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Profissionais que precisam trabalhar nas ruas enfrentam sol e calorão

Profissionais que precisam trabalhar nas ruas enfrentam sol e calorão

Termômetro chegou a registrar 42°C na Reta da Penha, em Vitória

Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 02:21

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O calor nas ruas está muito forte, e um termômetro na Reta da Penha, na Capital, marcou 42°C. (Fernando Madeira)

Verão, altas temperaturas e tudo o que você consegue pensar é em se refrescar com um bom banho de mar ou piscina. Para aguentar os dias quentes, também vale investir em um ar-condicionado. Nas ruas, o jeito é correr para a sombra. Mas e quem precisa trabalhar exposto ao calor? É o caso de garis, vendedores de rua e motoristas de ônibus, que enfrentam temperaturas nas alturas todos os dias. Nesta segunda-feira (21), o termômetro instalado em um relógio digital da Reta da Penha, em Vitória, chegou a marcar 42°C graus.

O motorista de ônibus Vanderli Serafim, 48, consegue manter um bronze. Resultado de uma praia? Que nada. É o que acontece por estar, há seis anos, trabalhando nos coletivos. “O sol bate direto aqui”, disse, apontando para os braços. E, ao tirar o relógio e o anel, as marcas na mostram a diferença da pele protegida para a exposta ao sol.

Para fugir da desidratação, ele tem uma fiel escudeira: a garrafinha d’água. “Bebo umas quatro por dia”, conta.

O motorista aguarda, esperançoso, que a promessa de coletivos do Transcol com ar-condicionado, feita pelo Estado, se cumpra. Os 100 veículos devem começar a chegar em junho. “Estou pensando em comprar uma manga térmica (tecido só para os braços que protege do sol). Mas tomara que tenha o ar-condicionado, por nossa causa e dos passageiros. Fica muito quente.” O termômetro comprova: no momento da entrevista, um aparelho levado pela equipe de reportagem ao ônibus marcava 34,6°C.

ENJOO

“Hoje está até fresco”, afirmou o motoboy Renan Vinicius Goes, 27, quando o termômetro da reportagem marcou 31,7°C em Bento Ferreira, na Capital, no momento da entrevista. Para se refrescar, ele também aposta na garrafa d’água, além de uma blusa com proteção solar. “O calor me causa enjoo e dor de cabeça. Por isso, bebo muita água”, relatou.

O gari Álvaro Dias, 49, varria as ruas da Praia de Itaparica, em Vila Velha, enquanto o termômetro marcava 32,7°C. Ele não esquece a proteção: óculos escuros, boné, protetor solar e blusa térmica. “Ao menos aqui na praia venta. Quando é dentro dos bairros fica mais abafado, devido aos prédios ao redor”, relatou.

Álvaro, que está na profissão há nove anos, também se mantém hidratado.

O gari Álvaro Júnior investe em óculos escuros e boné contra o calorão de 32,7°C. (Fernando Madeira)

As precauções estão corretíssimas, porque há risco para a saúde. “A temperatura sobe e isso pode levar até à morte, porque a pressão baixa e não há transpiração. A pessoa não deve ficar sem tomar líquido”, orientou clínico geral Michael Assbu.

ADAPTAÇÃO

As altas temperaturas também mexem, diretamente, com o humor. “Em dias quentes fico mais estressado e sinto dores de cabeça”, revelou Vanderli.

O motorista Vanderli aguarda a chegada dos ônibus com ar-condicionado. (Fernando Madeira)

Não é por acaso. Em situações que mexem com o organismo, o corpo recorre a um mecanismo de defesa. “A pressão baixa, o raciocínio diminui. O calor demais aumenta a produção de hormônios, por exemplo. É a questão de adaptação. Depende da condição de estresse, de acordo com a intensidade. Isso tira a tranquilidade”, explica o médico.

Sobre o termômetro da Reta da Penha, a prefeitura informou que o aparelho está com a medição correta. “Os equipamentos fazem sua própria medição, levando em conta fatores como temperatura do asfalto, incidência de ventos, fachadas próximas e poluição, que influenciam diretamente na leitura realizada”, apontou, em nota. Segundo o Instituto Climatempo, a temperatura geral na Capital chegou a registrar 35°C ontem.

COM AUMENTO DE VENDAS NO VERÃO, ELE SE PROTEGE BEM

Embora prefira o calor – pois as vendas aumentam nessa época do ano – o vendedor de picolé José Luiz Queiroz, 55, se preocupa com a saúde por estar exposto ao sol a todo momento. “Mas não tem jeito. Temos que trabalhar”, disse ele, que está na função há três anos.

 A rotina de José não é fácil. O vendedor percorre de 15 a 20 km no calorão de Vila Velha todos os dias. “Saio de Santa Mônica, vou até a Praia da Costa, depois volto. De vez em quando aproveito uma sombra e paro para descansar ou dou uma pausa para o lanche”, comentou.

Nos dias de calor o vendedor de picolé toma bastante cuidado. Vai para as ruas usando boné, carregando uma garrafa d’água, além de estar sempre de protetor solar. O esforço, para ele, vale a pena. “No inverno não vendo quase nada. Já no verão, sim. No tempo quente é muito bom, pois as vendas aumentam”, finalizou.

INSOLAÇÃO

O médico Michael Assbu alerta para o risco de insolação para os que trabalham em ambientes abertos, como é o caso de José. “O líquido é essencial. O modo mais fácil é tomar água. Se quiser sofisticar, pode tomar uma água de coco”, orientou. Durante a transpiração, diz Michael, há perda de líquido. Por isso, é necessário beber água.

Em ambientes externos, com altas temperaturas, outros sintomas também aparecem. “Faz a pressão cair, a pessoa urina menos, além de provocar taquicardia”, comenta.

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Em caso de insolação, é essencial que a pessoa seja levada, imediatamente, para a sombra e depois levada a um hospital.

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