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Deputados podem entrar na Justiça por terminais

Deputados podem entrar na Justiça por terminais

Ação judicial será o caminho caso o Estado não resolva problemas nas estruturas

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 01:25

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Armadura metálica exposta. (REPRODUÇÃO RELATÓRIO CREA-ES)

A Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo ameaça entrar na Justiça para obrigar o Estado a fazer obras de reparo na estrutura dos terminais do Transcol na Grande Vitória.

Relatórios feitos depois de vistorias do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-es) apontaram diversos problemas estruturais nos dez terminais, como trincas em vigas de sustentação, instalação elétrica exposta, rachadura no piso, telhados com furos, extintores de incêndio vazios e até barata na caixa d’água. O relatório ainda destacou que muitas das anomalias têm em sua origem erros na época da construção. 

Os parlamentares da comissão, presidida pelo deputado Marcelo Santos, aprovaram a emissão de uma nota recomendatória pedindo que o Estado se comprometa a resolver as falhas apontadas pelo Crea.

“Caso não seja cumprido o que está na nota, nós ajuizaremos uma ação e provocaremos os órgãos de fiscalizações e controles para agir, cobrando os responsáveis”, reforça o deputado.

RELATÓRIO

O relatório do Crea foi apresentado na comissão em uma reunião que aconteceu ontem. Vice-presidente do conselho, Ricardo Guariento alerta que a vistoria concluiu que hoje não há um plano de manutenção nos terminais, alguns construídos há 29 anos. A falta desse plano, segundo ele, pode gerar, no futuro, um colapso nas estruturas, colocando em risco os passageiros.

“Vou fazer uma parâmetro aqui: quando é que você vai no médico? Quando você nasce. É a mesma questão da engenharia. Precisa de manutenção a partir de quando? A partir do momento que você entrega a obra. Principalmente onde a água passa, seja na estrutura metálica ou na estrutura de concreto porque a passagem dessa água vai gerar oxidação de armadura, oxidação de estrutura e a longo prazo a gente pode ter um colapso da estrutura”, reforça.

O terminal com problemas mais graves é o de Itaparica, em Vila Velha, que está interditado desde julho de 2018. No terminal de Laranjeiras, na Serra, a vistoria indicou a necessidade de trocar metade do telhado da unidade.

INTERDIÇÃO

Segundo o engenheiro civil Jaime Veiga de Oliveira , que coordena o grupo de trabalho do Crea responsável pelas vistorias, uma primeira análise superficial mostra que pode ser preciso interditar parcialmente o terminal de Laranjeiras para as obras. “A princípio, a coloração dali demonstra que o estado de corrosão está avançado. Provavelmente, vai ter que se trocar aquela parte toda. Quando for retirar as telhas daquele local, não tem como fazer com as pessoas embaixo", disse.

Fios à mostra. (REPRODUÇÃO RELATÓRIO CREA-ES)

SAIBA MAIS

O QUE DIZEM OS RELATÓRIOS

Principais problemas

10 terminais

Armadura em estado avançado de corrosão e início de desplacamento do cobrimento de concreto em vigas e pilares;

Vigas com espaçamentos muito acima do devido proveniente da movimentação da estrutura e não colocação do material expansivo, podendo desestabilizar a estrutura;

Trincas não coincidentes com as juntas de trabalho ou de movimentação nos pisos das plataformas de embarque;

Para-raios com corrosão avançada e com fios aparentes e soltos;

Sinais de infiltração nas coberturas e vigas de concreto;

Falhas nos sistemas de combate a incêndio;

Falhas na acessibilidade dos Terminais;

Coberturas metálicas dos terminais em avançado estado de corrosão;

Fios elétricos expostos e próximos a tubulações de água;

Banheiros sem condições de uso, sem portas; Falha na acomodação do piso.

GOVERNO PROMETE REFORMAS ATÉ DEZEMBRO

Obras começaram na pista do Terminal Jardim América. (Fernando Madeira)

O diretor-geral do Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), Luiz Cesar Maretto Coura, explicou que ainda não recebeu os relatórios realizados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), mas reconhece a falta de manutenção dos terminais. Ele acredita que até o final do ano todas as reformas dos 10 terminais estarão concluídas.

“Os relatórios demonstra, de fato, que nesses últimos anos não foi feito nenhum tipo de manutenção, não só nos terminais, mas em vários outros prédios. Estamos em um mês e meio de gestão e independentemente de os relatórios chegarem, já iniciamos um processo de manutenção desses prédios”, esclareceu.

 

Maretto explicou que a secretaria desde o início do ano começou a realizar a requalificação da pista nos terminais. O primeiro a receber a obra foi o Terminal de Laranjeiras e ontem teve início essa fase no Terminal de Jardim América, em Cariacica. A obra deve durar cerca de 60 dias. Em seguida, serão feitos reparos nos Terminais de São Torquato e Ibes.

Ele garante que essa é a primeira fase de melhorias dos terminais que serão realizadas pelo Governo do Estado. Outras avaliações, como parte elétrica, hidráulica, telhado e pintura estão sendo feitas. “Nós vamos fazer obra no que for necessário, mas garanto que nenhum terminal corre risco de desabamento”, conclui Maretto.

O diretor-geral não soube informar de quanto seria o investimento. No entanto, a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop) informou, em nota, que o orçamento prevê investimentos da ordem de 18 milhões ao longo de 2019 para obras de reforma e manutenção de terminais.

MANUTENÇÃO

O secretário esclareceu ainda que o Iopes tem responsabilidade de realizar a obra, mas a manutenção deve ser feita pela Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES).

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A Ceturb foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, uma vez que o relatório do Crea-ES aponta que os terminais apresentam condições físicas “preocupantes”. A situação ocorre, principalmente, devido à ausência de um sistema de manutenção preventiva ou corretiva. No entanto, até o horário de fechamento não houve retorno da companhia. (Raquel Lopes)

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