Depoimentos prestados à Justiça confirmam o reúso de agulhas e falsificação de etiquetas no caso da Operação Lama Cirúrgica. Quatro médicos e cinco empresários são acusados de envolvimento em um esquema de reutilização de equipamentos descartáveis em cirurgias.
Foram nove depoimentos prestados na segunda-feira (18). Entre eles está o do instrumentador cirúrgico Vagner de Souza Silvano, que trabalhava para a empresa Golden Hospitalar, que revendia materiais cirúrgicos que deveriam ser descartados. A fraude consistia em cobrar de planos de saúde, como se fossem novos, materiais cirúrgicos de uso único, mas por eles ilegalmente reprocessado.
Segundo o profissional, era ele quem levava agulhas para serem reprocessadas a pedido de Marcos Stein, um dos donos da Golden Hospitalar e réu no processo. Ele dizia que as agulhas eram utilizadas (nas cirurgias) e voltavam para a empresa, e com a autorização de Marcos as encaminhava para empresa Esterileto para reprocessá-las.
Chegava no hospital a caixa lacrada com o material cirúrgico. Nessas caixas havia agulhas reprocessadas. Eu trabalhava com material de implante e não sabia que essas agulhas que estavam na caixa eram proibidas de serem reprocessadas. Quando levava as agulhas para a Esterileto achava que as agulhas poderiam ser reprocessadas, conta.
Esse profissional também tinha a função de auxiliar os médicos nas realização de cirurgias. Ele relatou que já presenciou trocas de materiais durante o procedimento. O plano de saúde autorizava o uso de equipo de duas vias que era mais caro e na hora era utilizado o de quatro vias que era mais barato. No entanto, era informado que foi utilizado o equipo de duas vias que era mais caro, relatou o profissional.
O delegado Alexandre Passamani Galvão, responsável por concluir o inquérito de investigação, relatou que foram encontradas na sede da Golden Equipamentos diversas etiquetas de produtos para saúde com indicativos de fraude. Era solicitado a gráfica a reprodução de etiquetas com alteração de diversas informações constantes das originais, tais como, lote, código, data de validade, e outras informações por ventura vinculadas a identificação dos produtos, inclusive havia erros de ortografia.
A reprodução e clonagem nas etiquetas para produtos de saúde tinha como objetivo a cobrança de produtos que não eram utilizados em procedimentos cirúrgicos, bem como, a cobrança por produtos reprocessados e a cobrança por produtos alterados em procedimentos cirúrgicos em desconformidade com as autorizações dos planos de saúde, em possível caracterização de lesão financeira as operadoras de saúde e produtos reprocessados com a finalidade de majorar os lucros da empresa Golden Equipamentos, declara.
Segundo o assistente de acusação, Renan Sales, após ouvir algumas testemunhas de acusação, possível confirmar toda prova produzida nos autos. As testemunhas narram, com riqueza de detalhes, como a organização criminosa formada por médicos e empresários fazia para praticar estelionatos e crimes contra a saúde. Esperamos que essa ação penal seja julgada de forma breve, condenando os acusados em penas severas., disse.
O CASO
Na denúncia, o Ministério Público Estadual informou que em pelo menos 52 cirurgias feitas pelos médicos existe indício de materiais reprocessados. Foram presos os ortopedistas Nilo Lemos Neto, Marcos Robson de Cássia e Rodrigo Souza Soares. No entanto, somente o último permanece na prisão.
OUTRO LADO
A reportagem procurou na noite desta terça-feira (18) a advogada Paula Gomes que consta no processo como defensora de Marcos Stein, um dos donos da Golden Hospitalar para comentar o depoimento de Vagner Silvano. No entanto ela não atendeu às ligações.
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