Verão, altas temperaturas e tudo o que você consegue pensar é em se refrescar com um bom banho de mar ou piscina. Para aguentar os dias quentes, também vale investir em um ar-condicionado. Nas ruas, o jeito é correr para a sombra. Mas e quem precisa trabalhar exposto ao calor? É o caso de garis, vendedores de rua e motoristas de ônibus, que enfrentam temperaturas nas alturas todos os dias. Nesta segunda-feira (21), o termômetro instalado em um relógio digital da Reta da Penha, em Vitória, chegou a marcar 42°C graus.
O motorista de ônibus Vanderli Serafim, 48, consegue manter um bronze. Resultado de uma praia? Que nada. É o que acontece por estar, há seis anos, trabalhando nos coletivos. O sol bate direto aqui, disse, apontando para os braços. E, ao tirar o relógio e o anel, as marcas na mostram a diferença da pele protegida para a exposta ao sol.
Para fugir da desidratação, ele tem uma fiel escudeira: a garrafinha dágua. Bebo umas quatro por dia, conta.
O motorista aguarda, esperançoso, que a promessa de coletivos do Transcol com ar-condicionado, feita pelo Estado, se cumpra. Os 100 veículos devem começar a chegar em junho. Estou pensando em comprar uma manga térmica (tecido só para os braços que protege do sol). Mas tomara que tenha o ar-condicionado, por nossa causa e dos passageiros. Fica muito quente. O termômetro comprova: no momento da entrevista, um aparelho levado pela equipe de reportagem ao ônibus marcava 34,6°C.
ENJOO
Hoje está até fresco, afirmou o motoboy Renan Vinicius Goes, 27, quando o termômetro da reportagem marcou 31,7°C em Bento Ferreira, na Capital, no momento da entrevista. Para se refrescar, ele também aposta na garrafa dágua, além de uma blusa com proteção solar. O calor me causa enjoo e dor de cabeça. Por isso, bebo muita água, relatou.
O gari Álvaro Dias, 49, varria as ruas da Praia de Itaparica, em Vila Velha, enquanto o termômetro marcava 32,7°C. Ele não esquece a proteção: óculos escuros, boné, protetor solar e blusa térmica. Ao menos aqui na praia venta. Quando é dentro dos bairros fica mais abafado, devido aos prédios ao redor, relatou.
Álvaro, que está na profissão há nove anos, também se mantém hidratado.
As precauções estão corretíssimas, porque há risco para a saúde. A temperatura sobe e isso pode levar até à morte, porque a pressão baixa e não há transpiração. A pessoa não deve ficar sem tomar líquido, orientou clínico geral Michael Assbu.
ADAPTAÇÃO
As altas temperaturas também mexem, diretamente, com o humor. Em dias quentes fico mais estressado e sinto dores de cabeça, revelou Vanderli.
Não é por acaso. Em situações que mexem com o organismo, o corpo recorre a um mecanismo de defesa. A pressão baixa, o raciocínio diminui. O calor demais aumenta a produção de hormônios, por exemplo. É a questão de adaptação. Depende da condição de estresse, de acordo com a intensidade. Isso tira a tranquilidade, explica o médico.
Sobre o termômetro da Reta da Penha, a prefeitura informou que o aparelho está com a medição correta. Os equipamentos fazem sua própria medição, levando em conta fatores como temperatura do asfalto, incidência de ventos, fachadas próximas e poluição, que influenciam diretamente na leitura realizada, apontou, em nota. Segundo o Instituto Climatempo, a temperatura geral na Capital chegou a registrar 35°C ontem.
COM AUMENTO DE VENDAS NO VERÃO, ELE SE PROTEGE BEM
Embora prefira o calor pois as vendas aumentam nessa época do ano o vendedor de picolé José Luiz Queiroz, 55, se preocupa com a saúde por estar exposto ao sol a todo momento. Mas não tem jeito. Temos que trabalhar, disse ele, que está na função há três anos.
A rotina de José não é fácil. O vendedor percorre de 15 a 20 km no calorão de Vila Velha todos os dias. Saio de Santa Mônica, vou até a Praia da Costa, depois volto. De vez em quando aproveito uma sombra e paro para descansar ou dou uma pausa para o lanche, comentou.
Nos dias de calor o vendedor de picolé toma bastante cuidado. Vai para as ruas usando boné, carregando uma garrafa dágua, além de estar sempre de protetor solar. O esforço, para ele, vale a pena. No inverno não vendo quase nada. Já no verão, sim. No tempo quente é muito bom, pois as vendas aumentam, finalizou.
INSOLAÇÃO
O médico Michael Assbu alerta para o risco de insolação para os que trabalham em ambientes abertos, como é o caso de José. O líquido é essencial. O modo mais fácil é tomar água. Se quiser sofisticar, pode tomar uma água de coco, orientou. Durante a transpiração, diz Michael, há perda de líquido. Por isso, é necessário beber água.
Em ambientes externos, com altas temperaturas, outros sintomas também aparecem. Faz a pressão cair, a pessoa urina menos, além de provocar taquicardia, comenta.
Em caso de insolação, é essencial que a pessoa seja levada, imediatamente, para a sombra e depois levada a um hospital.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta