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Chuva no ES: parece 2013, mas não é

Chuva no ES: parece 2013, mas não é

Inundações e deslizamentos lembram período de mais estragos

Publicado em 10 de novembro de 2018 às 11:24

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Rua João Francisco Gonçalves em Cobilândia. ( Vitor Jubini )

A chuva dos últimos dias, os estragos que ela tem promovido e o número de alertas de risco – já são 39, sendo 6 de nível mais elevado – trouxeram de volta aos capixabas lembranças da tragédia de 2013, que levou destruição a todo o Estado. O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Alexandre Cerqueira, garante que há diferenças em relação ao que se viveu no passado, principalmente quanto à intensidade das chuvas. “Os mais de 100 milímetros que choveram em algumas cidades ontem caíam em uma hora naquela época”, contou.

Mas o que se assemelha é o sofrimento da população, principalmente da Região Metropolitana, que volta a viver o mesmo drama a cada período chuvoso. O que deixa claro que há problemas de falta de planejamento e de ações preventivas por parte do poder público, e até da população, como destaca o engenheiro ambiental e professor do Ifes, Elvis Pantaleão Ferreira. “Se o calendário já nos informa quando tem início o período chuvoso e estas cenas se repetem, algo esta errado e está deixando de ser feito”, ponderou.

Se repetem cenas como a vivida por Roger Dias Bicalho, comerciante e morador de Jardim América, cuja casa estava alagada. “Sempre que chove é mesma situação. Moro aqui há 35 anos e já vi vários alagamentos. Todo ano é mesma coisa”, relatou.

Balanço

Dos 78 municípios capixabas, 73 enfrentam dificuldades com a chuva. Em 12 deles, a situação é mais grave por registrarem índices superiores a 100 milímetros. Aracruz com quase o dobro deste total, está com 48 desabrigados em decorrência do transbordamento do rio, de deslizamento de encostas e quedas de muros. Segundo o balanço da Defesa Civil Estadual, até às 19h de ontem, 240 famílias estavam fora de suas casas.

Por toda a Região Metropolitana, o que se registrou foram ruas e avenidas alagadas, bairros ilhados, aulas suspensas, atendimento médico cancelado, casas, comércio e motel tomados pela água. Apesar dos estragos em Vitória, que possui 6 mil pessoas em área de risco e onde até as pistas do novo aeroporto ficaram alagadas, a situação foi ainda pior em Vila Velha, Cariacica e Viana.

Em Vila Velha recém-nascidos e suas mães foram resgatados em um caminhão do alagado Hospital de Cobilândia. Vivian dos Santos Rodrigues, que tem uma loja no bairro, tentou salvar alguns móveis, sem êxito. “O bairro inteiro está alagado”, contou. Por lá o Exército foi acionado e ajudou a retirar os moradores ilhados. Outros foram resgatados com os barcos do Corpo de Bombeiros, como o casal Gildo Lopes, 54, e Sandra Pereira, 55. “Fui no supermercado e quando saí a rua estava inundada”, comentou.

Em Cariacica, o Rio Formate transbordou invadindo casas em Vila Rica. Em Porto de Santana houve deslizamento de terra. No interior, em Itapemirim, Sul do Estado, chapas de granito foram destruídas por deslizamento de terra. Em Aracruz até abastecimento de água foi interrompido.

São situações, segundo o professor Pantaleão, que revelam que os problemas são maiores nas áreas urbanas, onde o desrespeito com o meio ambiente é maior e onde os municípios precisam investir em medidas estruturantes. “Por exemplo, precisam desassorear os corpos hídricos, evitar construções que invadam os rios, em suas proximidades, além de investir em micro e macrodrenagem e em educação ambiental.”

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Mas o professor ressalta que a população também precisa fazer a sua parte. “Não podemos só culpar o poder público. Todos nós temos responsabilidade com o meio ambiente e a sua preservação. Por exemplo, lixo descartado de forma inadequada ajuda a causar entupimentos e alagamentos”, destacou.

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