Para garantir mais segurança, motoristas de aplicativos têm instalado câmeras em seus veículos para filmar as viagens. Essa é mais uma medida adotada pela categoria que já investe em rastreador e bloqueador de carro sistema que, ao ser acionado, trava a parte elétrica do veículo.
O motorista de aplicativo Rodrigo Neris Candelot, de 37 anos, fez a instalação em novembro passado. A câmera fica fixada no para-brisa do veículo e consegue captar toda a parte interna do carro. As imagens ficam arquivadas num cartão de memória.
A medida foi tomada devido a três motivos: insegurança, assédio e golpes que ocorriam porque o cliente pedia a corrida e, depois que ela era realizada, informava ao aplicativo que o motorista não a iniciou. Assim, o profissional acabava tendo que arcar com o custo do trajeto.
A câmara inibe alguns tipos de comportamentos. Eu considero que fiz um investimento porque traz segurança. O custo do equipamento ficou em torno de R$ 500.
O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo do Espírito Santo (Amapes), Luiz Fernando Müller, aponta que câmeras trazem mais segurança para o passageiro e o motorista em caso de assaltos, por exemplo. Além disso, ele reforça que o equipamento ajuda na identificação de pessoas que possam criar situações de conflito e assédio durante a corrida.
No Estado, há poucos registros de câmeras instaladas, mas indicamos a todos que vêm nos procurar. A filmagem pode inibir práticas erradas, como roubos e casos de assédio. Isso já se tornou uma tendência em alguns lugares, como em Mato Grosso, comenta.
VIOLÊNCIA
Ele acrescenta que, além de ferramentas tecnológicas, alguns outros cuidados para garantir a segurança já são tomados: não ir a bairros perigosos durante a noite e não receber o pagamento em dinheiro durante a madrugada. No entanto, os bandidos têm mudado a maneira de atuação.
Eles diminuíram as chamadas pelo aplicativo em bairros considerados perigosos, passaram a pedir em bairros mais nobres, como Praia do Canto, Jardim Camburi e Jardim da Penha. No meio do caminho é que praticam o assalto, conta.
O motorista Lucas Pantaleão, de 23 anos, é um dos que foi vítima dos bandidos. Ele foi assaltado há cerca de um ano e teve o carro levado. Foi chamado para uma corrida em nome de uma mulher na praça de Itaparica, em Vila Velha. No entanto, quem embarcou foram três homens que o assaltaram.
Ele afirma que não possui câmera instalada, mas participa de um grupo de rádio. Quando um passageiro suspeito embarca, ele aciona o áudio e os colegas passam a ouvir o que se passa no veículo. Já chamamos a polícia porque um colega estava em perigo. Soubemos pelo rádio, conta.
GRUPO CRIMINOSO
Já um outro motorista, de 33 anos, que prefere não se identificar, diz que trabalha durante a madrugada e que já embarcou diversos grupos de criminosos, inadvertidamente.
A última viagem desse tipo aconteceu há duas semanas. Uma conta com nome de mulher pediu a corrida saindo de Carapina, na Serra, mas quem embarcou foram três homens. Eles me pediram para ir até Flexal (Cariacica), buscaram uma mochila e deixaram em outro lugar, conta. Segundo ele, um dos bandidos chegou a mostrar uma arma para intimidá-lo.
CENTRAL DE SEGURANÇA
EMPRESA FAZ TESTES COM EQUIPAMENTOS
A empresa de viagens por aplicativos 99Pop afirmou que desde setembro realiza testes com câmeras de segurança dentro dos veículos entregues pela própria companhia na cidade de São Paulo. Essas câmeras serão diretamente conectadas à Central de Segurança da 99, onde os dados serão processados e mantidos em confidencialidade. Ainda segundo a 99, o dispositivo possibilita acesso às imagens em tempo real pelo aplicativo. O número de aparelhos poderá ser ampliado para mais veículos em outras cidades do país. O objetivo é que o monitoramento iniba eventuais incidentes. O equipamento também poderá ser usado para ajudar na identificação de pessoas que cometerem infrações. A empresa Uber também foi demandada para comentar o uso de câmeras, mas não retornou o contato da reportagem.
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