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Arrombamentos e furtos em Vitória preocupam população

Arrombamentos e furtos em Vitória preocupam população

Associações reclamam de crimes cometidos por moradores de rua

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 02:43

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Morador de rua dorme em banco próximo à Praia da Guarderia, em Vitória. (A Gazeta)

 

Alguns moradores de rua têm trazido problemas para a Capital. Isso porque eles são apontados por comerciantes e líderes comunitários como responsáveis por cometer crimes como arrombamento, roubos e furtos. No entanto, esse tipo de problema está longe de ser resolvido pelo poder público, que não faz um trabalho integrado: de um lado, a polícia diz ser um problema social e de saúde pública. De outro, a prefeitura aponta que crimes cometidos por essas pessoas são de responsabilidade da Guarda Municipal e da polícia.

A coordenadora geral da associação de moradores de Jardim da Penha, Sandra Lima Carneiro, vem constatando o aumento de pessoas em situação de rua no bairro há três meses. 

Ela acredita que na região esse aumento tem relação com os próprios moradores do bairro que são caridosos e acabam ajudando. “A associação recomenda que evitem dar dinheiro para pessoas que vivem na rua, e sim para as instituições que possam acolhê-los. Dessa forma, eles vão a esses postos buscar ajuda e podem até buscar tratamento”, disse.

Quem teve o estabelecimento arrombado em Jardim da Penha em janeiro por duas vezes por uma pessoa que vive na rua foi a proprietária de lanchonete Andréa Cardoso, de 54 anos. Só que, na segunda vez, o homem não conseguiu levar dinheiro porque ela parou de deixar o troco no local.

O prejuízo do primeiro arrombamento do ano foi de R$ 130, dinheiro de troco que estava no caixa, e mais R$ 600 com o conserto da porta. “É importante ressaltar que a polícia está presente. O que reclamo é da quantidade de pessoas morando na rua que há em Jardim da Penha. Não temos sossego para trabalhar”, disse.

Quem também tem preocupação com o número de pessoas nessa situação é o presidente da Associação de Moradores da Praia do Canto, César Saade. Ele diz que no bairro também há relatos de roubos e arrombamentos causados por pessoas que estão na rua.

“Essas pessoas ficam muito expostas, muitas delas para anestesiar todo o sofrimento acabam se tornando usuários de drogas. A partir do momento que não têm dinheiro, partem para o crime contra o patrimônio”, aponta.

Homem dorme debaixo de árvore na Praia do Canto. (A Gazeta)

RESPONSABILIDADE 

A subsecretária de Assistência Social da Prefeitura de Vitória, Anabel Araújo Gomes Pereira, relata que qualquer pessoa que cometa algum crime tem que ser corrigida pelas forças de segurança.

“Nós fazemos a nossa parte, mas, por lei, não podemos tirar ninguém à força da rua. Quando essa pessoa comete alguma infração, ela tem que ser punida pelas leis de segurança, sendo de responsabilidade da Polícia Militar e da Guarda Municipal”, comenta.

Já a Polícia Militar informa que realiza policiamento ostensivo em todos os bairros citados e que conta com a participação das comunidades para denunciar as situações de risco. No entanto, ressalta que os fatos que envolvem usuários de drogas e moradores de rua continuam sendo uma questão de saúde pública e social, por isso apoia acompanha ações da Prefeitura Municipal, que é quem possui a responsabilidade de planejar políticas públicas para esse público.

“A PM lembra que só pode deter pessoas em flagrante delito e, caso algum morador presencie algum crime, deve acionar o Ciodes (190) para que uma viatura seja encaminhada ao local”, diz em nota.

Morador de rua se abriga sob banco de calçada de loja. (A Gazeta)

ANÁLISE

DEGRADAÇÃO HUMANA

A crise financeira afetou as economias do mundo todo, inclusive do Brasil. Isso incide diretamente no salário do trabalhador, que se vê obrigado a assumir dívidas para a subsistência da família. Nesse cenário, de salários corroídos e famílias endividadas, muitos ainda perdem o emprego e a capacidade de pagar aluguel e vão morar na rua. Soma-se a isso a depressão que se abate sobre esses indivíduos, endividados e sem poder de se manter no mercado, começam a se embebedar, ou a usar drogas mais pesadas, iniciando-se um processo de degradação humana. Muitos, completamente excluídos do mercado de trabalho e do circuito do consumo, já não tem mais nada a perder e passam a roubar daqueles que ainda conseguem se manter.

Rafael Rezende Sociólogo

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Sem-teto adormecido ao lado de carrinho com pertences. (A Gazeta)

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