> >
Sem obras, longas filas e sufoco nos terminais da Grande Vitória

Sem obras, longas filas e sufoco nos terminais da Grande Vitória

Com reformas atrasadas e uma unidade interditada, população sofre

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 22:57

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Passageiros se apertam para conseguir entrar em ônibus superlotado. (Vitor Jubini)

Filas longas, banheiros quebrados, pistas de rolamento de ônibus precárias e insegurança estão entre os problemas enfrentados todos os dias por quem frequenta os terminais do Sistema Transcol da Grande Vitória. Este ano, foram prometidos R$ 7,1 milhões para reformar os espaços, com início das obras em setembro e entrega neste mês, mas o prazo venceu e a população permanece no sufoco. Além disso, a interdição do Terminal de Itaparica, há cinco meses, só piora a situação deixando as outras unidades ainda mais lotadas.

A reportagem esteve em três terminais, entre eles o de Vila Velha, que passou a receber 23 das 31 linhas que funcionavam em Itaparica. Com o aumento da quantidade de passageiros no local, a reportagem flagrou ônibus estacionados em locais proibidos próximo à unidade. Além de superlotado, o terminal apresenta as marcas do tempo: grades enferrujadas, paredes com pinturas desgastadas e fachada em péssimo estado de conservação.

No banheiro masculino em São Torquato, há um mictório quebrado. (Ricardo Medeiros)

A situação dos banheiros é dramática. A reportagem entrou no local e se deparou com o chão todo molhado, vasos sanitários imundos e torneiras quebradas. No feminino, não há espelho e as portas estão danificadas. Dá para sentir o mau cheiro do lado de fora. Quem espera na fila por perto só falta prender a respiração.

“Eu nunca entro nesse banheiro. Esse cheiro é insuportável. Se estou com vontade, seguro até chegar em casa”, desabafou a doméstica Maria da Conceição Andrade Nunes, de 54 anos.

LARANJEIRAS

Os problemas não param por aí. No Terminal de Laranjeiras, na Serra, por exemplo, algumas cabines do banheiro feminino não têm portas. As mulheres que fazem suas necessidades não têm nem privacidade. No local também não há espelhos.

Já no Terminal de São Torquato, em Vila Velha, as pistas onde os ônibus passam estão desniveladas. Em alguns trechos, o calçamento até se desfez e as grades parecem que vão cair a qualquer momento. No local, é preciso ter muito fôlego para aturar a catinga que exala dos banheiros públicos. Os passageiros que esperam pelos ônibus ao lado das básculas precisam conviver com o mau cheiro.

“A gente fica na fila só sentindo esse fedor. É insuportável. Mas não temos só esse problema. Também tem a questão da segurança. Eu só vejo guardas na entrada do terminal, por dentro não vejo ninguém de vigia. Quando saio do serviço à noite, fico com medo porque vejo um monte de gente estranha circulando por aqui”, comentou a auxiliar de cozinha Samela Nery, de 20 anos.

Em Vila Velha, a fachada de uma entrada está em péssimo estado de conservação. (Ricardo Medeiros)

ITAPARICA

Com a estrutura comprometida, o Terminal de Itaparica, que contava com a circulação de 45 mil pessoas por dia, foi fechado no dia 21 de julho. Laudos apontaram uma série de erros no projeto e na execução da obra que foi entregue em 2009. Inaugurado com pompa, o local tem um histórico de problemas já que em 2013, um vendaval retorceu as telhas da unidade.

As obras da cobertura do Terminal de Itaparica não estão incluídas no orçamento de R$ 7,1 milhões. No momento, segundo o diretor-presidente da Companhia Estadual de Transportes Coletivos e Passageiros (Ceturb), Alex Mariano, o Instituto de Obras Públicas do Estado (Iopes) já contratou uma empresa que está executando o projeto da intervenção.

“É a partir desse projeto que vai saber quanto vai ficar o valor da obra. Assim que for finalizado, vai ser aberta uma licitação para contratar uma empresa responsável pela execução das obras”, explicou Mariano, acrescentando que a expectativa é que o local seja reaberto apenas no segundo semestre de 2019.

"REFORMAS COMEÇARAM HÁ TRÊS SEMANAS"

Mariano destaca que há problemas de vandalismo. ( Marcelo Prest )

As intervenções de melhorias nos terminais da Grande Vitória começaram há três semanas, segundo o diretor-presidente da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb), Alex Mariano. O primeiro a contar com início das obras foi a unidade de Laranjeiras, na Serra, que está ganhando um restauro nas pistas de rolamento.

“Com os veículos pesados passando pelo local durante muito tempo, buracos vão se formando nas pistas e isso traz uma dificuldade para a operação. Acreditamos que daqui uns 20 a 30 dias terminamos essa intervenção por lá.”

Os próximos da fila são os terminais de Jardim América, em Cariacica, e São Torquato, em Vila Velha, que também vão receber uma atenção em relação às pistas de rolamento. Já o Terminal de Jacaraípe, na Serra, segundo Mariano, está ganhando uma obra em um dos acesso dos ônibus. “A equipe esteve lá há duas semanas para iniciar a intervenção, que é uma coisa rápida. Em 10 dias já estará finalizada.”

Outra intervenção que está prestes a sair do papel é a reforma da cobertura do Terminal de Laranjeiras. De acordo com Mariano, as telhas do local são muito antigas, com cerca de 20 anos. Quando chove, há goteiras dentro da unidade. Também há registro de ferrugens no telhado. Segundo ele, nos próximos 20 dias sai a ordem de serviço para dar início à obra, que vai ter prazo de seis meses.

“Não vamos desativar o local. Vamos precisar fazer o remanejamento de algumas linhas só, mas isso vai ser avisado aos passageiros com antecedência. As mudanças vão acontecer somente dentro do terminal.”

Já as reformas dos banheiros, pinturas e gramados estão em fase de licitações. De acordo com Mariano, a expectativa e que até o final de dezembro já se tenha as empresas ganhadoras para serem responsáveis pelas obras.

Ainda sobre a situação dos banheiros, Mariano mencionou a questão de atos de vandalismo. “A gente coloca uma porta e na outra semana ela está quebrada. Já teve caso de furto de vaso sanitário. Eu falo que isso é falta de consciência coletiva. Como se trata de dinheiro público, o que está sendo destruído é feito com dinheiro das próprias pessoas.”

Somados, os gastos da Ceturb com vandalismo e manutenção chegam a R$ 59 mil ao ano.

Este vídeo pode te interessar

Já sobre a questão da limpeza, o órgão explicou que os banheiros são lavados cinco vezes por dia, além das inspeções que podem verificar a necessidade de novas lavagens. Uma vez por semana os locais também são higienizados com água quente.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais