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Brincadeira com isqueiro é provável causa de incêndio que matou menino

Brincadeira com isqueiro é provável causa de incêndio que matou menino

O resultado da perícia do Corpo de Bombeiros foi divulgado nesta quarta-feira (14)

Publicado em 14 de novembro de 2018 às 15:31

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O pequeno Yuri, de 4 anos, morreu durante o incêndio em Vitória. (Arquivo Pessoal)

O resultado da perícia do Corpo de Bombeiros sobre a morte do menino Yuri, de 4 anos, durante um incêndio em um quitinete, no Bairro República, em Vitória, foi divulgado na manhã desta quarta-feira (14). Segundo informações dos bombeiros, as declarações da mãe da criança são compatíveis com a simulação realizada pela corporação. Imagens de videomonitoramento, amostras recolhidas no local e o laudo cadavérico feito no corpo do menino também reforçam o depoimento.

Aos bombeiros, a mãe contou que o incêndio começou em um colchão em cima de uma cama box, que ficava no quarto. Ela estava na cozinha quando percebeu a fumaça saindo do cômodo. Em seguida, viu o filho, que sobreviveu à tragédia, com um isqueiro na mão. "Os pais disseram que os filhos tinham o costume de brincar com isqueiro", afirmou um dos responsáveis pela perícia, o 2º Tenente Vitor Breda.

Depois, a mãe avistou o colchão pegando fogo e tentou apagar as chamas com um pouco de água. Nisso, o filho mais velho entrou no banheiro e se trancou. Sem conseguir acabar com o incêndio, a mulher tentou retirar o colchão do quarto, mas não conseguiu. O colchão ficou na divisória entre o quarto e a cozinha.

Brincadeira com isqueiro é provável causa de incêndio que matou menino

Na simulação, os bombeiros concluíram que a temperatura ficou elevada rapidamente - de 3 a 4 minutos - e a quantidade de fumaça era intensa, levando-se em conta o tamanho reduzido do local. O pai da criança e um vizinho tentaram salvar o menino, mas não conseguiram.  

"Segundo relato da mãe, o menino tinha o costume de se trancar no banheiro. O ambiente se tornou incompatível para a presença de uma pessoa ali e também tem que levar em conta a questão emocional. O pai tentou entrar três vezes com um cobertor, mas não conseguiu. Os bombeiros usam vestimentas adequadas e ainda assim encontraram dificuldade para entrar no espaço", explicou Breda. 

A perícia dos bombeiros, assim como o laudo cadavérico, confirmaram que Yuri morreu por inalação de fumaça e que ele já estava sem vida no momento em que o corpo foi encontrado trancado no banheiro.

"Quando o fogo chegou ao banheiro, ele já estava morto. Ele teve poucas queimaduras no corpo", ponderou Breda, que reforçou que tinha carbono até no chão do banheiro.  

TESTE FEITO COM ISQUEIRO E CRIANÇA 

Os bombeiros utilizaram o irmão de Yuri - de três anos - para comprovar a possibilidade da brincadeira com o isqueiro ter causado o incêndio. Segundo Breda, a perícia deixou um isqueiro na mão do menino para checar se ele conseguia acionar as chamas e para ver se ele conseguia colocar fogo em uma folha de papel, por exemplo. 

"Esse teste foi interessante, para verificar se a criança de três anos conseguiria manter as chamas e colocar fogo em um sofá, cama ou no colchão, em uma cama ou colchão, como supostamente foi passado. Posteriormente foi observado ele tentando colocar fogo em um sofá. Consideramos, então, a hipótese mais provável", reforçou. 

COMBUSTÍVEL NÃO ENCONTRADO 

A perícia do Corpo de Bombeiros também confirmou que nenhum agente combustível acelerador, como gasolina ou álcool, foi detectado no local. Mas  no quarto havia material de fácil combustão, como roupas, caixas e a própria cama box com um colchão, indicado como o foco inicial do incêndio. 

"Retiramos amostras e encaminhamos para o laboratório da Polícia Civil. Nenhuma das amostras mostrou agentes acelerantes, isso dando compatibilidade com as declarações prestadas pelas testemunhas, com o que vimos no videomonitoramento do corredor e com as marcas de combustão no local", explicou o tenente-coronel Andrison Cosme. 

O laudo dos bombeiros será entregue à Polícia Civil, que irá concluir as investigações sobre o caso. "O nosso objetivo não é indicar a autoria, mas a origem e a propagação do incêndio", reforçou Breda. A Polícia Civil foi procurada e informou que o caso segue sob investigação da Delegacia de Polícia de Goiabeiras. "Outras informações só serão divulgadas após a conclusão do Inquérito Policial", completou.

O prédio precisou ser interditado pela Defesa Civil após o incêndio . (Internauta/Gazeta Online)

LOCAL AINDA INTERDITADO 

O prédio no Bairro República, em Vitória, continua interditado pela Defesa Civil Municipal. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o local não possui alvará e outras medidas de segurança não foram tomadas, como a disponibilização de um sistema hidráulico com mangueiras para o combate às chamas e o tipo de escada não era adequado. 

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"No início das investigações foi feita uma notificação pela equipe de fiscalização, que foi ao local. Tem um prazo de defesa e uma multa pode ser aplicada. Pelas condições atuais não está preparado. A laje da quitinete acabou sofrendo impacto estruturais e tem uma carga acima, de uma piscina", pontuou Cosme.

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