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Vazamento de pó de minério causa danos a peixes, plantas e humanos

Vazamento de pó de minério causa danos a peixes, plantas e humanos

Especialistas apontam que, mesmo em limite tolerável, pó de minério é prejudicial

Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 13:04

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Modificação da célula e retardo no desenvolvimento dos peixes, alteração no processo de fotossíntese e problemas respiratórios são alguns dos problemas que o pó de minério pode causar à vida de animais, humanos e plantas. E, mesmo o limite tolerável – que é de 14 gramas por metro quadrado em 30 dias, segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) – é considerado prejudicial a longo prazo.

O professor de biologia e meio ambiente Walter Có explicou como, de pouco em pouco, o famoso pó preto que há anos incomoda a vida de moradores da Grande Vitória pode prejudicar a saúde de humanos e animais, e o desenvolvimento das plantas.

“Esse é um problema geral e afeta todo tipo de vida. Todo dia você inalando e tendo contato com o que é considerado tolerável é claro que, a longo prazo, isso tem impacto na saúde e no meio ambiente. Qualquer animal e humano pode ter problema respiratório. Já nas plantas cria-se uma cobertura de pó nas folhas que pode prejudicar a fotossíntese atrapalhando o desenvolvimento delas”, descreve o professor.

Um dos motivos que levou a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória (Semmam) a interditar três áreas da empresa Vale na noite da última quinta-feira foi o fato de materiais como carvão, minério, calcário e outras substâncias estarem sendo despejados no mar.

Estudo

Um estudo do qual a professora e bióloga e professora Adriana Chippari Gomes fez parte indicou que o minério causa diversos problemas a peixes e anfíbios.

“Vimos que os peixes, quando expostos ao minério, sofrem retardamento no desenvolvimento. Ao ficar mais tempo nessa fase, o peixe fica mais sensível e vulnerável, podendo ser mais atacado por predadores. Isso pode causar problemas na ecologia da espécie e causa danos para o ambiente em geral, porque gera um desequilíbrio”, afirma a professora que destacou que são dados consistentes conseguidos a partir de estudos sobre o impacto do minério no meio ambiente.

A professora Adriana Chippari alerta que, muitas vezes, as pessoas esperam um grande desastre ambiental para se atentar para os danos que a natureza sofre. Mas, ela afirma, há uma degradação silenciosa que, ao longo prazo, causa danos muito sérios.

“Às vezes, fica todo mundo esperando acidentes grandes para tomar providências, mas o mais perigoso é a liberação silenciosa desses elementos na natureza que ninguém vê. Ela vai alterando a comunidade daquele local, onde o minério está sendo lançado. Os efeitos são tóxicos de vários lados, por isso, precisa ser bem avaliado”, salienta a professora.

AUMENTO DE POEIRA EM 8 DE 10 ESTAÇÕES

No mês de dezembro, oito dos 10 locais monitorados pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) apresentaram aumento da emissão de poeira sedimentável – pó preto – em comparação com o mês de novembro. No entanto, nenhum deles ultrapassou o padrão de poeira considerado aceitável pelo Iema, que é de 14 gramas por metro quadrado em um período de 30 dias.

Em Vitória, o limite permitido é de 6,2 gramas de poeira por metro quadrado. Três dos cinco lugares monitorados na Capital acumularam uma quantidade de pó preto superior ao que é permitido.

Os postos com a poluição acima do tolerado ficam na Ilha do Boi, Enseada do Suá e no Centro da cidade. Para a Rádio CBN Vitória, o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Luiz Emanuel Zouain, diz que a cidade pretende aumentar a fiscalização e não descarta também a aplicação de multa para as empresas responsáveis pela poluição.

“Vamos fiscalizar mais efetivamente alguns pontos das empresas. Se nós identificarmos descumprimento nas regras de controle que nós fazemos, nós vamos multar a empresa”, disse o secretário municipal.

Enseada do Suá

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Durante o ano de 2018, apenas uma estação, localizada no Corpo de Bombeiros, na Enseada do Suá, apresentou níveis de poeira superior ao permitido pela legislação ambiental. Sua marcação em agosto daquele ano foi de 14,2 gramas por metro quadrado em um período de 30 dias. Foi o nível mais alta registrado em 2018.

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