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Samarco oferece dinheiro a cidades do ES para extinguir processos

Samarco oferece dinheiro a cidades do ES para extinguir processos

Linhares, Baixo Guandu e Colatina estão avaliando proposta

Publicado em 17 de novembro de 2018 às 12:49

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Lama do Rio Doce se encontra com o mar em Regência, Linhares. (Divulgação)

Trinta e nove municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo receberam uma proposta de dividir pouco mais de R$ 53 milhões como ressarcimento dos gastos extraordinários feitos em decorrência da tragédia de Mariana (MG). Porém, há contrapartidas como abrir mão de ações judiciais em curso.

A proposta foi encaminhada às prefeituras pela Fundação Renova, entidade criada para gerir a reparação de todos os danos causados na Bacia do Rio Doce, e detalha todas as contrapartidas.

No Espírito Santo, as prefeituras de Linhares, Baixo Guandu e Colatina, principais cidades afetadas pela lama, não revelaram quais valores foram propostos, apenas que receberam o documento e que estão avaliando a situação.

Baixo Guandu acrescentou que “existe uma longa negociação em curso, mas que não houve ainda liberação de recursos. A promessa é de uma verba de R$ 11,2 milhões para serem investidos em projetos relacionados à qualidade da água”, informou em nota. A prefeitura disse que está preparando projetos para fazer 100% do tratamento de esgotos da cidade.

O rompimento da barragem da mineradora Samarco completou três anos no último dia 5. O cálculo e ressarcimento dos gastos públicos extraordinários fazem parte de um dos programas previstos no acordo para reparação dos danos causados, firmado em março de 2016 entre a Samarco, suas controladoras Vale e BHP Billiton, a União e os governos de Minas Gerais e do Espírito.

Os gastos extraordinários incluem, por exemplo, a mobilização de funcionários da prefeitura além da jornada de trabalho, a contratação de serviços emergenciais e a aquisição de equipamentos para lidar com a tragédia.

Pela proposta da Fundação Renova, os 39 municípios atingidos repartiriam os R$ 53 milhões, sendo cerca de R$ 41 milhões apenas para as cidades mineiras e os outros R$ 12 milhões para cidades mineiras e capixabas.

Em nota, a Fundação Renova informou que já ressarciu 90% das despesas extraordinárias do governo federal e dos governos estaduais e que, para os municípios, foi adotada nova metodologia para calcular esses gastos, baseada na estimativa. Segundo a Fundação Renova, após a entrega dos documentos, o prazo para transferência dos recursos será de 30 dias.

Lama de rejeitos de minério atingiu o Rio Doce e mudou a paisagem de Colatina em novembro de 2015 . (Vitor Jubini)

Extinção de processo movido no Reino Unido

A ação movida no exterior é uma das que deveriam ser abandonadas, conforme a proposta da Fundação Renova. O processo foi aberto na Justiça do Reino Unido pelo escritório anglo-americano SPG Law e tem como alvo a mineradora inglesa BHP Billiton.

A SPG Law tem tradição em mover ações coletivas contra empresas multinacionais e obteve sucesso recentemente contra grandes representantes da indústria farmacêutica dos Estados Unidos. No caso da tragédia de Mariana, tanto pessoas físicas quanto jurídicas foram incluídas na ação. Para advogados do escritório, a tramitação no Reino Unido tende a ser mais rápida do que a que está no Brasil. No início do mês, eles anunciaram que houve mais de 250 mil adesões, entre elas empresas e prefeituras, além da Igreja Católica.

A cláusula 8 do termo de quitação proposto pela Fundação Renova às prefeituras menciona diretamente essa ação judicial. O pagamento a cada prefeitura ficaria condicionado à comprovação de que ela desistiu do processo no Reino Unido. Além disso, o município precisaria se comprometer a não abrir em jurisdições estrangeiras nenhum outro procedimento que esteja relacionado à tragédia de Mariana.

Ao tomar conhecimento da proposta, a SPG Law enviou mensagem às prefeituras alegando que o valor oferecido pela Fundação Renova, de R$ 53,3 milhões é inferior a 0,5% da previsão inicial de indenização que poderia ser obtida no âmbito da ação movida no Reino Unido. “A proposta de acordo encaminhada trata tão somente de indenização dos gastos extraordinários, não da indenização integral dos danos, como pleiteado perante o tribunal inglês”.

Ainda conforme o documento, a proposta fere a lei inglesa, pois foi apresentada após a notificação da ação.

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