> >
Após chuvas, moradores perdem tudo e não têm para onde voltar no ES

Após chuvas, moradores perdem tudo e não têm para onde voltar no ES

Em todo o Estado, 327 pessoas ainda estão fora de casa

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 10:31

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

A chegada do sol, que voltou a brilhar na Grande Vitória neste domingo (11) foi sinônimo de alívio para muitos. Mas para as famílias que perderam tudo – inclusive suas próprias casas – em função das chuvas, a vida está longe de voltar ao normal. Em todo o Espírito Santo, 279 pessoas permanecem desalojadas, contando com a ajuda de parentes, e outras 48 estão desabrigadas, sem ter para onde ir.

Desde sexta-feira, Sara do Carmo de Freitas, 26, deixou para trás tudo o que tinha e mudou-se para a Igreja Batista Renovada Avida, em São Torquato, Vila Velha, onde um abrigo foi montado. Ela, quatro filhos e o marido moravam no Morro Boa Vista, na mesma cidade, mas sua casa foi destruída por pedras, árvores e lama, que deslizaram morro abaixo.

Com a filha bebê nos braços, a dona de casa ainda não sabe para onde ir. “Saímos só com a roupa do corpo. A assistente social veio conversar, mas temos que esperar o laudo da Defesa Civil”, conta.

Nos fundos da igreja estão abrigadas outros 28 moradores de Vila Velha em situação semelhante à de Sara, incluindo crianças, mulheres grávidas e um recém-nascido. Até a manhã de ontem eram 31, mas duas pessoas deixaram o local à tarde, segundo Thiago Pinto de Oliveira, que trabalha como voluntário.

Aspas de citação

Estamos precisando de materiais de limpeza, alimentos e roupas para bebês, pede ele. Na mesma cidade há ainda 110 pessoas desalojadas que estão nas casas de parentes e amigos.

Thiago Pinto de Oliveira
Aspas de citação
Após ter a casa destruída, Sara está no abrigo de Vila Velha com a família, incluindo a filha bebê. (Carlos Alberto Silva)

Em Vitória, informações da Defesa Civil Estadual dão conta da existência de 31 desalojados, além de 12 desabrigados, que foram acomodados no abrigo municipal, em Andorinhas. Lá, a família de Josilene, 37, tem passado os últimos dias. Eles moravam em uma casa de dois andares em Santa Tereza. Mas o local foi destruído pelo deslizamento de pedras.

Descalça, Josilene conta que nem mesmo roupas e sapatos puderam ser salvos. Sua cunhada, Sara Batista, 28, fala sobre a angústia: “É ruim ficar fora de casa. Não sabemos o que vai acontecer”, diz.

Na tarde de ontem, a família recebeu a ajuda do pastor Marcio Azevedo, que levou mantimentos, roupas e uma botija de gás. “Também estamos ajudando outra parte da família que está desabrigada, mas ficou no bairro”, conta.

Grupo que está no abrigo em São Torquato, Vila Velha. (Carlos Alberto Silva )

PROVIDÊNCIAS

A Prefeitura de Vitória afirma que obras emergenciais serão iniciadas hoje e que os desalojados deverão retornar às suas moradias após a conclusão dos trabalhos de contenção que serão realizadas nos locais. “Se for necessário, reparos também serão realizados nas casas dessas famílias”, garante.

A administração de Vila Velha não possui previsões sobre a data de retorno das famílias aos lares. “Esse tipo de confirmação depende de laudos técnicos da Defesa Civil Municipal. Provavelmente nesta segunda-feira (hoje) haja uma panorama mais concreto”, informou. Em relação ao pagamento do aluguel social, a prefeitura diz que a possibilidade será analisada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), que acompanhará os moradores.

Em Cariacica, 56 famílias estão desalojadas e foram levadas para casa de parentes, mas não há desabrigados. Já na Serra não há nenhuma ocorrência, segundo a prefeitura.

SAIBA COMO AJUDAR

Para ajudar o abrigo montado na Igreja Batista Renovada Aviva, localizada na Rua Pastor José Abraão, em São Torquato, Vila Velha, os voluntários podem ir diretamente ao local para doar roupas, alimentos e material de limpeza ou entrar em contato com o pastor Elson, pelo telefone: (27) 99971-2313.

Thiago reforça que o abrigo precisa de doações. (Carlos Alberto Silva )

PREVISÃO DE SOL ENTRE NUVENS COM PANCADAS DE CHUVA

Depois de seis dias de chuva intensa, que deixaram pessoas desabrigadas em todo Estado e causaram prejuízo milionário ao comércio, o sol voltou aparecer ontem, e a previsão é que o tempo continue mais firme hoje. Porém, pancadas de chuva devem ocorrer durante à tarde.

Hoje, além disso, espera-se que o sol apareça entre nuvens, mesmo assim a temperatura deve aumentar um pouco mais em relação aos últimos dias.

Na Grande Vitória, a previsão é que a temperatura mínima seja 21°C e máxima de 29°C. Nas demais regiões do Estado, os termômetro não devem passar dos 30°C. Hoje, a Região Serrana deve registrar a menor temperatura, quando os termômetros devem atingir os 16°C.

Enquanto a chuva reduziu, o vento deve soprar com mais intensidade, sobretudo no litoral da Grande Vitória. De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) as rajadas de vento podem ser de forte intensidade. O mesmo deve acontecer por toda extensão do litoral capixaba.

No nordeste do Espírito Santo, que vai de Aracruz a Conceição da Barra, a chuva deve ser mais presente. Espera-se que a região seja atingida por chuvas ocasionais ao longo do dia. Para as demais localidades, a previsão é que chova na parte da tarde.

PANCADAS DE CHUVA

A previsão para amanhã é que o sol apareça um pouco mais e são esperadas chuvas rápidas, a partir da tarde.

Para a próxima quarta-feira não há previsão de chuva para nenhuma hora do dia, em todo o estado. Então, é no meio da semana, véspera do feriado da Proclamação da República, que a temperatura aumenta um pouco mais.

NÚMERO DE MORTES SOBE PARA 15 EM NITERÓI

Até a noite de ontem, 15 mortes tinham sido confirmadas na tragédia de Niterói, no Rio de Janeiro. No sábado, 10 vítimas eram contabilizadas. A 15ª morte confirmada é de um menino de 3 anos de idade.

Arthur Caetano de Carvalho morreu, às 12h59m de ontem, após apresentar piora de seu quadro clínico e consequente parada cardíaca, com múltipla falência dos órgãos. Ele foi internado em estado grave e passou por cirurgias mas não resistiu. A irmã de Arthur, Nicole, de 10 meses, também está entre os mortos.

Ele e as outras 14 pessoas foram vítimas de um deslizamento de terra e pedras que aconteceu na madrugada do último sábado.

Sete pessoas da mesma família também morreram por conta do deslizamento. As vítimas tinham entre 80 e 9 anos de idade. O sepultamento das vítimas aconteceu ontem, no cemitério de Maruí, em Niterói.

TRAGÉDIA

Da noite de quarta-feira até sexta-feira, fortes chuvas atingiram o Estado do Rio. Pelo menos nove casas foram atingidas pelo deslizamento no Morro da Boa Esperança, na chamada região oceânica de Niterói, mais afastada do Centro da cidade. Moradores relataram que o acidente ocorreu por volta das 4 horas da manhã. O Corpo de Bombeiros do Rio foi acionado às 5h08.

Este vídeo pode te interessar

Segundo Claudio dos Santos, presidente da Associação de Moradores do local, algumas das casas atingidas já estavam interditadas pela Defesa Civil há um ano, mas seus donos se recusavam a deixá-las.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais