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Com saída de médicos cubanos, pacientes temem demora no atendimento

Com saída de médicos cubanos, pacientes temem demora no atendimento

Pacientes atendidos na Serra, por exemplo, elogiam os profissionais cubanos e temem que atendimentos sejam prejudicados após a saída dos médicos

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 19:22

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Com a previsão da saída de médicos cubanos do Espírito Santo, já nos próximos dias, devido ao rompimento de Cuba com o Programa Mais Médicos, pacientes nas unidades de saúde temem que o atendimento possa ser prejudicado. Na Serra, por exemplo, 30 médicos cubanos devem deixar o município de uma só vez nos próximos 40 dias.

A medida acontece após o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciar que vai exigir a revalidação de diplomas para os médicos cubanos que atuam no país e que eles recebam o valor integral dos salários de R$ 11.865,60, já que hoje cerca de 60% a 70% vai para o governo cubano investir nos serviços de educação, saúde, transporte e moradia, oferecidos de graça para a população de lá.

Em boa parte das unidades de saúde da Serra tem pelo menos um médico cubano. A dona de casa Edinilza da Silva Nascimento, de 30 anos, sempre leva as duas filhas, de 11 e de 8 anos, para ser atendida por um médico cubano na unidade de saúde de Taquara I, na Serra, e teme pela redução de médicos no município.

“O atendimento dele é bom, ele escuta a criança direito, até para mulher gestante era ótimo. Acho que pode acabar faltando médico. Se agora já faltam”, declarou.

O mesmo pensa a dona de casa Patrícia Tinelli, de 36 anos. As crianças, uma menina de seis meses e um menino de sete anos, são atendidos por médicos cubanos. “A médica atende a bebê muito bem, não tem nada a reclamar não. Ela dá toda a atenção, sem pressa. Se puder ficar duas horas com a gente dentro da sala ela fica. Ela dá mais atenção que muitos médicos brasileiros que vemos aqui”, ponderou.

MÉDICOS CUBANOS PREFEREM NÃO FALAR

A reportagem do Gazeta Online tentou, durante toda a manhã desta segunda-feira (19), conversar com médicos cubanos nas unidades de saúde da Serra, o município mais afetado com a saída dos médicos. Nenhum deles conversou com a reportagem. Em um contato rápido, um deles, em Feu Rosa, disse que ainda não estava decidido sobre o que iria fazer, mas não quis dar mais detalhes sobre a situação.

No município da Serra há médicos em vários bairros com alta vulnerabilidade social, como Feu Rosa, Vila Nova de Colares, bairros mais pobres da região de Jacaraípe e em Nova Almeida. Em Taquara I, um dos médicos chegou a passar pelo processo de revalidação de diploma, segundo funcionários, por já ter três anos de atuação - como exigido no contrato.

Atualmente, 210 médicos cubanos atuam no Espírito Santo. No Brasil, de 16.150 médicos que atuam no Mais Médicos, 8.332 são cubanos.

PREFEITURAS AINDA NÃO DIZEM O QUE VÃO FAZER

Em Cariacica são 35 profissionais do programa Mais Médicos, sendo 7 cubanos. Com o encerramento da parceria com Cuba, segundo a prefeitura, cerca de 32 atendimentos serão prejudicados de imediato. A prefeitura afirmou que não foi contactada oficialmente sobre a saída, e por isso não é possível falar sobre contratações, mas disse que planeja o remanejamento de médicos, enquanto o Governo Federal não se posicionar. 

No município de Vila Velha, nenhum dos nove médicos saiu das unidades de saúde e continuam realizando atendimentos, de acordo com a prefeitura. O município afirmou, também em nota, que não terá posicionamento sobre a situação até que o Ministério da Saúde fale sobre a saída dos médicos cubanos.

Na mesma linha, a Prefeitura de Vitória também respondeu que ainda não foi contactada pelo Ministério da Saúde e que aguarda orientações para poder atuar. A administração afirmou que cinco profissionais continuam atuando nas unidades de saúde. 

A Prefeitura da Serra respondeu que, a partir desta segunda-feira (19), serão convocados 15 médicos do Programa Saúde da Família (PSF) do concurso público e 50 médicos de contrato, sendo que mais dois processos seletivos têm início nesta terça-feira (20). Um mapeamento do Mais Médicos para remanejamento está em andamento, e a prefeitura já solicitou à Câmara alteração da lei ampliando para 80 as vagas para médicos de 20 horas.

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Na semana passada, após o anúncio da saída dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos, o Ministério da Saúde informou que irá abrir um edital para contratar novos profissionais. Os candidatos brasileiros terão prioridade na convocação, como já ocorria nos editais anteriores.

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