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Polícia Civil descobre plano de resgate de preso do PCC e impede fuga

Polícia Civil descobre plano de resgate de preso do PCC e impede fuga

A ação ocorreria no último dia 14, para quando estava marcada uma audiência, no Fórum Criminal, no Centro de Vitória

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 02:07

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Fórum em Vitória onde aconteceu audiência em que preso participou. Plano era libertá-lo na ocasião. (Vitor Jubini)

Uma tentativa de libertar uma liderança criminosa da Grande Vitória, por facções ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, foi descoberta na última semana. A ação ocorreria no último dia 14, para quando estava marcada uma audiência, no Fórum Criminal, no Centro de Vitória.

Um dia antes, entretanto, a Polícia Civil obteve as informações e frustrou o plano de resgate ao alertar a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) – responsável pela administração dos presídios e transporte dos presos –, e ao Juizado da 3ª Vara Criminal da Capital. Com isto, a audiência ocorreu na data prevista. Não há detalhes de como seria executada a fuga.

O alvo do resgate seria o preso Leandro Reis Ramos. Preso no final do ano passado ele seria membro de uma quadrilha que atuava na Ilha de Santa Maria, em Vitória. Ele está detido no Centro de Detenção Provisória de Viana II. 

INFORMANTE

Nos documentos a que a reportagem de A GAZETA teve acesso, é relatado que a informação foi repassada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). É dito que “um informante teria relatado uma possível tentativa de resgate” e que ela seria executada pela “organização criminosa conhecida como PCC”.

O delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, confirmou que a DHPP fez o alerta tanto para a Sejus quanto para o Judiciário. “Foram avisados para se precaverem e para que tomassem as medidas que avaliassem necessárias, como mudança de roteiro do transporte, apoio de policiais e aumento da segurança”, explicou.

De acordo com Arruda, tem sido uma rotina entre os setores de inteligência dos vários segmentos a troca de informações para melhorar a segurança. “O monitoramento é frequente assim como a troca de informações. Elas são trazidas e checadas, e não se pode subestimar uma informação de que pode haver uma ação como esta. Não vamos deixar acontecer”, assinalou.

Relatou ainda que em algumas situações a Sejus pede até um apoio. “Nesse caso a DHPP deu um apoio. Se algo acontecesse, não foi por falta de reforço e preparo”, acrescentou, destacando que em situações extremas até a audiência pode ser adiada.

Quanto à ligação do detento com o PCC, Arruda disse que não podia confirmar a informação “por não estar com todos os papéis em mãos”.

Por nota, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que recebeu as informações sobre o suposto plano de resgate do réu, com audiência marcada para o último dia 14 de fevereiro. As informações foram repassadas pela “equipe de inteligência, que atua de forma preventiva e eficiente, e em parceria com outras forças policiais e com o Poder Judiciário”, diz o texto.

A nota informa ainda que “a escolta foi reforçada e procedimentos padrões adotados, a fim de evitar qualquer tipo de intercorrência. A audiência foi realizada normalmente, sem registro de problemas, na data prevista.”

A Sejus explicou ainda que a escolta é feita com o nível de segurança indicado para cada caso e nas situações em que é identificada uma possível situação de resgate de preso. Nas situações ainda que é identificado alguma informação consistente e relevante para o Poder Judiciário, é feita uma comunicação à Vara que solicitou o preso para que o juiz possa redefinir a realização da audiência para garantir a segurança para todas as partes. O que não foi necessário neste caso uma vez que o resgate foi frustrado.

Já a Coordenadoria das Varas Criminais do Tribunal de Justiça do Estado informou que não se manifestaria por este ser um assunto de trato sigiloso.

PEDIDO PARA SOLTAR CRIMINOSO FOI NEGADO

Leandro atuava na Ilha de Santa Maria. (Polícia Civil/Divulgação)

Sete dias antes da realização da audiência em que o preso Leandro Reis Ramos seria resgatado, ele teve negado o seu pedido de revogação da sua prisão preventiva pela Justiça estadual. A decisão de não soltá-lo foi do dia 7 de fevereiro e a Justiça ainda manteve a data da audiência e julgamento no dia 14 último, que de fato ocorreu.

Em sua decisão, o juiz da 3ª Vara Criminal de Vitória, Gustavo Grillo Ferreira, informa: “No que tange a garantia da ordem pública, há de se acentuar que as medidas cautelares diversas da prisão, não são suficientes, de modo que o estado de liberdade do denunciado poderá colocar em risco a segurança social.”

Leandro foi preso em outubro do ano passado. Em janeiro deste ano, a denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual foi aceita pela Justiça estadual.

Sua prisão decorreu de uma operação realizada pela Polícia Civil, que o identificou como membro de uma quadrilha que atuava na Ilha de Santa Maria, em Vitória, onde comandariam o tráfico de drogas.

Dela fariam parte sete criminosos, incluindo um menor, e que teriam sido responsável por pelo menos três homicídios e outras sete tentativas de homicídios entre junho de 2017 a maio de 2018. A informação foi do delegado Marcus Vinicius, que em maio do ano passado realizou uma operação da qual participaram 125 policiais, quando prenderam o líder da quadrilha e um menor.

Na ocasião Leandro e outras quatro pessoas fugiram. Mas o mandado de prisão deles foi expedido e o detento que seria alvo do resgate acabou sendo preso em outubro de 2018, após a realização de uma outra operação policial, como ele mesmo relata em depoimento à Justiça estadual. “Informa que os policiais tiveram em sua residência pois possuíam contra o interrogando um mandado de prisão”, diz o texto de seu depoimento.

O processo trata de suposta prática de crime de tráfico de drogas e posse de uma arma de uso restrito. No mesmo depoimento ele informa ser “suspeito de homicídios junto com outras quatro pessoas e que responde a outro processo de homicídio com o mesmo grupo”. Também é declarado que durante a operação, a polícia encontrou uma arma – uma pistola – abandonada por Leandro no teto de sua casa e que dentro da casa foi encontrado entorpecente.

No mesmo depoimento ele relatou ainda que “quando fazia parte do tráfico junto com o pessoal do morro do Forte São João normalmente tinha a função de vender drogas”. Mas acrescentou que às vezes também “ficava no rádio avisando a chegada da polícia ou de rivais”.

O advogado de defesa de Leandro Reis Ramos não foi localizado pela reportagem.

SÃO PAULO TRANSFERE LIDERANÇAS QUE IRIAM FUGIR

Plano era libertar Marcola, o líder do PCC. (Reprodução)

Em São Paulo, na semana passada, 22 lideranças do PCC foram transferidas para presídios federais, incluindo Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, o líder máximo da facção.

A medida foi adotada após uma investigação comandada pelo Ministério Público, Polícia Civil e outros órgãos federais descobrirem que o PCC (Primeiro Comando da Capital) se preparava para resgatar Marcola do presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Informação divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo.

Desde novembro, já havia previsão de transferência dos membros do PCC para unidades federais. Eles foram levados para Mossoró (RN), Brasília e Porto Velho (RO). Sete foram transferidos porque haviam sido alvos da operação Echelon em 2018. Outros 15 porque fazem parte da sintonia geral final do PCC, com seu primeiro e segundo escalão.

Marcola é o último grande líder de facção criminosa do país a ir para a rede de presídios federais. Lá já estão seu rivais de outras facções – Comando Vermelho e da Família do Norte – e seus aliados do Terceiro Comando Puro.

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Com a operação, o presidente Jair Bolsonaro emitiu um decreto autorizando o uso das Forças Armadas no entorno de presídios federais de Rondônia e Rio Grande do Norte para garantir a segurança dos presídios onde agora está parte de cúpula do PCC.

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