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Sexualidade e gênero serão temas de aulas

Sexualidade e gênero serão temas de aulas

Assuntos estão em novo currículo escolar do Espírito Santo

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 00:50

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Sala de aula: novas orientações devem funcionar a partir de 2020. (shutterstock)

Gênero, sexualidade, diversidade religiosa e étnica. Temas que fazem parte do cotidiano das pessoas agora vão estar também em sala de aula. Alunos da rede pública e particular do Espírito Santo vão ter um novo currículo nas escolas e esses e outros assuntos vão ser discutidos por meio das diversas áreas de conhecimento.

São os chamados temas integradores, que serão apresentados não pela criação de uma nova disciplina, mas dentro do contexto de uma matéria já existente. Assim também será com ética, educação financeira, direitos humanos e mais uma série de assuntos contemporâneos. O novo currículo é voltado para a educação infantil e o ensino fundamental.

O documento foi criado tendo como uma das referências a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e apresentado ontem pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e entregue para avaliação do Conselho Estadual de Educação (CEE), que precisa aprová-lo antes de entrar em vigor. O órgão tem até o próximo dia 15 de dezembro para apresentar o parecer técnico sobre as propostas, que foram elaboradas com a participação de educadores.

O secretário estadual da Educação, Haroldo Corrêa Rocha, explica que o próximo passo será a preparação de um guia de implementação do currículo nas escolas. Os professores também vão passar por um processo de formação continuada e as escolas deverão revisar seus projetos político-pedagógicos para se adaptarem às novas exigências curriculares.

A previsão é que esse trabalho seja realizado ao longo de 2019 para que, no ano seguinte, as unidades de ensino já estejam aptas a iniciar o período letivo seguindo as novas orientações. Nesse processo, segundo Haroldo Corrêa Rocha, a realidade regional e as especificidades das escolas devem ser contempladas na consolidação do documento.

HABILIDADES

Além de desenvolver as habilidades previstas do ponto de vista de conteúdos, o novo currículo traz a necessidade de trabalhar com os alunos competências socioemocionais para que aprendam a lidar, entre outros aspectos, com frustrações, desafios e, assim, tornem-se mais autônomos. O secretário ressaltou ainda que cada vez mais os professores vão atuar com áreas de conhecimento, em vez de se especializarem em uma disciplina.

Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação no Espírito Santo (Undime-ES), Vilmar Lugão, destaca a importância da implementação efetiva do currículo pelas escolas, entre outros motivos porque as avaliações externas serão feitas com base nas diretrizes estabelecidas pelo documento. “E para que esse currículo tenha sentido, precisa haver um processo de formação continuada”, ressalta.

Esse é um trabalho que a rede particular já começa este mês, com um seminário para os associados do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), que vão replicar as informações nas escolas, segundo o presidente da entidade, Moacir Lellis. “Mas os professores precisam estar engajados. Só vai funcionar se eles abraçarem essa causa”, afirma.

PROCESSO

Doutora em Educação e professora da Ufes, Cleonara Schwartz concorda que a participação dos educadores é importante, porém não deveria ser considerada apenas nessa fase. Ela critica a maneira como o processo de elaboração do currículo foi feito, sem o envolvimento efetivo de educadores.

“Os professores que constituem o cotidiano da escola, que trabalham com os alunos os conhecimentos, só foram chamados no final. Assim, fica difícil criar uma expectativa de que eles vão se reconhecer nesse documento. Mesmo trazendo temas integradores, que são interessantes, penso que o currículo não poderia ter sido elaborado sem a articulação a um programação de formação dos professores”, conclui.

 

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