precisar ter a ACC, que é uma habilitação. Se ele tiver a carteira A de moto também serve. Essas bicicletas elétricas e motorizadas, no entanto, não poderão andar na ciclofaixa e sim deverão ira para as vias públicas. Caso o condutor desobedeça essas regras, ele poderá ser multado em R$ 130,16, perder quatro pontos na carteira e terá a bicicleta removida. Se a bicicleta não precisar de pedalar para ligar, ela também se encaixa nessa situação da exigência da carteira e do emplacamento, bem como estar enquadrada com mais de 50 cilindradas", alerta o diretor do Detran.

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