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Professor Cesário: mais de quatro décadas dedicadas à educação

Professor Cesário: mais de quatro décadas dedicadas à educação

Após lecionar por 44 anos, o conhecido professor de química José César Felipe anuncia a aposentadoria, aos 68 anos

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 19:12

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Professor Cesário ao centro com vários alunos da nova geração - que se despediram nesta quarta-feira (12) . (Bernardo Coutinho )

Quatro décadas de história dando aulas e milhares de alunos em escolas tradicionais da Grande Vitória. Um ciclo que se encerrou, nesta semana, na vida do professor de química José César Felipe, aos 68 anos, que se aposentou após mais de 40 anos dedicados à vida escolar.

Foram 44 anos lecionando em escolas como Salesiano, Nacional e trinta anos de história simultaneamente no Leonardo da Vinci e no Darwin - duas escolas que ajudou a fundar, com o também professor José Antônio Pignaton - que faleceu em julho deste ano.

"Professor Cesário", como é conhecido carinhosamente pelos alunos, não tinha ideia de que seria professor quando saiu da cidade de Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, para estudar química na antiga Faculdade de Farmácia e Bioquímica do Espírito Santo (Fafabes), ligada à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Isso quando tinha 20 anos de idade.

“Eu não gostava de estudar, eu gostava de jogar bola quando era pequeno. Meu negócio era fazer farra”, lembra, brincando. “Vim de família carente morar com meu irmão, que me ajudou muito, e estudei para o pré-vestibular”, completa o professor.

Foi na faculdade que conheceu o professor Pignaton. Carinhosamente chamado de “Pig” por ele e outros alunos, Pignaton foi o grande incentivo na vida de José César. “Em uma aula, ele passou um exercício e achou que ninguém conseguiria fazer. Ele deu toda a aula para ser resolvido, mas eu fiz em cinco minutos. Quando ele conferiu, disse que eu era um dos bons e que eu seria professor”, lembrou.

Dito e feito. O professor hoje é reconhecido por muitos alunos de diversas gerações. No último dia dele do Leonardo Da Vinci, nesta quarta-feira (12), José César era abordado por muitos alunos e professores ex-alunos e atualmente colegas dele, que o abraçaram carinhosamente. “Alguns já me disseram que se tornaram professor por causa das minhas aulas e encontro muitos alunos que me agradecem até hoje”, declarou.

José César lembra que sempre tratou os alunos com muito carinho e por isso é reconhecido hoje por trabalhar dessa forma. Ele acrescenta que outros motivos o fizeram o profissional que é - como a pontualidade, a dedicação e estar de prontidão. “Tem que ser amigo dos alunos. Sempre foi assim comigo. Fico feliz e com a consciência tranquila de dever cumprido”, declarou o professor.

O educador afirma que aos 68 anos vai se dedicar mais à família e amigos que fez ao longo da vida. Além disso, pretende viajar mais também. “É algo normal da vida”, resume.

“NUNCA PENSEI EM SER PROFESSOR, MAS GRAÇAS A DEUS ME TORNEI UM”

Professor Cesário, como é conhecido, lecionou durante 44 anos no Espírito Santo, sempre em escolas particulares - incluindo duas que ajudou a fundar com o professor José Antônio Pignaton. Ele lembra que o segredo de ser um bom professor é sempre ser companheiro dos alunos, incentivando-os a estudar.

Como o senhor decidiu a ser professor?

Na verdade nunca me imaginei como professor, mas quando entrei na faculdade o “Pig” me incentivou. Ele passou um exercício, pediu para ser feito durante a aula, mas achou que ninguém iria conseguir. Eu fiz em cinco minutos. Ele ignorou, mas quando viu me falou que era um dos bons e que seria professor.

Pignaton incentivou o senhor de que forma?

Ele viu que eu tinha potencial. Com certeza ele foi a mola propulsora da minha carreira. Aliás, eu devo tudo a ele.

Como o senhor vê a educação atualmente?

Sempre trabalhei em escola particular. Acho que houve uma evolução muito grande e as escolas começaram a melhorar mais com a concorrência que foi criada com a criação do Leonardo da Vinci e do Darwin. Tudo o que achamos de errado antes, tentamos mudar. E deu certo, graças a Deus.

O que o senhor acha que ainda precisa mudar na educação?

Tem que mudar lá de baixo, ensinando tudo. Voltar com coisa mais antigas, como o hino nacional cantado em sala de aula, o hino da bandeira. É preciso fazer que o aluno fique envolvido e tenha um amor por aquilo que está fazendo.

Quais características o professor tem que ter, na visão do senhor?

Para os novos professores principalmente tem que haver dedicação. Tem que ser pontual, não pode deixar o aluno esperando o professor na sala. Tem que estar preparado e de prontidão e ser amigo dos alunos.

O senhor se emociona ao se despedir de algum aluno. O que passa pela cabeça?

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O sentimento é de emoção em saber que isso finaliza hoje, no entanto finaliza o contato diário com eles. Com certeza o carinho continua o mesmo. Eu nunca imaginei ser professor, mas graças a Deus virei um professor. Eu vi que era a missão da minha vida, ser um educador. Se tivesse que fazer novamente, faria igual.

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