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Vitória tem um semáforo a cada 360 metros

Vitória tem um semáforo a cada 360 metros

Capital tem a menor distância entre equipamentos da Grande Vitória

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 23:47

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Veículos aguardam fileira de semáforos mudar para sinalização verde para liberar passagem na Avenida Desembargador Santos Neves, Praia do Canto. (Vitor Jubini)

Motoristas que circulam por Vitória se deparam com um semáforo a cada 360 metros. Essa é uma média levando em conta que a Capital possui, ao todo, 1.745 equipamentos espalhados pela cidade. A situação é diferente de outros municípios da Grande Vitória. Em Vila Velha, por exemplo, a população esbarra com um equipamento a cada 616 metros.

Esse intervalo é ainda maior na Serra, já que as pessoas encontram por lá um semáforo a cada 2,72 km. A realidade do município, inclusive, se parece com a da maior metrópole do país, São Paulo, que, em média, possui um semáforo a cada 2,62 km.

Cariacica não entrou no levantamento da reportagem, pois informou que não tem dados sobre a quilometragem da malha viária.

O intervalo entre os semáforos em Vitória é ainda menor em vias de grande circulação como a Reta da Penha e a Avenida Dante Michelini. Na primeira, que tem apenas três quilômetros de extensão, são 18 equipamentos ao todo. Na via, há dois semáforos, inclusive, entre os quais a distância não chega a ser de 100 metros. A informação foi constatada pela reportagem, que percorreu a avenida.

Já na Dante Michelini, que tem menos de cinco quilômetros de extensão, existem 15 equipamentos em cada sentido da via. Em pelo menos dois pontos os intervalos são 100 metros de distância um do outro.

Essa quantidade de semáforos na Capital, segundo o secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, Luiz Paulo de Figueiredo, é considerada normal. “Temos conflitos entre pedestres e carros que precisamos contornar. Em ruas dentro dos bairros, quando podemos, colocamos rotatórias. Mas nem todos os conflitos podem ser resolvidos assim”, explica.

Já em relação à Vila Velha, o secretário de Defesa Social e Trânsito do município, Oberacy Emmerich Júnior, considera alto o número de semáforos na cidade. “Evitamos ao máximo fazer cruzamentos semaforizados. Atualmente só colocamos quando é indispensável. Além disso, fazemos consultas públicas.”

Para a secretária de Desenvolvimento Urbano da Serra, Mirian Soprani, a presença do semáforo é sempre um ponto crítico no viário. “Fazemos uma avaliação criteriosa para a instalação de um semáforo para evitar que cause uma retenção maior se for mal colocado. Tentamos resolver com a geometria da via, como a implantação de rotatórias.”

DADOS

Vitória

Semáforos

Ao todo, são 1.745 equipamentos na cidade.

Quilômetros

Segundo a Prefeitura de Vitória, o município possui 631 km de ruas, avenidas e rodovias.

Vila Velha

Semáforos

A cidade conta com 2 mil.

Quilômetros

Ao todo, são 1.232 km de vias em Vila Velha.

Serra

Semáforos

O município possui, ao todo, 607 equipamentos.

Quilômetros

A Serra tem 1.655 km de vias.

Comparativo

São Paulo

Em comparação, a maior metrópole do país, São Paulo, conta com 6.487 equipamentos e 17 mil km de vias, com um total de 6.487 cruzamentos semaforizados.

"MALHA DE TRÂNSITO DE VITÓRIA É MUITO CURTA"

A quantidade de semáforos em Vitória está relacionada com a geografia da cidade, segundo especialistas. Isto é, como a Capital é um município pequeno, com muitos cruzamentos, esses aparelhos são usados para disciplinar o trânsito e obrigar que os motoristas reduzam a velocidade.

“O motorista brasileiro não respeita a velocidade máxima permitida na via. O semáforo obriga ele a diminuir, que, por sua vez, reduz o risco de acidentes e atropelamentos”, explica o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Tarcísio Bahia.

Assim como Tarcísio, o professor da Faesa e especialista em logística e transporte Manoel Rodrigues defende que os semáforos melhoram a segurança no trânsito. “O semáforo é um mal necessário. Ele tem que arbitrar os conflitos entre os veículos e pedestres. A malha viária em Vitória que é muito curta.”

Na Grande Vitória, segundo os especialistas, não é possível fazer comparações. O engenheiro em trânsito Paulo Lindoso destaca que Vila Velha e Serra são cidades mais extensas. “O design da planta viária de Vitória é bem diferente. As quadras são muito curtas e precisamos dos semáforos toda vez que temos um cruzamento”.

Para Rodrigues, as rotatórias podem resolver alguns problemas, já que elas não param totalmente o tráfego de veículos.

“Embora ajude, o semáforo é altamente prejudicial ao tráfego. Em países desenvolvidos se usam muitos viadutos e túneis. Os cruzamentos não são feitos no mesmo nível, o veículo passa por baixo ou por cima nessas interseções complexas. Inclusive, a cidade de São Paulo é rica nessas alternativas. Chamamos de obras de arte de engenharia”, explicou.

Segundo Bahia, outra alternativa para reduzir a quantidade de semáforos são as vias de mão única. “Quando Vitória tentou implantar, a própria população foi contra. Em alguns bairros de Vila Velha foi implantado e deu certo”, pontuou.

Já em relação ao engarrafamento na Capital, Rodrigues pontuou que os semáforos não são os únicos culpados. Para ele, na Reta da Penha, por exemplo, o gargalo é a Praça do Cauê, em Santa Helena, que dá acesso à Terceira Ponte. “Grande parte do fluxo fica preso naquele joelho de 90 graus. Se houvesse uma via direto da Reta da Penha para Vila Velha, essa quantidade de veículos presos no trânsito diminuiria.”

A situação é percebida por quem circula na região. A advogada Carina Trevisan, que passa com frequência pelas principais vias de Vitória, destaca que a Reta da Penha é a que tem, de fato, um dos maiores problemas de fluidez. “O trânsito agarra mais ali, sempre há um pouco de retenção”, destaca.

FALTA DE SINCRONISMO

A falta de sincronia em semáforos volta e meia é alvo de reclamações da população. Em Vitória, a Reta da Penha, Dante Michelini, Desembargador Santos Neves e Rio Branco são algumas das avenidas que fazem os motoristas passarem raiva no trânsito.

“Percebo a falta de sincronia na Reta da Penha e Dante Michelini. São tantos semáforos que talvez seja até por isso que tenho essa sensação”, afirmou a advogada Carina Trevisan, que passa com frequência por essas vias devido ao trabalho.

Carina Trevisan e Sara Moraes Delfino, entrevistadas, reclamam da falta de sincronia do semafóro, na saída da Ilha do Boi. (Carlos Alberto Silva)

Essa situação, segundo a também advogada Sara Moraes, pode até ocasionar acidentes. “Em um cruzamento na altura da Curva da Jurema, na Enseada do Suá, é nítida a falta de sincronia. Isso prejudica o trânsito como um todo e pode até causar acidentes e infrações. Além disso, também acho que contribui para o desperdício de combustível.”

Segundo o secretário de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória, Luiz Paulo de Figueiredo, a sincronia é feita através de uma conta matemática que envolve a distância entre os semáforos e a velocidade dos veículos.

“Se a via é de 60 quilômetros por hora, a pessoa que estiver a 80, por exemplo, vai chegar no semáforo antes de ficar verde”, comentou.

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Ainda segundo ele, a sincronia também depende de quantos veículos vão passar entre os semáforos e da velocidade que esses motoristas estão. “A lógica matemática é perfeita, mas nem sempre o trânsito é. Há uma série de intecorrências que acontecem no caminho. O trânsito é dinâmico”, observou.

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