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Universidade tem desafio de manter estudantes

Universidade tem desafio de manter estudantes

Coletivo diz ser necessário política de permanência para cotistas

Publicado em 29 de dezembro de 2018 às 11:37

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Mesmo que seja garantida por lei a entrada dos estudantes cotistas, a Universidade federal do Espírito Santo (Ufes) ainda batalha para tentar manter esses alunos estudando de forma digna.

Na avaliação de João Vitor dos Santos, coordenador do Coletivo Negrada, o acesso tem que estar casado com uma política de permanência qualificada. “A gente sempre vê com bons olhos quando uma política pública é implementada e efetivada. Mas a universidade não está sabendo lidar e acolher esse estudante pobre, negro e de escola pública que depende de outra estrutura”, diz.

A Ufes não divulga números oficiais, mas os especialistas afirmam que muitos abandonam os cursos ou demoram mais tempo que os demais para se formarem porque precisam, além de estudar, trabalhar para sustentar a si e as suas famílias.

O Coletivo Negrada afirma que percebe, a partir de denúncias, que a evasão dos cotistas está relacionada com o fato de muitos deles terem que trabalhar. “Alguns deles migram para cursos noturnos para garantir o emprego, mas muitos têm aula no período integral e esses estudantes não conseguem trabalhar”, diz.

Segundo a Pró-reitoria de Graduação (Prograd), atualmente, 5.700 estudantes são contemplados pelo programa de assistência estudantil, que busca dar auxílio alimentação, moradia, transporte e material de consumo aos alunos que precisam.

preconceito

Outro tema que preocupa é o preconceito. Segundo Lula Rocha, coordenador do Círculo Palmarino, houve um aumento nos casos de racismo com a presença maior de negros dentro da universidade. “É um conflito que já existia mas não com tanta evidência. A nossa presença aumentou e o conflito também”, afirma.

Lula afirma ainda que espera que a universidade consiga lidar com a questão do racismo que, segundo ele, podem diminuir se políticas forem aplicadas de forma abrangente. “A gente espera que a Ufes trate os casos de racismo individualmente, responsabilizando pessoas, mas que a todo momento discuta estratégias para desconstruir o racismo”, diz.

Para ele, é necessário ainda incorporar mais conteúdo racial na comunidade acadêmica. “É preciso que se dê a verdadeira valorização das contribuições que os negros deixaram nos diversos campos da ciência”, avalia.

Avaliação presencial para candidatos

Desde que foram implantadas as cotas raciais, diversos casos de fraudes foram investigados pela Ufes. Só em 2017, 12 alunos tiveram a matrícula suspensa após passar por avaliação da Comissão de Verificação Étnico-Racial.

Para tentar minimizar os casos, a universidade decidiu que os candidatos cotistas que se autodeclarem negros, pardos e indígenas no processo de 2019 terão que passar por uma avaliação presencial e individual pela comissão. O grupo vai analisar se as características físicas correspondem ao que foi declarado. Eles vão passar por uma entrevista.

Antes, a entrevista só acontecia em caso de dúvida. Ele preenchia um questionário e anexava uma foto 10x15 colorida ao documento. Diante da imagem é que a comissão avaliava se a pessoa se encaixava no perfil para a vaga.

As avaliações devem ser feitas em fevereiro, antes das matrículas.

Saiba mais

As cotas na Ufes - Início em 2008

Foi aplicada primeira política de reserva de vagas com base em renda familiar e tempo de estudo em escola pública (mínimo de sete anos).

Mudança em 2012

Lei federal exigiu que metade das vagas em cada curso e turno fosse reservada para estudantes que fizeram ao menos os três ultimos anos de estudo em escola pública.

Modalidades - Renda

Dentre essas vagas reservadas, metade deve ser ocupada por estudantes com renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa. A outra metade, por estudantes de qualquer renda.

Raça

Dentro das duas divisões de cotistas, 53% das vagas são para estudantes que se autodeclaram pretos, pardos e indígenas.

Deficientes

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Há ainda reserva de vagas para estudantes deficientes.

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