Vinte e três mil guimbas de cigarro, cinco mil tampinhas de garrafa e mais de 300 brinquedos de criança. Tudo isso e muito mais já foi recolhido, durante três meses, por um vendedor de picolé, nas praias de Vila Velha. Marco Antônio Marques, de 51 anos, encontra todo tipo de lixo nas areias de Itapoã e da Praia da Costa.
Desempregado há dois anos, ele começou a vender picolé em janeiro e, desde então, se reveza entre a atividade e a cata do lixo. Nos últimos meses, resolveu contabilizar o lixo encontrado, e se surpreendeu com os números.
"A natureza está muito degradada, temos que dar o exemplo. Passei a contar para ter noção de quanto lixo estou retirando da praia. De tudo que recolhi nos últimos três meses, já são 23 mil guimbas de cigarros, cinco mil tampinhas de garrafa e mais de 300 brinquedos. São bolas de todos os tipos, baldinho, pazinha que as crianças largam na areia. Encontrei quatro baterias de celular. O maior lixo que já encontrei foi uma porta de geladeira", conta.
Para recolher o lixo, Marco Antônio utiliza um pegador importado que ganhou de um cliente. O objeto substitui as muitas espátulas de macarrão que ele quebrou, antes de ganhar o presente.
"No começo catava com a mão, aí não pegava cigarro, fralda descartável e absorvente. Depois passei a pegar o lixo com aquelas espátulas de macarrão, mas elas sempre quebravam. Até que um cliente me deu esse pegador de lixo importado", afirma.
PLÁSTICO
Morador de Paul, em Vila Velha, ele chega na praia todos os dias por volta das 10 horas. O trabalho segue até o final da tarde, e aos finais de semana ainda se estende durante o começo da noite. De todo lixo encontrado, plástico é o material mais comum.
EXPOSIÇÃO
Mineiro e morador de Vitória há 25 anos, Marco Antônio tem guardado todo lixo recolhido na própria casa. O vendedor de picolé agora busca apoio para expor o material e ajudar a conscientizar a população.
"Quero dar continuidade ao trabalho, quero mais gente recolhendo o lixo da praia. A natureza é um problema de todo mundo, não só meu. As tartarugas estão morrendo, já perdi quatro esse ano. Se todas as tartarugas morrerem, a praia morre junto. É a tartaruga que come a água-viva. Quero expor esse trabalho, quero conscientizar as pessoas", finaliza.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta