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Quase metade das rodovias no ES tem problemas, aponta pesquisa

Quase metade das rodovias no ES tem problemas, aponta pesquisa

A situação é pior nas vias estaduais onde 66,3% estão em más condições

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 00:34

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Excesso de curvas perigosas "tirou pontos" de algumas rodovias. (Vitor Jubini)

Quase metade das rodovias que cortam o Espírito Santo apresentam problemas segundo a pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Considerando as vias estaduais e federais, 45,9% dos 1.731 quilômetros avaliados pelo estudo foram classificados como regular, ruim ou péssimo.

A Pesquisa CNT de Rodovias 2018 levou em conta as condições do pavimento, da sinalização e da geometria das vias. É justamente nesse último quesito, – que avalia o tipo de rodovia (pista simples ou dupla), a presença de faixa adicional de subida, pontes, curvas perigosas e acostamento – que as rodovias do Estado têm a pior avaliação. Quase 70% das estradas apresentaram problemas. A BR 262, por exemplo, famosa pelas muitas curvas perigosas onde acidentes são frequentes, foi avaliada como ruim.

Quase metade das rodovias do ES foram reprovadas em pesquisa da Confederação Nacional do Transportes

Em contraponto, o pavimento foi considerado bom ou ótimo em 58,2% dos trechos percorridos, com destaque para a BR 101, BR 259 e ES 490, que liga Marataízes a Cachoeiro de Itapemirim.

As condições das estradas avaliadas pela CNT. (Arte - Marcelo Franco)

Quando analisado o estado geral das rodovias, aquelas sob administração do Estado estão em pior situação, com 66,3% classificadas como regular, ruim ou péssima. Já dentre as rodovias federais, apenas 31% estão nessas condições.

Os trechos concedidos foram apontados como os melhores do Estado. Dentre os 532 quilômetros de rodovia sob contrato de concessão avaliados no Espírito Santo, apenas 4,7% estavam com algum tipo de deficiência.

PRECÁRIAS

 

O problema das rodovias está na forma como foram construídas, de acordo com o professor da Faesa e especialista em logística e transporte Manoel Rodrigues. Para ele, as estradas no país não foram feitas para durar e, por isso, estão em condições precárias. “As rodovias foram mal construídas e os pavimentos não têm a espessura adequada. A via apresenta falhas e precisa de muitas manutenções. Se tivéssemos estradas bem construídas, a manutenção seria apenas para revitalizar faixas e adequar a sinalização nas pistas.”

O especialista afirma que se o poder público não é capaz de fazer as melhorias, seria preciso buscar parcerias público-privadas para reverter a situação de um ciclo vicioso. “A estrada é mal construída e vai depender de manutenção. A manutenção é demorada porque tem toda a parte de licitação para contratação de uma empresa responsável para fazer o serviço. As estradas com problemas passam a entrar em uma lista junto com as que já estão ruins. Quando há um colapso em uma rodovia, é colocada uma camada de asfalto para conter a situação, mas aí chove e abre um novo buraco. Ou seja, quando termina um trecho, um outro aparece com problema”, explicou.

MELHOR

Ainda que longe de ser ideal, a situação encontrada pelos pesquisadores da CNT no Espírito Santo melhorou desde a última pesquisa. Em 2017, 67,7% dos trechos avaliados estavam com algum tipo de deficiência em seu estado geral.

Já entre as rodovias estaduais, 81% estavam regulares, ruins ou péssimas. O número caiu para 66,3% na avaliação deste ano.

R$ 292 MILHÕES PARA REPAROS

A Pesquisa CNT de Rodovia 2018 apontou ainda que são necessários R$ 292,48 milhões para as ações emergenciais de reconstrução e restauração das estradas que cortam o Espírito Santo. A verba também inclui gastos com a implementação de sinalização adequada.

O relatório aponta que 23 quilômetros precisam ser totalmente reconstruídos, o que acarretaria um custo de R$ 53,68 milhões. Já outros 199 quilômetros precisam de restauração, ou seja, apresentam trincas, buracos, ondulações ou afundamentos. Para esses trechos, é necessário um investimento de R$ 238,30 milhões.

Além disso, a entidade recomenda que sejam utilizados R$ 261,49 milhões para obras de manutenção em regiões que hoje estão apenas desgastadas, mas não apresentam danos graves.

Ainda de acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2018, somente os problemas no pavimento das estradas geram um aumento médio de 20,2% no custo operacional do transporte.

A CNT avalia que rodovias deficientes reduzem a segurança viária, aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios.

DER: "MALHA RODOVIÁRIA PRECISA DE REPAROS"

 

A situação das rodovias estaduais do Espírito Santo melhorou, aponta o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-ES). Apesar de 66,3% dessas estradas serem consideradas regulares, ruins ou péssimas na Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) de Rodovias 2018, no ano passado esse número era ainda maior: 81,2%.

“Embora esse número esteja longe do ideal, tivemos uma melhora que é reflexo de um incremento nos investimentos de conservação rodoviária. Em 2016, foram investidos US$ 8,8 milhões (cerca de R$ 32,4 milhões) e, em 2017, foram

US$ 12,3 milhões (aproximadamente R$ 45,3 milhões)”, pontuou a Engenheira de Tráfego do DER-ES, Lucélia Fehlberg.

A pesquisa da CNT fez uma amostra de 730 quilômetros de rodovias estaduais no Estado. No entanto, Lucélia pondera que essa quilometragem não chega a um quarto das estradas sob a administração do DER-ES. “Nós temos aproximadamente 3.600 quilômetros de rodovias pavimentadas.”

Ainda segundo Lucélia, no ranking nacional, considerando as rodovias estaduais e federais que estão em boas e ótimas condições, o Espírito Santo saiu do 17º lugar para a 5ª colocação no Brasil.

“Parte desse avanço se deu na melhoria das condições de algumas rodovias estaduais administradas pelo DER-ES, principalmente as obras de restauração do pavimento e sinalização na ES 257, em Aracruz, e nas obras de restauração e duplicação na ES 482, em Cachoeiro de Itapemirim”, explicou.

Lucélia explicou também que as condições das rodovias estaduais estão relacionadas com o tempo que foram construídas. De acordo com ela, cerca de 52% das estradas foram pavimentadas há mais de 30 anos.

“Temos uma malha rodoviária envelhecida que precisa passar por um processo de restauração. O DER-ES está buscando captar os recursos para fazer esse rejuvenescimento das rodovias. Na medida que faz restauração e recuperação dos trechos antigos, menos problemas são apresentados. A gente deixa de fazer aquela operação tapa-buraco para fazer uma recuperação mais duradoura.”

Investimento

A recuperação da rodovia acompanhada de serviços de conservação custa em torno de R$ 800 mil por quilômetro, segundo Lucélia. Portanto, para recuperar as estradas que estão em condições precárias seria preciso um investimento de aproximadamente R$ 1,6 bilhão.

“Estamos falando de uma recuperação adequada. Esse dinheiro ainda não existe, mas tem como existir. Talvez não todo de uma vez, o que fazemos é priorizar. Vamos priorizar 700 quilômetros que estão em situação mais crítica.”

As rodovias ES 010, na Serra; a ES 080, em Cariacica; a ES 484, em Bom Jesus do Norte; e a ES 446, em Baixo Guandu são algumas das estradas estaduais classificadas como ruins na pesquisa da CNT.

DNIT AVALIA DADOS

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O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-ES), responsável por vias federais, informou que ainda vai avaliar os dados da pesquisa divulgada ontem pela CNT. O órgão disse também que vem se empenhando em mudar as condições das vias federais no Estado e que 69% delas estão em ótimas ou boas condições.

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