Para frear os assassinatos causados, em sua maioria, pelo tráfico de drogas, a Polícia Civil mirou nos líderes das gangues que levam terror a moradores de bairros da Serra. Foi esta estratégia que permitiu reverter a realidade de violência da cidade, que há 22 anos liderava o ranking dos municípios mais violentos do Estado.
A cidade ocupa agora a quarta posição entre as que apresentam as maiores taxas de assassinato no Estado. Sua taxa é de 36,2 homicídios a cada cem mil habitantes. A liderança do ranking passou para São Mateus, com taxa de 43,5, seguido por Cariacica (40,9), e Linhares (39,9). Na Grande Vitória a liderança também passou para Cariacica.
Para se ter uma ideia do impacto destes números, Serra, sozinha, foi responsável por 42% de redução no número total de homicídios registrados no Estado. No ano de 2017 ocorreram 1.408 homicídios. Em 2018, foram 1.109 assassinatos. A diferença é de 299 em relação ao ano anterior, sendo que só a Serra diminuiu 128.
PRISÕES
Como a maioria destas mortes são ordenadas por lideranças do tráfico, daí a estratégia da Polícia Civil de focar a atuação também na retirada deles das ruas, como explica Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na Serra.
A maioria absoluta dos homicídios está ligada ao tráfico. Investigações detalhadas e bem elaboradas levam aos executores e também ao chefe do bando. Quando prendemos essas pessoas ao final das apurações, ocorre uma desordem do tráfico no local, consequentemente reduzindo os conflitos e mortes, explicou Sandi Mori.
Na mira da PC estão os líderes, pessoas consideradas de extrema periculosidade. São pessoas que coordenam o tráfico, tem conhecimento de toda a associação criminosa que existe dentro de um bairro e, por vezes, dão ordem e impõem regras nos bairros, observa o delegado.
No ano passado, só a DHPP da Serra chegou a colocar atrás das grades 181 homicidas durante as 140 operações policiais.
No dia a dia o delegado afirmou que é possível perceber que as detenções trazem outros reflexos nos bairros. Elas minimizam a sensação de impunidade, o que colabora para inibir novos crimes, diz Sandi Mori.
BAIRROS
Outro reflexo desta atuação: os bairros que tinham os maiores registros de mortes em 2017 são hoje os principais responsáveis por reduzir o número absoluto de homicídios da cidade, que saiu de um total de 312 assassinatos para 184.
Um exemplo vem do bairro mais violento do Estado, Central Carapina, que em 2017 registrou 21 homicídios, e terminou o ano passado com cinco assassinatos, sendo que os autores desses últimos já foram presos e os inquéritos que investigam a autoria dos crimes já foram concluídos e encaminhados para a Justiça.
De um ano para o outro, os esforços foram intensificados neste bairro. Todos os homicídios do ano anterior foram elucidados e 46 pessoas foram presas, sendo que três facções foram desarticuladas na área, com os chefes presos, pontuou o delegado à frente da DHPP Serra.
Em 2018 foram concluídos pela DHPP da Serra um total de 261 inquéritos de homicídios consumados, contando casos do mesmo ano e de anos anteriores. Uma investigação detalhada demanda tempo, equipe preparada e apoio do Judiciário e do Ministério Público, explica o delegado.
DENÚNCIAS AJUDAM APURAÇÃO DA POLÍCIA
O trabalho da polícia conta com a confiança e a participação da população. São as denúncias de moradores e testemunhas que colaboram com a resposta rápida ao crime, explica Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na Serra.
As informações chegam por meio do telefone do Disque-denúncia no número 181 ou pelo site (www.disquedenuncia181.es.gov.br) e também pela página da Delegacia de Homicídios na rede social Facebook.
A colaboração da população é essencial. E a cada prisão elas aumentam. Há também a colaboração de familiares da vítima que, mesmo no momento de dor, ajudam como podem a realizarmos o trabalho, concluiu Sandi Mori.
A Polícia Militar também tem buscado se aproximar da população. A Rede Comunidade Segura é um projeto que estimula as comunidades a serem colaborativas e que ajudem a vigiar a região, repassando informações para evitar homicídios ou outro tipo de crime. O objetivo é criar uma cultura de vigilância e troca de informações para que exista uma ação mais rápida da polícia, contou o Capitão Welington Sotele, comandante do 14ª Companhia Independente da Polícia Militar.
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