> >
Superleitor já leu mais de 100 títulos da biblioteca de Vitória

Superleitor já leu mais de 100 títulos da biblioteca de Vitória

Os livros transformaram a vida de Ramon do Santos, 32, que voltou a estudar após 10 anos

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 01:51

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Um dia, em meados de 2017, Ramon do Santos, 32 anos, passou em frente a um prédio histórico do Centro de Vitória e resolveu entrar. No local, funciona a Biblioteca Pública Municipal Adelpho Poli Monjardim, no antigo casarão Cerqueira Lima. Desde então, se iniciou uma paixão pelo mundo da leitura e Ramon já contabiliza 115 títulos lidos e muitas histórias para contar.

“A experiência que tive com a literatura provocou uma mudança total da minha vida, tanto no âmbito social, quanto educacional e até na minha saúde”, diz.

Na época, Ramon estava desempregado. Ele havia parado de estudar por 10 anos porque precisou trabalhar ainda muito jovem e, graças à experiência com a leitura, resolveu voltar para a sala de aula. Há seis meses, ele iniciou o ensino médio e agora quer ir mais longe. “Nas aulas, as pessoas perguntam ‘como você sabe disso?’ e eu respondo ‘porque eu leio’. Meu sonho agora é fazer faculdade. Quero ser médico”, diz.

Apesar de ser morador de Vila Velha, Ramon elegeu a Biblioteca de Vitória como seu refúgio. Recentemente, ele conseguiu um emprego como representante comercial e lamenta que o tempo dedicado aos livros tenha diminuído. “Agora que estou trabalhando e estudando estou com menos tempo, mas já li sete livros só neste ano”, conta.

Além do fator profissional e educativo, ele diz que a leitura o ajudou no tratamento contra ansiedade, que ele já segue há anos. Segundo Ramon, parar para ler um livro, o faz acalmar a mente e favorece a concentração. “O autor te dá um mundo para viajar. O ato de ler faz você parar um pouco, para entender o que está sendo dito.”

A influência do mundo da leitura contagiou também quem convive com o representante comercial. A irmã e a mãe, que moram na mesma casa, agora querem indicações de leitura e pedem que ele pegue os livros na biblioteca para que elas leiam. “As pessoas ao meu redor começaram a ler também. Foi uma revolução na minha casa”, afirma.

Dentre os preferidos de Ramon estão os livros de ficção e fantasia. O mais marcante, ele conta, foi a série Crônicas de Gelo e Fogo – com cinco volumes de mais de 800 páginas cada – que ele diz ter lido inteira duas vezes em 2018. A série, escrita por George R. R. Martin, virou série de TV sob o nome Game of Thrones.

Para o secretário de Cultura de Vitória, Francisco Grijó, a biblioteca e todos os seus projetos de incentivo à leitura é uma política pública muito séria que tem um retorno muito positivo para o cidadão capixaba. “O livro nunca vai perder a importância que tem como difusor de conhecimento e entretenimento. ele é eterno, não vai desaparecer”, afirma.

A Biblioteca Adelpho Poli Monjardim fica no Centro de Vitória e funciona de meio-dia às 19h. Segundo o secretário, o local recebe cerca de 4,6 mil pessoas por ano, já os projetos de incentivo à leitura, destinados principalmente a crianças e adolescentes, atingiram mais de 9 mil capixabas.

MAIS DE 90 LIVROS LIDOS EM VIAGENS DE ÔNIBUS

Como muitos trabalhadores, o repositor de mercadorias Gilberto Pereira da Silva, 42 anos, passa horas no transporte público. O tempo de percurso, no entanto, não é perdido: ele aproveita as quatro horas de trajeto para ler. Dessa forma, Gilberto devorou cerca de 90 livros no ano passado, todos obtidos na Biblioteca Municipal Madeira de Freitas, em Campo Grande, Cariacica.

Gilberto mora em Serra Dourada, na Serra, e trabalha em um supermercado em Santa Fé. Cada trajeto leva cerca de duas horas. “Eu leio um livro na ida e outro na volta. Em casa, ainda aproveito para pegar uma terceira leitura”, conta.

Desde 2016, o repositor de mercadorias é frequentador assíduo da biblioteca. A cada 15 dias, pega cinco livros. As áreas de preferência são, entre outras, psicologia, filosofia e psicanálise. “Eu uso o que aprendo nas minhas leituras no meu dia a dia. A leitura me ajudou a ser uma pessoa mais calma, mais equilibrada e observadora.”

Gilberto lamenta que o hábito não seja compartilhado por mais pessoas. “Tem que começar aos poucos, com jornais e revistas, para depois ir para as leituras maiores”, orienta.

Este vídeo pode te interessar

O repositor Gilberto gosta de psicologia e filosofia. (PREFEITURA MUNICIPAL CARIACICA)

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais