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Mais um aluno autista é aprovado em primeiro lugar em curso do Ifes

Mais um aluno autista é aprovado em primeiro lugar em curso do Ifes

Fabrício Seeberger Rangel, de 14 anos, prometeu que vai construir um robô que lava louças para a mãe

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 23:20

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Fabrício comemorando a aprovação do primeiro lugar em mecatrônica no Ifes da Serra. (Divulgação | Prefeitura Municipal da Serra)

Esta é outra história de força e dedicação de um aluno autista. Fabrício Seeberger Rangel, de 14 anos, foi aprovado em primeiro lugar para o curso de mecatrônica do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no campus Serra. Ele, que foi diagnosticado aos três anos de idade, prometeu que vai construir um robô que lava louças para a mãe.

"Meu filho sempre estudou em escola particular, mas percebi que ele realmente foi acolhido depois que começou a estudar em rede pública. Nunca passamos por discriminação, a diretora esperava por ele todos os dias na porta da escola para dar um abraço. Sempre foi bem acolhido", contou Fabiana Seeberger Rangel, que é enfermeira aposentada.

Ela, que tem outros dois filhos, disse que o maior sonho da vida era que um deles ingressasse na escola técnica. "Quando descobri o diagnóstico do Fabrício foi um tapa. Deu um bloqueio na minha mente. Nós, que somos pais e mães, não conseguimos assimilar na hora. Fiquei pensando naquilo, procurei outro especialista, fui em um médico especializado em psiquiatria infantil. Lá, ele começou o tratamento tomando medicação", explicou,

Ainda sobre o tratamento com o filho na rede particular, Fabiana contou que uma amiga "abriu os olhos" dela e a convenceu em matricular o Fabrício em uma escola da rede pública da Serra. 

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Eles têm um trabalho muito legal que eu desconhecia. Os estagiários, que ficam nas salas de aula, acolheram meu filho de um jeito inexplicável. Com meu coração apertado, coloquei o Fabrício na escola pública. Meus outros dois filhos haviam estudado em escola particular

Fabiana Seeberger Rangel
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De acordo com a mãe do menino, foi lá onde o filho foi alfabetizado. Do quinto ao nono ano, ele estudou o Colégio Maria Istela Modenesi, na Serra. "Lá, ajudaram muito o meu filho. Agradeço a cada um que pegou na mão dele para 'achar a fala' quando ele se perdia", agradeceu emocionada.

TRABALHO CONJUNTO

De acordo com a assessora pedagógica Anadir Maulaes Carvalho, que acompanha Fabrício desde o 1º ano, a parceria entre a família e a equipe pedagógica refletiu diretamente no desempenho do estudante. “Estou muito orgulhosa. Toda equipe está!”, disse.

Julimary Figueiredo, professora especialista que ajudou Fabrício, contou que as notas dele sempre foram boas e que a equipe - professor, estagiário, cuidador, diretor - buscou metodologias diferenciadas para o aluno especial. “Preparamos atividades e provas diferenciadas para ele. Além disso, adaptamos todo o conteúdo para a metodologia de contação de história”.

GOSTO POR ROBÔS

O interesse pela mecatrônica surgiu ainda pequenininho. É que Fabrício se apaixonou ao assistir os filmes "Gigantes de Aço" e "Robópolis". Em breve conversa com o Gazeta Online, ele contou como se sente ao ser aprovado em primeiro lugar. 

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Estou muito feliz. Minha professora me ajudou, eu estudei muito. Vou fazer um robô para lavar a louça para minha mãe!

Fabrício Seeberger Rangel
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Perguntada sobre o sentimento de saber da aprovação do filho, Fabiana relata: "No dia da prova, ele saiu em duas horas. Ficamos preocupadas, falei 'meu filho, o que houve, você não conseguiu fazer a prova?'. E ele falou 'mamãe, eu respondi o que eu sabia. O que eu não sabia, deixei'".

"Quando eu vi o nome dele no primeiro lugar, comecei a chorar. Eu estava na sala, fui lá para fora, fiquei gritando. Falei que ele passou e ele perguntou se eu estava feliz. Eu disse: meu filho, eu estou feliz demais!"

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Ela contou ao Gazeta Online que viu esta semana a notícia sobre Rogério - aluno também autista que passou em primeiro lugar para o curso técnico em Biotecnologia no Ifes de Vila Velha. "Fiquei muito feliz em saber que tinha outro. Que esses meninos sirvam de incentivo para os pais. Eles são discriminados. O próximo lugar em que ele quer estudar é a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). E eu? Fico na torcida. Sei que meu filho é capaz", finalizou.

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