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Para CRM e Sindicato, situação de novo São Lucas é gravíssima

Para CRM e Sindicato, situação de novo São Lucas é gravíssima

Atenção à saúde primária ajudaria a evitar problema, dizem entidades

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 14:35

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Hospital Estadual de Urgência e Emergência, o novo São Lucas, é referência em urgência e emergência . (Ricardo Medeiros)

A superlotação do Hospital Estadual de Urgência e Emergência, o novo São Lucas, preocupa entidades. O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Celso Murad, e o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Otto Baptista, avaliam que a situação é gravíssima. Além de melhora na saúde primária, a construção de mais hospitais é apontada como solução.

O presidente do CRM disse que o problema da superlotação acontece com frequência pelos hospitais do Estado e a instituição tem conhecimento da situação, que é avaliada como grave. No entanto, entende que a solução só deve acontecer quando os investimentos na saúde forem feitos em todos os âmbitos, inclusive na atenção primária.

Para CRM e Sindicato, situação de novo São Lucas é gravíssima

“O paciente hoje vai ao hospital ao invés de procurar a Unidade Básica de Saúde porque na unidade o problema não é resolvido. Um paciente vai ao local, é encaminhado para um especialista e pode esperar até seis meses para ser atendido, isso só vai agravando o quadro dele. Temos que pensar é em prevenir a doença”, disse ele sobre a falta de especialistas no sistema público.

Para ele, os problemas nas unidades básicas só serão resolvidos quando o profissional médico tiver um plano de carreira, dedicação exclusiva e boa estrutura para atender o paciente. “Somente com essas medidas é que o poder público vai estimular o profissional a trabalhar no local”, esclarece Celso Murad.

NOVOS HOSPITAIS

O presidente da Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), concorda. Ele acrescenta que também seria necessário a criação de novos hospitais tanto na Grande Vitória quanto no interior.

“Muitas pessoas do interior são atendidas na Grande Vitória por falta de vagas nesses municípios. Temos o Sílvio Avidos em Colatina, por exemplo, que não é ampliado e a demanda cresce a cada ano. A superlotação é grave, não podemos acostumar com uma situação dessa. Qualquer hospital que atende de porta aberta deve fazer isso de forma digna”, esclarece Otto.

HOSPITAL: HÁ SOBRECARGA

O Hospital Estadual de Urgência e Emergência, o novo São Lucas, por meio de nota, admite que há uma sobrecarga de pacientes. Mas esclarece que a unidade é referência em urgência e emergência e, por funcionar 24 horas por dia, absorve todos os atendimentos, de forma adequada, segundo a legislação vigente. “Por esse motivo, nos últimos dias temos registrado uma crescente demanda de pacientes, gerando sobrecarga no atendimento”, disse em nota. O hospital, no entanto, disse que não procede a informação sobre ar-condicionado desligado nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). “Inclusive, todos os aparelhos passam por manutenção preventiva periódica, realizada por uma equipe de plantão 24h.”

GESTÃO TERCEIRIZADA ABRE POLÊMICA

O novo São Lucas é administrado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, por meio de um contrato de gestão firmado com a Secretaria de Estado de Saúde desde dezembro de 2015. No entanto, especialistas acreditam que esse modelo de gestão terceirizada, com Organização Social de Saúde (OS), não está sendo eficiente.

A doutorada em bioética e coordenadora do doutorado em direito da FDV, Elda Bussinguer, aponta que a superlotação é um dos fatores que demonstram a ineficiência da OS. “Elas são caras, não são transparentes e ineficientes. Isso é inadimissível porque recebem todo um patrimônio e os problemas persistem”, aponta.

O professor da Ufes e especialista em Gestão Pública, Thiago Sarti, acrescenta que o modelo de OS não tira a responsabilidade do governo estadual. ”O Estado tem o dever de fiscalizar, entender se é pontual ou não a situação, dependendo da realidade do que for encontrado deve ocorrer até o encerramento do contrato”, aponta.

O governo do Estado foi demandado sobre esse modelo, mas não respondeu até o fechamento da edição. No entanto, em outras ocasiões, defendeu esse tipo de gestão.

O então subsecretário de Estado da Saúde, Fabiano Marily, disse, em de dezembro de 2017, que hospitais geridos por meio de OS são bem avaliados e que a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) pretenderia levar esse modelo para todos os hospitais públicos.

“Nesse contrato são estipulados todas as metas que eles precisam cumprir: qualidade, efetividade do processo de trabalho”, disse na época à reportagem.

HISTÓRICO DA REFORMA

Ampliação do São Lucas

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A reforma e ampliação foram anunciadas em 2007 e iniciadas no ano seguinte, na segunda gestão Paulo Hartung no Estado. A promessa era de que a inauguração aconteceria em 2010.

Atrasos

Ao longo dos últimos anos, sucessivos atrasos ocorreram e só em 2014 parte do novo hospital foi entregue, mas sem pronto-socorro.

inauguração

O pronto-socorro foi inaugurado em dezembro de 2016.

Em obras

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A penúltima etapa da obra, que abrange 43 leitos além do heliponto, está prevista para o final de 2020.

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