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Tragédia em Linhares: pai e avó de Kauã serão ouvidos pela Justiça

Tragédia em Linhares: pai e avó de Kauã serão ouvidos pela Justiça

Audiência marca o início do processo do julgamento do caso que chocou o Estado, quando dois irmãos foram brutalmente assassinados, queimados ainda vivos, em Linhares

Publicado em 10 de outubro de 2018 às 00:36

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Os irmãos Kauã e Joaquim, mortos no dia 21 de abril na casa onde moravam com a família. (Facebook)

A primeira audiência do processo de julgamento do assassinato dos irmãos Kauã Salles Butkovsky e Joaquim Salles Alves foi marcada para a tarde desta quarta-feira (10), na 1ª Vara Criminal de Vitória, no Centro. O pai de Kauã, Rainy Butkovsky, e a avó paterna do menino, Marlúcia Butkovsky, serão ouvidos na audiência, marcada para começar às 13 horas. 

"Não sei nem como vou responder (o que for perguntado na audiência)", disse, emocionada, a avó do menino em entrevista ao Gazeta Online. Apesar da dificuldade para depor em razão da emoção e tristeza, Marlúcia reforça que o início do processo de julgamento é a chance de se fazer justiça pela morte do neto.

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Justiça é o que a gente mais quer, além de mudança urgente nas leis para impedir que monstros cometam crimes como esse

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Procurada pela reportagem para saber o motivo da primeira audiência acontecer em Vitória, não em Linhares, a assessoria do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) respondeu que não tem informações sobre o processo, pois ele tramita em segredo de justiça. No entanto, a audiência de instrução e julgamento está marcada para o próximo dia 23, no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, cidade onde os crimes ocorreram. Neste dia, o pastor Georgeval Alves Gonçalves e a pastora Juliana Salles serão colocados frente a frente pela primeira vez, desde que foram presos. Como o caso segue sob sigilo, as audiências serão fechadas para o público e a imprensa.

INCÊNDIO E MORTES

Imagem mostra interior da residência onde os irmãos Kauã e Joaquim morreram carbonizados. As fotos fazem parte do processo criminal que culminou com a prisão do pastor George Alves, acusado de ser o autor do crime. (Reprodução)

Os irmãos foram assassinados no dia 21 de abril deste ano, na casa onde moravam com a mãe e George, em Linhares, região Norte do Estado. Segundo o inquérito policial, George teria estuprado e agredido o filho Joaquim e o enteado Kauã até os dois ficarem desacordados, e depois teria colocado fogo nos meninos ainda vivos. O pastor está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II, na Grande Vitória, desde 28 de abril, uma semana após a tragédia.

George também responde a outro processo por estupro. Uma mulher que trabalhou no salão de beleza que ele mantinha em Linhares procurou a 16ª Delegacia Regional de Linhares após a conclusão do inquérito policial que investigava a morte dos irmãos para denunciá-lo por estupro. O MPES denunciou o pastor à Justiça pela acusação da vítima. O crime teria acontecido em 2015, quando George trabalhava como cabeleireiro.

Momento em que George foi preso. (Brunela Alves | Gazeta Online)

Já Juliana, mãe dos meninos, é acusada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de “conduta omissiva” que culminou na morte dos filhos. Ela foi detida em 19 de junho em Teófilo Otoni, Minas Gerais, e foi transferida para o Centro Prisional Feminino de Cariacica no dia 14 de julho. O casal é acusado de duplo estupro de vulneráveis, duplo homicídio e fralde processual. Além disso, o pastor vai responder pelo crime de tortura.

Em sua decisão para prender Juliana, o juiz André Dadalto, da 1a Vara Criminal de Linhares, afirmou que o casal pretendia usar as mortes de Kauã e Joaquim para ganhar notoriedade e ascensão religiosa, além de “aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis”. Ainda de acordo com o magistrado, a pastora sabia dos abusos sexuais que os filhos teriam sofrido nas mãos de George e que ela apoiava os planos do marido se promover na igreja.

Juliana e George lideravam o templo da Igreja Batista Vida e Paz em Linhares. O pastor chegou a ministrar um culto no dia seguinte da morte de Kauã e Joaquim, mas ele e a esposa teriam se afastado da liderança do templo pouco depois. Hoje, a igreja é liderada por outro pastor e continua em funcionamento no município. Há ainda outros templos em cidades de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. A sede fica em Governador Valadares (MG).

Pastora Juliana Sales presa em MG. (Umberto Lemos | InterTV)

OUTRO LADO

Os advogados que fazem a defesa dos pastores foram procurados pela reportagem na tarde desta terça-feira (09). No entanto, não atenderam nossas ligações e nem responderam nossas mensagens.

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