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Vacina contra câncer em mulheres e cirurgias sem corte chegam ao ES

Vacina contra câncer em mulheres e cirurgias sem corte chegam ao ES

Técnicas prometem deixar tratamentos e cirurgias mais eficazes

Publicado em 18 de novembro de 2018 às 00:15

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Você já ouviu falar em redução de estômago sem cortes? E em vacina contra o câncer? Essas e mais outras novidades da medicina já estão sendo utilizadas no Estado ou estão para chegar ao Brasil no próximo ano. 

Uma das opções já está no mercado, mas tem atualização permanente. Um aspecto inovador é que, em apenas quatro minutos, são feitos quatro exames e o resultado sai na hora. Trata-se do Eletro Sensor Complex que, em uma das etapas, realiza uma avaliação vascular e possibilita a prevenção de derrame, infarto e amputações, segundo Marc Storck, especialista em Medicina de Família e Comunidade. O procedimento é feito somente na rede particular e custa em torno de R$ 800.

Entre os lançamentos está uma vacina para a prevenção de HPV, gripe e outras patologias. A Gardasil 9, que protege contra nove subtipos do papilomavírus humano ficará disponível inicialmente na rede privada, segundo a médica Euzanete Coser. Esse vírus é o principal fator associado aos cânceres de útero.

“A Gardasil foi a primeira vacina do mundo que protege contra o câncer. Essa nova, que vai chegar, aumenta a proteção, já que combate nove tipos do HPV em vez de quatro, como a que temos atualmente”, explicou o infectologista Tálib Moussallem.

Outra novidade é a Fluzone Sênior – que teve o registro imunológico aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mês passado – vacina mais potente contra a gripe desenvolvida para idosos (com 65 anos ou mais).

Também tem uma vacina contra o herpes-zóster, doença causada pelo vírus da catapora , que produz bolhas de água pelo corpo causando grande incômodo. “A vacina chamada Shingrix, licenciada nos EUA, promete aumentar a proteção de 52% para 95% e tem durabilidade maior do que a antiga”, comentou Tálib.

COLUNA

O médico ortopedista Lourimar Tolêdo mostra equipamentos de vídeo usados nas novas técnicas de cirurgia de coluna. (Vitor Jubini)

Os avanços da medicina também chegaram para quem sente aquela dor insistente na coluna, a chamada lombalgia. Segundo o ortopedista Lourimar Tolêdo, há dois tipos de cirurgias minimamente invasivas para tratar as dores sem danificar a musculatura da coluna que estão em alta no estado de dois anos para cá: ALIF e XLIF.

A técnica de ALIF faz uma pequena incisão no abdômen, menor do que a cirurgia de cesariana, para chegar à coluna por trás das estruturas dessa região. “Ao contrário da intervenção convencional, que a gente faz pelas costas do paciente e tem que abrir a musculatura, retirar fragmentos de ossos, ligamentos, manipular nervos e medula, no ALIF tudo isso é preservado, e a gente atua onde realmente há o problema”, esclarece Lourimar Tolêdo.

A técnica de XLIF é semelhante; a diferença está no local da incisão, feita na lateral do abdômen. “Os benefícios desses procedimentos modernos são muitos, como o tempo de internação, que na cirurgia tradicional é de geralmente três dias, e vira apenas um”, assegurou Lourimar. Além disso, o paciente tem menor chance de contrair infecção e perde menos sangue durante a cirurgia.

TÉCNICA

Outro procedimento minimamente invasivo é a cirurgia endoscópica da coluna vertebral, que, segundo o ortopedista, vem crescendo muito no último ano: “Essa operação por vídeo apenas tira o fragmento que causa a dor, e nós não temos que substituir nenhuma estrutura da coluna”.

Quando o problema da dor lombar é na articulação da coluna, também tem novidade na área. “Chamamos de rizotomia quando cauterizamos os nervos que levam a informação de dor ao cérebro por meio de uma agulha que emite radiofrequência”, disse o ortopedista.

Segundo ele, os aparelhos utilizados neste método evoluíram, e agora é possível ter maior eficácia na cirurgia: “Agora temos a rizotomia pulsátil refrigerada, que seleciona apenas os nervos responsáveis pela dor e preserva os outros, responsáveis pela movimentação, que poderiam ser lesados pela técnica antiga”. Todos os procedimentos citados por Lourimar não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas na rede particular e nos convênios.

BARIÁTRICA

Em janeiro deste ano, a primeira gastroplastia endoscópica foi realizada no Espírito Santo, de acordo com Gustavo Peixoto, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Hospital Meridional. Até agora, a equipe dele já realizou três procedimentos do tipo. “Utilizando o endoscópio, a gente consegue reduzir parte do estômago sem nenhum corte, uma alternativa para aqueles pacientes que não têm critérios de aprovação para a cirurgia tradicional e não têm tratamento”, revelou.

“É um método promissor porque as complicações são menores. O índice de perda de peso é de 15% a 18%, há o controle da pressão alta, apneia do sono e diabetes. Melhora a qualidade de vida e a autoestima”, contou Gustavo.

Como o estômago é “costurado” por dentro, a cirurgia é reversível, diferente da tradicional. Além disso, é minimamente invasiva e o paciente perde menos vitaminas.

O tempo de cirurgia é basicamente o mesmo entre a tradicional e endoscópica, de acordo com o médico. Já a internação, que costuma durar dois dias na tradicional, é de 6 a 8 horas com a nova técnica. O pós-operatório também: em vez de 15 dias, o paciente da gastroplastia endoscópica é liberado para atividades administrativas depois de 3 dias.

CÂNCER

Um avanço da radiologia chegou no Espírito Santo há cerca de um ano e vem reduzindo quase pela metade o tempo de tratamento de pacientes com câncer. A técnica, chamada de hipofracionamento, faz aplicações com doses mais altas e precisas sobre o tumor e preserva tecidos sadios, de acordo com o radio-oncologista Carlos Rebello. “Normalmente, indicamos para quem tem tumor de mama, tumores iniciais de laringe e de próstata. Por exemplo, alguém com câncer de mama que faria o tratamento convencional em 30 dias consegue, com o hipofracionamento, fazer no período de 15 a 20 dias”. Segundo o médico, esse tratamento pode ser realizado pelo SUS, dependendo da indicação do oncologista.

Outras grandes descobertas têm vindo da área de imunoterapia, onde os medicamentos colocam o sistema imunológico para agir contra os tumores malignos. O médico Glaucio Bertollo contou que, há dois anos, as aplicações da imunoterapia na oncologia se multiplicaram: “Há quatro anos, por exemplo, a gente só atuava contra o melanoma (câncer de pele). Hoje, a gente consegue usar para o câncer de pulmão, bexiga e de rim”.

“Como são muito novos, a gente não sabe do resultado a longo prazo, mas já temos pessoas que estão vivendo sem o retorno da doença”, completou Glaucio.

As terapias de alvo molecular podem ser consideradas outro avanço recente. “Nesta técnica, os medicamentos agem diretamente no defeito molecular de determinadas células tumorais”, explicou o oncologista. Com informações de Carolina Wassoler)

AS NOVIDADES

INFECTOLOGIA | VACINAS

Vacina de HPV: nova variedade deve promover proteção maior que a atual. (Divulgação/Ministério da Saúde)

HPV

Para 2019, devem chegar ao país a vacina Gardasil 9, que combate o HPV, protegendo contra nove subtipos da doença. Hoje, a imunização disponível é contra quatro.

Gripe

Outra novidade, desenvolvida para os idosos, é a Fluzone Sênior, vacina mais potente contra a gripe.

Herpes-zóster

Para quem tem mais de 65 anos, outra que pode ser lançada é a Shingrix, que aumenta para 95% a defesa contra o herpes-zóster, patologia que produz bolhas pelo corpo e causa dor.

COLUNA | NOVAS TÉCNICAS

Lombalgia

Instrumentos mais modernos permitem técnicas com menos riscos aos pacientes, como a ALIF e XLIF, que fazem pequenas incisões no abdômen, preservando, assim, outras estruturas da coluna.

Operação por vídeo

É mais rápida do que a tradicional e tem um pós-operatório bem menos complicado.

Dor nas articulações

Quando o problema é na articulação da coluna a novidade é a rizotomia pulsátil refrigerada, que preserva os nervos responsáveis pela movimentação e cauteriza apenas os que causam dor.

BARIÁTRICA | TUDO SEM CORTES

Endoscopia

Pela nova técnica, o médico utiliza um endoscópio e costura o estômago por dentro, sem cortes.

ONCOLOGIA | ALTERNATIVAS

Tratamento mais curto

A técnica de hipofracionamento é um avanço da radioterapia e vem sendo aplicada há um ano de Estado. Com doses mais altas e precisas sobre o tumor, o tempo de tratamento do paciente diminui quase pela metade.

Imunoterapia

Novos medicamentos têm colocado o sistema imunológico para agir contra os tumores malignos, e, de dois anos para cá, essas aplicações se multiplicaram. Hoje, existem remédios para combater o melanoma, câncer de pulmão, de bexiga e rim.

Moléculas

As terapias de alvo molecular são consideradas outro avanço recente. Nesta técnica, os medicamentos agem diretamente no defeito molecular de determinadas células tumorais e impedem que o câncer se espalhe.

DOENÇA SISTÊMICA | EXAMES

Avaliação rápida

O Eletro Sensor Complex é um exame que vê a pessoa como um todo, faz uma avaliação mais global e dá parâmetro para cuidar de doenças sistêmicas. Em quatro minutos, faz quatro exames com mais efetividade que exames de sangue. Pode prevenir doenças cardiovasculares como derrame e infarto, e amputações.

GENÉTICA | PREVENÇÃO

Resultados rápidos

O que mudou nos testes genéticos atualmente foi a possibilidade deles serem feitos em laboratórios específicos, o que não era possível há tempos atrás, fazendo com que os resultados saiam bem mais rapidamente.

Pré-natal

Agora, eles não precisam mais ser invasivos, quando se fura a barriga da mãe para colher o líquido amniótico. Através do próprio sangue da gestante é possível identificar anomalias cromossômicas.

Fonte: especialistas consultados

GENÉTICA VIRA ALIADA CONTRA CÂNCER

Terezinha Sarquis faz aconselhamento genético. (Marcelo Prest )

Você já ouviu falar em aconselhamento genético? De acordo com Terezinha Sarquis Cintra, geneticista e diretora clínica do Genoma ES, esse atendimento é essencial para quem tem algum caso de parentes com câncer na juventude ou o mesmo tipo da doença em várias pessoas da família. A orientação pode, inclusive, direcionar o tratamento.

“Por meio de testes genéticos nós conseguimos fazer uma investigação e orientar esse grupo aos tipos de tratamentos e cuidados que eles têm que tomar”, recomendou.

Segundo a geneticista, o aconselhamento genético é novo na área do câncer: “A gente fazia a orientação mas não podia mandar o material para um laboratório específico. O máximo que dava para fazer era enviar para pesquisa, ou até mesmo para o exterior”. Hoje, eles têm até cobertura dos planos de saúde. “As pessoas não sabem, mas a grande maioria deles, ligados ao câncer, podem ser feitos pelos convênios”, alertou.

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Outros avanços são nos exames do diagnóstico pré-natal. “A mulher que fez a ultrassonografia e deu alteração pode ver se o feto tem alguma anomalia cromossômica através do próprio exame de sangue dela”, destacou Terezinha. Há pouco tempo, segundo a médica, para descobrir alterações no feto era necessário um exame invasivo – quando se fura a barriga para colher o líquido amniótico.

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