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Sob aplausos de fiéis, corpo de Dom Silvestre é enterrado em Vila Velha

Sob aplausos de fiéis, corpo de Dom Silvestre é enterrado em Vila Velha

O arcebispo emérito faleceu, aos 87 anos, na madrugada deste sábado (16)

Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 22:21

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Sob muitas homenagens, aplausos e recordações, milhares de capixabas se despediram neste domingo (17) do arcebispo emérito Dom Silvestre Luiz Scandian.

Durante o dia, foram realizadas missas a cada duas horas. A última missa de corpo presente foi realizada na Catedral de Vitória, às 15 horas, e reuniu mais de 1.500 pessoas, de acordo com a Arquidiocese de Vitória. Celebrada pelo arcebispo de Vitória Dom Dario Campos, reuniu bispos e dezenas de padres, diáconos e seminaristas. Eles utilizaram a estola roxa para simbolizar o luto.

Na homilia, Dom Dario relacionou a Dom Silvestre a frase bíblica da carta de Paulo a Timóteo: “combati o bom combate”, por sua participação ativa e articuladora no enfrentamento à corrupção nos anos 90 e 2000 e a voz combativa no Fórum Reage Espírito Santo.

O bispo Dom Geraldo Lyrio, que foi bispo auxiliar de Dom Silvestre, também relatou um episódio, do período em que moravam na residência episcopal.

“Ele acabou de almoçar e disse que ia ao bairro São Pedro. Quando perguntei o que ia fazer lá naquele horário, ele me disse: longe dos olhos, longe do coração. Então eu vou lá andar pelo bairro para ver os mais pobres de perto, para poder sentir de verdade essas pessoas e sua luta”, contou.

Esse olhar voltado principalmente para aqueles que mais precisam, apoiando sempre as pastorais sociais e lutas pelos Direitos Humanos, foi mencionado pela cunhada de Dom Silvestre, Noélia Oliveira Scandian, como a principal causa a que se dedicou. Além de familiar, Noélia trabalhou por muitos anos com o arcebispo na arquidiocese.

“Ele era um verdadeiro missionário, praticou de verdade a caridade. Lutava para que os mais pobres e oprimidos conseguissem uma inserção na sociedade. Por isso, em suas homilias, sempre criticou os abusos e desmandos dos governos com os gastos públicos”, lembrou.

Dom Silvestre deixa cinco irmãos: José, Cabral, Luiz, Gracinda e Maria.

Presenças

A última missa também contou com a presença de várias autoridades, como o governador Renato Casagrande (PSB), a vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), o ex-governador Paulo Hartung, o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), o presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Gama, o deputado federal Helder Salomão (PT), entre outros.

Casagrande frisou a importância de o Estado ter tido um líder religioso atuante nas causas sociais, em um período de grande fragilidade.

“Dom Silvestre cumpriu sua missão. Foi um líder religioso que fortaleceu a fé cristã, mas além disso fez um trabalho de comunicação com outras denominações religiosas e estabeleceu pontes. Tudo o que fez não se apagará”, afirmou.

Entre os religiosos, o padre José Pedro Lucchi foi um dos que tiveram grande proximidade com Dom Silvestre, ajudando, inclusive, a escrever um livro com sua história, intitulado “Serenidade em meio a altas ondas”.

“Ele foi um símbolo real de fé e amor a Jesus, realizações corajosas em favor dos humildes, um homem simples. Pediu renúncia ao arcebispado 4 anos antes da data prevista, pois já se sentia fragilizado, um gesto de humildade”, declarou.

Dom Silvestre começou a apresentar sinais da doença de Alzheimer em 2010. Em setembro de 2018, foi para a Casa de Repouso dos Padres do Reino Divino, em Minas Gerais, para poder receber mais cuidados.

O enterro do corpo do arcebispo emérito ocorreu no Cemitério do Bosque, em Alvorada, Vila Velha, para que ele ficasse na mesma sepultura de familiares.

A missa de sétimo dia está marcada para a próxima sexta-feira, dia 22, às 18 horas, na Catedral de Vitória.

COM CATEDRAL CHEIA, FIÉIS SE DESPEDEM DE DOM SILVESTRE

O corpo do arcebispo emérito Dom Silvestre Luiz Scandian foi velado desde a noite deste sábado (16) na Catedral Metropolitana de Vitória. Muitas pessoas foram ao local neste domingo (17) para se despedirem do líder religioso, que faleceu aos 87 anos, na madrugada de sábado. O corpo chegou à Catedral por volta das 22 horas de sábado.

Em seguida, a cada duas horas foram realizadas missas de corpo presente. A última aconteceu às 15 horas deste domingo. Depois, foi feito o translado do corpo até o Cemitério do Bosque, no bairro Alvorada, em Vila Velha, pelo Corpo de Bombeiros.

O local de sepultamento foi um pedido do próprio Dom Silvestre, por estarem no mesmo local os pais do arcebispo. Após cinco anos do sepultamento, os restos mortais serão levados até a cripta da Catedral de Vitória. (Com informações de Patrícia Scalzer)

SILÊNCIO DE UMA VOZ EM FAVOR DOS POBRES

Combativo, homem de fé, caridoso, preocupado com as pessoas e sempre pronto para defender os mais pobres e os injustiçados, mesmo que isso lhe custasse risco de vida, como no enfrentamento ao crime organizado no Espírito Santo. Algumas dessas expressões foram ouvidas ao longo de todo o dia de ontem, após a notícia da morte do arcebispo emérito de Vitória Dom Silvestre Luís Scandian, aos 87 anos, durante uma internação em que tentava se recuperar de uma meningite, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Por estar em Minas, o corpo de Dom Silvestre somente chegou à Catedral de Vitória às 22h30 de ontem. Entrou na igreja ao som da música “Virgem da Penha Minha Alegria”, um pedido do atual arcebispo Metropolitano de Vitória, Dom Dario Campos, por Dom Silvestre ser, segundo ele, “muito Mariano”.

“Dom Silvestre deixa um legado de simplicidade, de convivência com o povo, de ser um homem que sabia escutar, de uma espiritualidade muito profunda e totalmente voltado aos mais necessitados e pobres. Aqui em Vitória, a presença dele com os mais simples, com a Justiça, com aqueles marginalizados era bem marcante”, observou Dom Dario.

Dom Silvestre passou a vida na missão de evangelizar, o que incluía o olhar pelo bem-estar dos que mais precisavam e a crença na transformação das pessoas.

“O discurso não transforma. É o amor, o exemplo. Eles são capazes de mudar. Os homens precisam de fé, é verdade. Mas também precisam praticar a caridade. É uma obrigação de sacerdote e, também, de fiel. Se fosse só para celebrar a missa seria muito pouco”, disse o arcebispo emérito em entrevista publicada no Natal de 2011 em A GAZETA.

DEDICAÇÃO 

Dedicou 67 anos de consagração religiosa, 60 nos de sacerdócio ministerial e quase 44 anos de vida como bispo que se completariam no próximo dia 22 de fevereiro. Sendo 20 desses anos dedicados à Arquidiocese de Vitória.

FAMÍLIA 

Era visto como uma pessoa que se preocupava com a família, incluindo a dele própria, na união dos parentes. “Ele se preocupava muito com a família. Aos domingos, ele sempre ia almoçar com a gente. Ele falava pouco, mas gostava de contar piadas e fazia brincadeiras com as pessoas, inventava frases e era um homem que sabia compreender as pessoas com poucas palavras”, disse a cunhada de Dom Silvestre, Noelia Oliveira Scandian.

ESFAQUEADO

Em 2003, num momento marcante na história dos capixabas, e, principalmente na vida do então Arcebispo de Vitória, Dom Silvestre foi esfaqueado quando prestava atendimento espiritual na arquidiocese, na Cidade Alta. O professor de Educação Física aposentado Robinson Sarsenburg Sant’Ana, de 52 anos, foi preso e confessou. Ele disse ter ouvido vozes ordenando o atentado.

QUEM FOI DOM SILVESTRE

CORRUPÇÃO

Um dos grandes legados de Dom Silvestre foi a participação ativa e articuladora no movimento que marcou a história do Estado no enfrentamento à corrupção que uniu igrejas, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a sociedade civil organizada, como o Fórum Reage Espírito Santo.

O velório segue na Catedral de Vitória até o meio da tarde de hoje, quando deve seguir para sepultamento no cemitério do Bosque, em Alvorada, Vila Velha. Até o sepultamento, serão realizadas missas a cada duas horas na igreja

NA IGREJA

Dom Silvestre foi arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Vitória entre 1981 e 1984; e emérito de 1984 a 2004. Em maio de 2017, o novo prédio do Instituto de Filosofia e Teologia recebeu o nome de Dom Silvestre Luiz Scandian, onde o bispo emérito participou da cerimônia.

Nos 20 anos, em que comandou a Arquidiocese de Vitória, o arcebispo foi um dos principais líderes de uma igreja, com voz combativa e antenada às questões políticas e sociais.

EM FAMÍLIA

A cunhada do arcebispo emérito de Vitória Noelia Oliveira Scandian diz que está na família há quase 50 anos e conta que Dom Silvestre tinha o dom de unir as pessoas. Responsável por encontros de família.

Sobre a morte de Dom Silvestre, Noélia descreve o momento de perda e diz que todos estão muito sentidos. A cunhada afirma que, mesmo depois de tanto tempo no hospital, a hora da despedida é difícil.

"Todos estão muito sentidos. Por mais que você estivesse acostumando com a situação, com ele no hospital por tanto tempo, não deixa de sentir falta, você descobre que ele realmente se foi, não tenho como definir as palavras", diz, emocionada, Noelia.

QUADRO DE MENINGITE 

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Dom Silvestre ficou internado na UTI de um hospital em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ele tinha sido diagnosticado com meningite. No dia 1º de fevereiro, a cunhada do arcebispo emérito de Vitória, a aposentada Noélia Scandian, informou ao Gazeta Online que apesar de ter a sedação retirada, ele não respondeu mais e continuava entubado

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