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Mãe de jovem morto na greve da PM: 'Meu filho ficou 45 minutos no chão'

Mãe de jovem morto na greve da PM: "Meu filho ficou 45 minutos no chão"

Mãe desabafa sobre morte de filho de 14 anos durante a greve

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 13:40

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Sirleide da Silva disse que não recebeu retorno da polícia sobre a morte de seu filho, Fábio, durante a greve da PM. (Ricardo Medeiros)

“Se não tivesse havido a greve, não teríamos tantas mortes naquela época.” O desabafo é da doméstica Sirleide Dias da Silva. Ela perdeu o filho, Fábio Dias, na época com 14 anos, durante a paralisação da Polícia Militar do Estado. Ele e mais três amigos, com uma arma de brinquedo, tentaram assaltar passageiros de um ônibus do Transcol, mas foram espancados pela população. Fábio morreu com traumatismo craniano.

Ao todo, 219 pessoas perderam a vida durante os 22 dias de greve. “Por mais que ele tenha feito o que fez, meu filho é um ser humano. Ele ficou 45 minutos no chão até alguém aparecer para socorrer”, afirma a mãe.

A dor da lembrança segue presente na vida de Sirleide. Ela conta que estava na igreja quando soube que o filho estava machucado. Desde então, se consola na espiritualidade. “Eu coloquei nas mãos de Deus, porque não há mão melhor.”

INOCENTE

Sirleide acredita que é necessário alguma punição para os envolvidos na greve. “É injusto dar anistia. Tinha que ter alguma coisa, uma suspensão, sei lá. Mas isso nunca vai acontecer no nosso Estado”, diz.

Sirleide lamenta que, além dela, outras tantas mães tenham perdido seus filhos durante a greve da PM. “Morreu muita gente inocente, que não tinha nada a ver com nada.”

É o caso de um chapeiro de 39 anos, morador de Vitória, que também perdeu o filho durante a greve. Ele não quis se identificar. Segundo o pai, o menino nunca teve envolvimento com o crime. “Meu filho era trabalhador, estava de férias e morreu no último dia antes de voltar ao trabalho. No dia seguinte, em vez de ir trabalhar, ele foi enterrado”, lembra.

O chapeiro acredita que o perdão administrativo aos policias que participaram da greve desrespeita as famílias que perderam seus entes.

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Meu neto perdeu o pai. E agora? O novo governador deveria olhar com mais carinho pra gente. Dá uma tristeza muito grande no coração.” Apesar dos conselhos que recebe, ele conta que, por conta dos altos custos, não pretende processar o Estado. “O dinheiro que gastaria com advogado, eu vou gastar com o meu neto

Sirleide Dias da Silva
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Nem Sirleide nem o chapeiro receberam retorno da polícia a respeito dos responsáveis pelas mortes de seus filhos.

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