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Até portão é roubado de delegacia interditada em Vitória

Até portão é roubado de delegacia interditada em Vitória

Na Enseada do Suá, moradores reclamam de invasões e furtos

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 22:36

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Antiga sede da Delagacia Anti Sequestro na Enseada do Suá·. (Vitor Jubini)

A insegurança que reside na Enseada do Suá, em Vitória, tem assustado moradores. São episódios de invasões a residências, furtos, consumo de drogas nas ruas e, diante dessas ocorrências, muitos se sentem vulneráveis. Até o portão da antiga Delegacia Antissequestro (DAS), que ocupava um imóvel no bairro até o mês passado, foi levado por ladrões. 

A casa que servia como sede da delegacia, e que foi desocupada por problemas estruturais, é um reflexo da falta de segurança. Ao circular pelo imóvel, os sinais de depredação estão nas portas de vidro quebradas para facilitar o acesso aos cômodos em busca de objetos de valor. O teto de gesso foi destruído para arrancar a fiação, produto que é de fácil comercialização. Cubas do banheiro também foram retiradas. Em duas áreas internas do imóvel, pneus queimavam indicando que a invasão tinha ocorrido havia pouco tempo. 

Um morador, que prefere não se identificar, ressalta que, após a denúncia de que havia risco da casa cair e a saída emergencial dos policiais da DAS, o imóvel ficou totalmente abandonado. "Agora, está sendo depredada, já arrombaram a porta, fugiram com alumínios e essa situação causa preocupação a todos", afirma ele, acrescentando que já procurou a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), responsável pelo imóvel, mas não foi atendido. O morador queria pedir providências. 

A casa foi adquirida com recursos públicos por R$ 3 milhões, para ser transformada em estacionamento para o Cais das Artes. As obras do empreendimento se arrastam desde 2010 e o imóvel permaneceu de pé. Agora, o Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes) diz que vai demolir "o mais rápido possível", mas sem estabelecer prazo. 

Antiga sede da Delagacia Anti Sequestro na Enseada do Suá. (Vitor Jubini)

A demolição do imóvel é uma das reivindicações dos moradores, segundo Eduardo Borges, presidente da associação do bairro. "Exatamente para não servir de abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de drogas. A falta de policiamento e de segurança na Enseada hoje é um absurdo! Algumas casas já foram arrombadas três, quatro vezes. Há escritórios que também já foram alvo", conta.

A professora e poetisa Laurany Marcia Matiello Redins acrescenta que há muito tempo os moradores da região têm convivido com a marginalidade. Imóveis desocupados pelos proprietários são invadidos e passam a ser moradia de dependentes químicos, assim como áreas comuns, a exemplo de um trecho da praia, ficam tomadas por usuários de drogas, afastando a comunidade. 

"Há pouco tempo um rapaz foi preso e disse que a Enseada era como um playground. Para ele, as pessoas que vivem aqui não precisam do que têm, então roubava e depois ia gastar no shopping", lembra Laurany. 

Antiga sede da Delagacia Anti Sequestro na Enseada do Suá. (Vitor Jubini)

Ela observa que a situação é tão crítica que, às vezes, para ir à casa de um vizinho que mora na outra rua é preciso se deslocar de carro, a fim de evitar um assalto. "Aqui já fizeram até aquela festa do 'Mandela' (baile funk clandestino, em geral com uso de drogas e porte de armas)."

Questionada sobre o problema no bairro, a assessoria da Polícia Militar informa que "a Enseada do Suá conta com patrulhamento preventivo diuturno." Além disso, afirma que situações envolvendo moradores em situação de rua e usuários de drogas são de responsabilidade do município. "Vale lembrar que a Polícia Militar só realiza detenções em flagrante delito."

Homens levaram portão da casa onde funcionava a Delegacia Antissequestro. (foto do leitor)

A secretária municipal de Assistência Social, Iohana Kroehling, garante que a prefeitura faz um trabalho sistemático de abordagem social, monitorando a Enseada do Suá e outros bairros de Vitória. Nesta atuação, as pessoas são acolhidas, há encaminhamento para abrigamento e qualificação profissional. Contudo, elas não podem ser obrigadas a se submeter a esse atendimento. 

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"Ofertamos esses serviços para reinserção dessas pessoas à família, à sociedade e ao mercado de trabalho, mas elas precisam aceitar o encaminhamento da assistência social, até mesmo para tratamento de saúde mental em casos como o de usuários de drogas. Mas nossa ação é sistemática para convencimento; a conquista tem que ser diária", conclui a secretária. 

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