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Lama Cirúrgica: mais quatro médicos e empresas investigadas

Lama Cirúrgica: mais quatro médicos e empresas investigadas

Depoimentos apontam mais envolvidos no caso

Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 01:55

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Pelo menos mais quatro médicos e outras empresas do ramo hospitalar estão envolvidos no reprocessamento de material cirúrgico de uso único, cobrando de planos de saúde como se eles fossem novos. A ampliação dos envolvidos nas fraudes investigadas pela Operação Lama Cirúrgica surgiu nos depoimentos de delações premiadas e já são alvos de investigações do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc).

Fontes ouvidas pela reportagem não descartam inclusive a realização de uma quinta fase da operação. Em fases anteriores foram identificadas um total de nove pessoas – entre médicos e empresários – que atuaram nas fraudes e foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual. Eles já são, inclusive, réus na Justiça estadual, que realizou no final do ano passado a primeira audiência.

Dentre os denunciados, pelo menos quatro lançaram mão de delação premiada. Entre eles, o enfermeiro Thiago Waiyn e os empresários Gustavo Deriz Chagas e Marcos Roberto Krohling Stein, ligados à Golden Hospitalar, que foram presos em 2017. O último a lançar mão do benefício foi o ortopedista Rodrigo Souza Soares. 

Foram os depoimentos fornecidos por estas pessoas, no segundo semestre do ano passado, que abriram novos horizontes para a investigação, trazendo à tona a participação de outros profissionais médicos e ainda de outras empresas ligadas ao ramo hospitalar.

Por nota, o Nuroc informou que o inquérito está tramitando sob sigilo e que “informações não serão passadas para não atrapalhar as investigações”.

Segundo denúncia do Ministério Público do Estado (MPES), pelo menos 52 cirurgias foram feitas pelos médicos envolvidos nas fraudes com indícios de uso de material reprocessado. A fraude consistia em cobrar de planos de saúde, como se fossem novos, material cirúrgico de uso único, mas por eles ilegalmente reprocessados.

Durante as investigações, a polícia divulgou que mais de 2.500 casos de reprocessamento estavam sob suspeita, mas a denúncia cita apenas 80 cirurgias. Dessas, 52 casos são de reprocessamento em cirurgias ortopédicas, sendo que somente 27 procedimentos são detalhados pela investigação.

Foram denunciados e se tornaram réus três ortopedistas, Nilo Lemos Neto, Marcos Robson de Cássia e Rodrigo Souza Soares, todos chegaram a ser presos. O último é sócio da Golden Hospitalar, empresa que, segundo as investigações, revendia o material reutilizado.

A denúncia também cita os responsáveis por uma outra empresa, a Esterileto, que esterilizava e reprocessava materiais cuja reutilização é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Neste caso, são réus: Carlos Eduardo Rodrigues Soares, Mônica de Carvalho Marinho Borges e Marcelo de Carvalho Marinho.

Além de alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, os médicos e os sócios da Golden também respondem por estelionato. A denúncia aponta que eles cobravam dos planos de saúde produtos que não eram utilizados na cirurgia, o que o MP chama de produto “fantasma”. Além disso, usaram materiais de valor inferior para o ato cirúrgico, mas cobravam dos planos de saúde produtos de maior valor agregado.

A INVESTIGAÇÃO

LAMA CIRÚRGICA

Operação policial

Realizada pelo Nuroc para investigar as fraudes envolvendo o reprocessamento de material cirúrgico de uso único, na área ortopédica, cobrando de planos de saúde como se eles fossem novos. Foi identificado a prática de crimes contra a saúde e estelionato.

FASES

As investigações começaram em outubro de 2017. Em janeiro e fevereiro de 2018 foram presos os empresários Gustavo Deriz Chagas e Marcos Roberto Krohling Stein, donos da Golden Hospitalar, além do enfermeiro Thiago Waiyn.

Ainda em janeiro de 2018, o Nuroc cumpriu dois mandados de busca e apreensão na empresa Alfa Medical LTDA, em Vitória.

Em fevereiro de 2018, o Nuroc recolheu materiais cirúrgicos que já deveriam ter sido descartados, na empresa Comercial Costa Gomes LTDA, em Cariacica.

No final de fevereiro de 2018, dois ortopedistas foram presos: Rodrigo Souza Soares e Marcos Robson de Cássia Alves Júnior. Segundo a polícia, Rodrigo não só se beneficiava do esquema de reutilização ilegal de materiais da Golden Hospitalar, como também era sócio da empresa. Já Marcos receberia altas quantias para utilizar os materiais em suas cirurgias.

DENÚNCIA 

Ministério Público

Em abril do ano passado, um total de nove pessoas foram denunciadas por envolvimento nas fraudes que envolviam o reprocessamento de material cirúrgico de uso único, cobrando de planos de saúde como se eles fossem novos.

DELAÇÕES

Premiadas

Quatro pessoas optaram pela delação premiada: o enfermeiro Thiago Waiyn, os empresários Gustavo Deriz Chagas e Marcos Roberto Krohling Stein, ligados à Golden Hospitalar, e o médico ortopedista Rodrigo Souza Soares, que também era sócio da empresa.

JUSTIÇA

Estadual

Ainda em abril de 2018 a Justiça estadual aceitou a denúncia e os nove pessoas se tornaram réus. A primeira audiência ocorreu no final de 2018.

 

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