Vizinhos de uma obra abandonada na Praia da Costa, em Vila Velha, estão vivendo um pesadelo. O que era para ser um residencial tornou-se local de entrada e saída de usuários de drogas, que até já invadiram o apartamento de uma moradora situado ao lado do prédio inacabado. A distância é de um pulo.
O residencial Di Francesco foi lançado em 2013. O prédio teria 17 pavimentos com quatro apartamentos. Sessenta e oito famílias compraram unidades que deveriam estar prontas, por meio de financiamento com a Caixa Econômica Federal ou de pagamento direto com a construtora Decottignies, que entrou em recuperação judicial em 2016 e alegou não poder continuar com a construção, que está há mais de dois anos parada.
Na obra inacabada, só se vê entulho por todo lado e marcas das invasões de usuários de drogas em alguns tapumes que são colocados pelos moradores da região e pela associação criada pelos proprietários de unidades do residencial que aguardam a finalização do espaço. Alguns equipamentos foram deixados para trás, como betoneiras (misturador de cimento) e outras ferramentas e estão sendo furtados por pessoas que invadem a área das obras.
A obra abandonada fica ao lado do Edifício Gidamar, onde mora a
síndica Neusa Ronconi, 62, cuja varanda do apartamento, no 1º andar, fica do lado do empreendimento não finalizado. No mês passado, ela teve a casa invadida três vezes. Levaram vários itens que estavam na varanda.
Nas primeiras duas vezes eu estava viajando e meu filho estava sozinho no quarto em casa. Levaram muita coisa da varanda, incluindo sete panelas e a churrasqueira elétrica. Se eles quebrassem o vidro, entrariam no meu apartamento e também no prédio, lamentou.
BRIGA NA JUSTIÇA
Segundo a advogada da comissão de representantes de quem comprou apartamentos no Di Francesco, Eduarda Reuter Paoliello, toda a propriedade já não pertence mais à Decottignies e cabe a quem comprou unidades no residencial decidir o que será feito. A comissão é o incorporador agora, completou. A obra custa mais de R$ 15 milhões, porém os moradores querem saber como recuperar o dinheiro investido por meio da Caixa ou na negociação direta com a empresa.
A Caixa emprestou dinheiro para a obra, mas em troca vendeu também um seguro que foi vendido como término de obra, caso algum problema acontecesse. Se tivesse qualquer problema, como o que a gente vê, a Caixa retomaria a obra substituindo a construtora. O grande impasse é que o seguro só contempla 15% da obra, explicou.
A advogada explicou que a comissão briga para que o seguro seja cumprido na totalidade, já que há cláusulas que falam da finalização total da obra. Temos uma apólice de R$ 2 milhões e um orçamento de R$ 12 milhões, que é o necessário para terminar a obra. No nosso entendimento, a apólice fala que o sobrecusto deve ser coberto pela seguradora.
Enquanto o impasse está na Justiça o que pode demorar anos, de acordo com a advogada quem mora do lado da obra convive com a situação de entrada e saída de usuários de drogas. Segundo o subsíndico do condomínio Gidamar, Albano Trigo Lopes, de 57 anos, já existe muito prejuízo.
Nós tomamos medidas de segurança por conta própria. Estamos construindo um muro para evitar essa entrada de usuários de drogas. Além disso, eles estão causando um problema porque está tendo vazamento no nosso condomínio e causando danos nos padrões elétricos. Corremos o risco de ficar sem energia, explica Albano, que salienta: já estamos com uma ação contra a seguradora para cobrar isso.
A Caixa Econômica Federal alegou ter responsabilidade pelo seguro de apenas 15% da obra e que atuou apenas como agente financeiro. Informou que o pagamento das parcelas dos 32 proprietários que contrataram o financiamento do total de 68 proprietários já foi suspenso e que ainda analisa a possibilidade de anulação dos contratos.
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