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Rodoviários de mais uma viação do Transcol também param as atividades

Rodoviários de mais uma viação do Transcol também param as atividades

Viana foi a cidade da Grande Vitória mais afetada e praticamente não houve circulação de ônibus no município pela manhã

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 10:09

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Rodoviários de mais uma viação do Transcol também param as atividades. (Caíque Verli)

Rodoviários de mais uma empresa que opera no Transcol cruzaram os braços nesta quarta-feira (13). Além da Viação Santa Zita, em Viana, com a saída de ônibus bloqueada desde esta terça-feira (12), motoristas e cobradores da empresa Praia Sol, em Vila Velha, também iniciaram uma paralisação.

Assim como os rodoviários da Santa Zita, os motoristas e cobradores da Praia Sol também protestam contra a contratação em modelo de jornada reduzida, de 5h de trabalho/dia. Os ônibus da viação Vereda, que ficam na mesma garagem da Praia Sol, também não rodaram na manhã desta quarta.

Há relatos de pontos de ônibus lotados em vários bairros de Vila Velha. Segundo o sindicato, são 280 ônibus parados nessas empresas.

POPULAÇÃO AFETADA 

A cozinheira Lucimar Tavares contou que saiu de Cariacica Sede às 5h e teve que esperar uma colega no Terminal do Ibes para irem juntas de Uber ao trabalho. "A empresa vai pagar o Uber. Vamos chegar atrasadas e temos que fazer o café do pessoal da firma".

Quem também precisou esperar no Terminal do Ibes foi a enfermeira Odileia de Deus. "Saí de Cariacica e já estou no Terminal do Ibes. Vou ter que pegar carona para chegar no trabalho".

O jovem Wesley de Oliveira, 21 anos, não conseguiu ir para o curso técnico de automação industrial. "Vim para o terminal andando, uns 20 minutos, e não tem ônibus aqui no terminal para me levar pra Vitória. Vou tomar falta de graça".

A estudante Rafaela Rangel, 14 anos, está na mesma situação. "Era para estar no colégio, em Praia de Itaparica, às 7h e ainda estou aqui no terminal. Ficamos sabendo aqui que não tem ônibus".

Sem ônibus, passageiros esperam por carona, Uber ou táxi no terminal.

425 COLETIVOS PARADOS 

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) informou na manhã desta terça-feira que o Sindirodoviários insiste em um movimento ilegal. Veja a nota na íntegra. 

"O Sindirodoviários insiste em um movimento ilegal, e hoje fechou as saídas de duas garagens. Pegaram mais uma vez a população de surpresa, impedindo o direito de ir e vir, alegando o descumprimento da convenção coletiva. Eles questionam a jornada reduzida praticada por algumas empresas, que está prevista no artigo 58 da CLT. Reforçamos que as empresas estão agindo de acordo com a lei.

Ressaltamos que a decisão do Tribunal Regional do Trabalho sobre essa questão já estava marcado há alguns dias para hoje, às 13 horas. Ou que não justifica essa paralisação, já que a discussão estava nas mãos da justiça.

São 425 coletivos parados, prejudicando linhas que atendem Viana, Cariacica e Vila Velha. O Seletivo também está sendo prejudicado, e 30% da frota do Mão na Roda também não estão circulando. Um total de 884 trabalhadores impedidos de sair das garagens.

Reforçamos que não havia nenhuma reunião marcada com o Sindirodoviários para a tarde de ontem."

QUASE 20.000 PASSAGEIROS PREJUDICADOS

Trabalhadores da Viação Santa Zita na frente da garagem da empresa. (Caíque Verli | CBN )

19 mil passageiros ficaram prejudicados por uma paralisação de rodoviários que trabalham para a Viação Santa Zita. Motoristas e cobradores impedem, desde o início da manhã desta terça-feira (12), a saída de ônibus da empresa, afetando a operação de 50 linhas do sistema Transcol que circulam por Viana, Cariacica, Serra e Vila Velha.

Viana é a cidade da Grande Vitória mais afetada e onde praticamente não houve circulação de transporte público de passageiros pela manhã. Como reflexo dessa paralisação, o Terminal de Campo Grande, em Cariacica, ficou sem cobrador de 4h30 até 7h00 e passageiros embarcaram sem pagar pela  passagem.

Os rodoviários protestam contra a jornada reduzida de trabalho. A jornada habitual é de 7 horas/dia, mas a empresa estaria contratando novos profissionais por 5 horas de trabalho e com salário proporcionalmente menor. O sindicato das empresas informou que não há ilegalidade neste modelo de contratação e alerta que a paralisação é que pode ser considerada ilegal, já que não houve aviso prévio à população.

AGRESSÃO

O Sindicato dos Rodoviários afirma também que o cobrador de ônibus Lésio Messias Barcelos de Almeida, funcionário da viação Santa Zita, foi agredido na segunda-feira (11) dentro de um coletivo onde trabalha, por usuários que queriam pular a roleta do ônibus e não pagar a passagem. De acordo com o sindicato, ao tentar impedir a passagem dos usuários sem o pagamento da tarifa, o cobrador foi espancado.

O Sindirodoviários afirma, em um informativo endereçado aos trabalhadores, que as empresas de ônibus exigem que motoristas e cobradores coíbam passageiros de pular a roleta e que impeçam a atuação de vendedores ambulantes dentro dos ônibus. Segundo o sindicato, essas não seriam funções a serem exercidas pelos trabalhadores, o que acabam colocando-os em risco, como no caso ocorrido com o cobrador Lésio.

BLOQUEIO

O bloqueio da garagem da Viação Santa Zita começou às 3h30 da madrugada desta terça-feira (12). Por conta disso, os pontos de ônibus em Viana ficaram lotados no horário de pico, no início da manhã. A ajudante de cozinha Nilceia Vieira mora em Marcílio de Noronha, bairro de Viana, e trabalha em Vila Velha. Chegou no ponto antes mesmo do dia amanhecer, mas ficou mais de duas horas esperando até desistir de chegar ao trabalho. Ela ficou amedrontada no ponto.

"Acordo cedo para trabalhar, pego meu ônibus 5h30. A gente tem medo de assalto. As pessoas passam e a gente fica ressabiada. Eu fico com medo".

A babá Cingeli Vicente, que também trabalha em Vila Velha, não conseguiu chegar cedo no serviço. "Precisam de mim no serviço porque sou babá. Já avisei meus patrões e eles pediram para esperar até 11h. Se não acabar a paralisação, terei que voltar para casa mesmo porque não tem ônibus em Viana", contou.

GVBUS

O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) afirmou que a paralisação é ilegal porque não houve publicação de edital informando à população, com 72 horas de antecedência, como prevê a Lei de Greve. O sindicato patronal disse que vai acionar a Justiça, solicitando que os rodoviários liberem a saída da garagem imediatamente.

CETURB

Já a Ceturb garantiu, em nota, que vai punir o consórcio das empresas pela paralisação de uma das viações. Segundo a Ceturb, o consórcio deveria ter feito o remanejamento da frota veículos de outras linhas.

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O presidente do Sindirodoviários, José Carlos Sales, afirmou na noite desta terça que uma reunião entre os representantes dos trabalhadores e o sindicato patronal estaria marcada para a tarde desta quarta-feira (13), as 13h30, na sede do Tribunal Regional do Trabalho, em Vitória, para tentar resolver o impasse. No entanto, o GV Bus não confirma a realização desta reunião. 

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