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'Tá na hora de juntar os cacos e formar um bonito mosaico', diz Dom Dario

"Tá na hora de juntar os cacos e formar um bonito mosaico", diz Dom Dario

O novo arcebispo falou da polarização política no país e afirmou que a divisão não leva a lugar nenhum

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 14:53

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O "alô" ao telefone já começou com um sorriso largo que se estendeu por toda conversa. Simpático e alegre, o novo arcebispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Dario Campos, conversou com a equipe do Gazeta Online logo após o anúncio feito pelo papa Francisco na manhã desta quarta-feira (7). 

 

Primeiro religioso negro nomeado para guiar a Arquidiocese de Vitória, Dom Dario falou que não esperava o convite do papa, mas que está de coração aberto para o novo chamado. Disposto ao diálogo, afirmou que intolerância religiosa não é de Deus e que a divisão não leva a lugar nenhum.

Sobre a polarização política que o país vive e chega até a Igreja Católica, respondeu esperançoso: "Tá na hora de a gente juntar os cacos e tentar formar um bonito mosaico (risos)". Veja a entrevista. 

Como o senhor recebeu a notícia de ser o novo arcebispo da Arquidiocese de Vitória?

Pois é, menina. Não estava nos planos. Não esperava isso não, viu. O papa Francisco pegou a gente de surpresa (risos). Ele comunicou no dia 22 de outubro, dizendo que seria publicado hoje. Então foi uma surpresa, mas a gente vai com disposição, com carinho, para atender o povo da Arquidiocese de Vitória e tentar trabalhar junto, sob a obediência e a orientação do nosso papa e formar essa igreja no Estado do Espírito Santo sob a orientação do nosso papa Francisco. E com a igreja do Brasil e a igreja do Mundo.

Quais são os desafios do senhor neste tempo à frente da arquidiocese?

Eu vou chegar em Vitória e eu conheço pouquíssima coisa. Eu conheço muito aqui o Sul do Estado. A gente chega com o coração aberto, para dialogar, conversar com todas as instâncias. E apoiado com esse povo de Deus, com as nossas comunidades eclesiais de base, com o povo que trabalha com a igreja, acho que vai dar muito certo, se Deus quiser.

O senhor é o primeiro arcebispo negro da Arquidiocese de Vitória?

Agora você me apertou (risos). Acho que sim. 

O senhor escreveu uma carta, onde deixa uma saudação fraterna aos muitos líderes religiosos cristãos e de outras religiões. Como o senhor vê essa aproximação da Igreja Católica com outras religiões em um tempo de tanta intolerância?

Sim, mas esse é um mandado do senhor. Jesus fala que todos sejamos um. Isso eu acho que não é uma obrigação da igreja, é um mandado do senhor Jesus. Formar essa unidade, tentar conversar e acabar com essa intolerância religiosa. Isso não é de Deus, não (risos).

É o contrário.

Sim. Jesus manda que todos sejamos um.

A Ordem do senhor tem a ver com a dos freis do Convento?

Tem. Eu sou da mesma Ordem dos freis do Convento e do Santuário embaixo do Convento. Só que eles são da província de São Paulo e eu sou da província de Minas, mas é o mesmo fundador, São Francisco.

O senhor tem como lema da sua ordenação: "Nas tuas mãos". O que significa essa palavra para o senhor?

Nas tuas mãos é colocar toda a nossa vida nas mãos de Deus.

Dom Dario, nós vivemos um tempo de muita divisão política no país. E na igreja as pessoas têm pontos de vista diferentes. Alguns padres falam as suas posições políticas. Depois das eleições, a igreja sai dividida? Como o senhor pensa em unificá-la?

Foi uma eleição muito polarizada e deu muita divisão. Eu falo assim, em uma linguagem meio vulgar: tá na hora de a gente juntar os cacos e tentar formar um bonito mosaico (risos).

Como o senhor vai juntar esse cacos?

Ah, aí é dialogando, conversando, você entende? A divisão não leva a lugar nenhum. Divisão é coisa do diabo (risos). Divisão não é de Deus.

O senhor fica em Cachoeiro por enquanto?

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Até o final do ano. A minha posse é 5 de janeiro, sábado, às 10h, na Catedral.

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