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Pescadores: protesto em Baixo Guandu não tem previsão para terminar

Pescadores: protesto em Baixo Guandu não tem previsão para terminar

Manifestantes fecharam a Estrada de Ferro Vitória-Minas em Baixo Guandu na manhã de segunda-feira. Estopim foi decisão da Justiça que suspendeu o pagamento do lucro cessante (uma reparação anual dos prejuízos causados com o fim da pesca no Rio Doce).

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 15:04

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Protesto de pescadores na Estrada de Ferro Vitória-Minas, em Baixo Guandu. (Polícia Militar)

Após mais de 24 horas de manifestação e de interdição na Estrada de Ferro Vitória-Minas em Baixo Guandu, região Noroeste do Estado, pescadores impactados pela lama de rejeitos de minério no Rio Doce afirmam que o protesto não tem hora para acabar. Os manifestantes dormiram no local e montaram barracas para dormir na linha férrea, impedindo a passagem de trens

De acordo com a organização do protesto, mais de mil pescadores participam do ato. Eles passaram a noite no local. Para dormir, montaram na linha do trem barracas que geralmente são usadas para descansar à beira-mar durante as pescarias. Moradores da cidade têm ajudado os manifestantes com doações de alimentos e de água.

Pescadores - protesto em Baixo Guandu não tem previsão para terminar
Protesto de pescadores na Estrada de Ferro Vitória-Minas, em Baixo Guandu. (Polícia Militar)

Pescadores e vendedores de peixe de Minas Gerais e do Espírito Santo organizaram o protesto. São profissionais que dependiam do Rio Doce e que foram impactados pela lama de rejeitos de minério que atingiu as águas do rio e do mar. Na manhã desta segunda-feira, os manifestantes fizeram uma passeata no Centro de Baixo Guandu e depois ocuparam para a linha férrea. Um trem carregado com minério de ferro foi parado pelos pescadores.

DESCONTO EM PAGAMENTO

O estopim da manifestação foi uma decisão da Justiça mineira, que pretende descontar a parcela do pagamento do lucro cessante de 2018, que é uma reparação anual dos prejuízos causados com o fim da pesca. Alguns pescadores recebem todos os meses um auxílio-financeiro de um salário mínimo, mais 20% por dependente. No entanto, eles afirmam que muitos pescadores que fizeram o cadastro não receberam ainda o auxílio nem a indenização

Os manifestantes fazem diversas reivindicações, entre elas a inclusão de pescadores que ainda não receberam a indenização e o auxílio-financeiro, revisão de valores pagos, reconhecimento de vendedores de peixe, marisqueiros e areeiros, além da inclusão de rios, manguezais e o mar como áreas atingidas.

INTERDIÇÃO DA LINHA FÉRREA

Por conta disso, a Vale informou que a interdição já causa transtornos a centenas de pessoas que usam o trem de passageiros e nesta terça-feira o veículo não vai circular no Espírito Santo. O trem de passageiros vai circular apenas entre Belo Horizonte e Governador Valadares, em Minas Gerais, nos dois sentidos da estrada de ferro.

“Passageiros com viagens marcadas para esta terça-feira para locais que não serão atendidos poderão reagendar o bilhete ou pedir o reembolso do valor investido na compra da passagem. Para isso, devem se dirigir, no prazo de até 30 dias, a qualquer uma das estações localizadas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Mais informações podem ser solicitadas por meio do Alô Ferrovias 0800 285 7000”, informa a nota da Vale.

Além disso, a companhia ressaltou na nota que “paralisação de ferrovia é crime e coloca em risco a segurança de passageiros, empregados e terceiros”. A Estrada de Ferro Vitória-Minas é responsável pelo transporte de minério de ferro, combustíveis, grãos, aço, entre outros produtos, além de transportar dois mil passageiros diariamente.

O OUTRO LADO

A Fundação Renova, responsável por gerenciar os recursos para a recuperação das áreas atingidas e ressarcimento dos moradores e trabalhadores prejudicados, informou que desde 2015 já foram pagos R$ 1,3 bilhão em indenizações e auxílio financeiro emergencial a mais de 26 mil pessoas. Além disso, garantiu que quem tem direito vai continuar recebendo os benefícios.

Em nota enviada na manhã desta terça-feira, a Fundação afirmou que está em contato com lideranças do movimento e reforça que está construindo um ambiente de diálogo para discutir o pleito dos atingidos.

 

Já a Samarco informou que não vai comentar um pedido dos manifestantes, de negociar as reivindicações diretamente com a mineradora.

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