De acordo com meteorologistas do Instituto Climatempo, existe grande possibilidade da formação de um novo ciclone tropical na costa do Espírito Santo no fim desta semana. Segundo informações da meteorologista Josélia Pegorim, as simulações atmosféricas feitas por supercomputadores indicam há vários dias a possibilidade da formação do fenômeno que, se realmente ocorrer, pode causar ventos de até 116 km/h em alto-mar.
Março é um mês típico para a formação de tempestades tropicais e subtropicais na costa brasileira justamente por ser o fim do verão, quando a água do mar do Atlântico Sul e na costa do Brasil está mais quente. Como em 2019 este aquecimento foi acima do normal, este foi um fator determinante para os diversos eventos de chuva extrema no litoral de São Paulo e no centro-sul do Rio de Janeiro.
Um ciclone surge por conta da formação de uma área de baixa pressão atmosférica e de forte intensidade. Para que ele evolua para um um furacão, por exemplo, é preciso que essa área de baixa pressão seja mais intensa e com ventos mais fortes, dependendo, ainda, da temperatura dentro da área do fenômeno.
Josélia explica, ainda, que existem ciclones tropicais, ciclones subtropicais e extratropicais. Todos eles são sistemas de baixa pressão atmosférica onde o ar se movimenta no sentido horário, no Hemisfério Sul, e no sentido anti-horário, no Hemisfério Norte.
"Ciclones são associados com grandes áreas de nuvens carregadas que provocam chuva intensa. A diferença de pressão atmosférica entre o centro do sistema e a porção mais externa aumenta a velocidade do vento", detalha. Dependendo da velocidade dos ventos, os ciclones são classificados de forma especial.
Depressão tropical: vento (máximo sustentado de até 33 nós - 61 km/h);
Tempestade tropical: vento (máximo sustentado de 34 nós - 62,9 km/h a 116,5 km/h);
Furacão: vento (sustentado de 64 nós ou maior - 118,4 km/h ou maior).
O que intrigou os meteorologistas do instituto nos últimos dias é que as análises feitas na terça-feira (19) em um diagrama que projeta a temperatura e o deslocamento de futuros ciclones mostraram que este possível sistema de baixa pressão atmosférica que poderá se formar na costa do Espírito Santo teria um núcleo quente em superfície e em ar superior.
Já no dia 20 de março, o diagrama apontou para um sistema enfraquecido e com deslocamento para o mar, ou seja, contrariando o que foi visto no dia 19 de março. Estas mudanças nas simulações atmosféricas feitas por supercomputadores ocorre diariamente, em muitas outras regiões e em diferentes situações meteorológicas. Por isso também os meteorologistas precisam ter muita cautela ao analisarem estas simulações. "É preciso ficar atento para a consistência de um dia para outro", diz Josélia.
O Climatempo frisa que vai acompanhar atentamente as condições atmosféricas na costa capixaba e informar o público nos próximos dias. Por enquanto, nesta quinta-feira (21), o instituto reforça que não existe furacão na costa do Espírito Santo, e pede que as pessoas não façam alarde quanto à possibilidade do fenômeno, gerando notícias falsas.
"É importante que a gente deixe claro que são possibilidades de surgir um ciclone tropical na costa do Espírito Santo. Já tiveram outros e, se acontecer, pode ter chuva forte e temporal... Mas ainda precisamos confirmar para que ninguém gere fake news por aí", conclui.
Na noite desta quinta-feira (21), a Marinha do Brasil, por meio do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), juntamente com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), que também vai monitorar a possível formação do ciclone com características tropicais a partir de sábado (23), até a terça-feira (26).
"A condição de tempo severo provocada por esse sistema ocorrerá principalmente em alto-mar, associada à chuva intensa, com volumes significativos e ventos intensos, com rajadas. Porém, não se descarta a condição de intensificação dos ventos na costa do Rio de Janeiro, Espírito Santo e sul da Bahia, podendo chegar a até 89 km/h, além de chuvas entre fraca e moderada", diz o órgão.
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