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Diretora e professora de escola com cartazes machistas faltam em comissão

Diretora e professora de escola com cartazes machistas faltam em comissão

Se elas não comparecerem, serão conduzidas de forma não voluntária para prestarem esclarecimentos", garantiu o deputado Lorenzo Pazolini

Publicado em 29 de março de 2019 às 15:46

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Cartazes foram expostos em escola de Vila Velha. (@Jescabohen | Twitter)

Após serem chamadas e não comparecerem à Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente e de Políticas sobre Drogas da Assembleia Legislativa, a diretora de uma escola que expôs cartazes machistas em Vila Velha será obrigada a ir na próxima reunião, marcada para a próxima quarta-feira (03). A professora responsável pelo projeto que elaborou os cartazes também foi chamada.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Padre Humberto Piacente fica no bairro Industrial Alecrim, em Vila Velha. A diretora responsável pelo projeto que expôs os cartazes, Fernanda Pires, e a professora foram chamadas pelo presidente da comissão, o deputado Lorenzo Pazolini. Ele explicou que o objetivo é apurar a situação e pedir providências.

“Queremos entender tudo o que aconteceu, o porquê da exposição desses cartazes, não só das mulheres, mas de todo o gênero feminino. A fala dos alunos é grave, porque dizem que eles foram induzidos a fazer esses cartazes. Tudo isso precisa ser apurado para saber onde foi a falha, se dos professores ou se o alunos vem com o comportamento de casa assim”, declarou.

Diretora e professora de escola com cartazes machistas faltam em comissão

A diretora Fernanda Pires chegou a dizer que não poderia ir na reunião, que havia sido marcada em outro dia nesta semana e pediu que fosse remarcada para esta sexta-feira (29). Ela confirmou presença, mas não compareceu com a professora.

“Lamentavelmente, elas assinaram os ofícios e mandados. É um ato de desrespeito. Vamos acionar o secretário de Educação para que tome ciência e tome as medidas disciplinares. Nós remarcamos e convocamos elas para a próxima quarta. Se elas não comparecerem, serão conduzidas de forma não voluntária para prestarem esclarecimentos”, garantiu Pazolini.

O deputado ponderou que é necessário saber o que aconteceu para propor mudanças e políticas públicas junto à Sedu. “O que nós queremos é efetivamente formar cidadãos que não compactuem com atos de violência e que tratem bem as mulheres para diminuir essa violência de gênero, que no Estado temos índices lamentáveis. Se a Sedu não se engajar esse quadro não vai ter alteração”, declarou.

Assembleia Legislativa. (Marcelo Prest)

O OUTRO LADO

A diretora Fernanda Pires foi procurada pela reportagem para explicar o motivo de ter faltado na comissão. Ela alegou que teve um problema pessoal e que avisou à comissão que não iria. Ela disse, ainda, que não sabe o motivo de ser chamada, mas acredita que será para explicar o projeto.

“Não sei o motivo, mas disseram que eu poderia levar alguém para explicar como seria o projeto, o que aconteceu em nossa escola”, completou. Ela ainda disse que a professora não foi porque as duas iriam juntas.

Na ocasião da repercussão dos cartazes, a diretora havia dito que o projeto teria uma segunda parte. Questionada pela reportagem nesta sexta-feira (29) se a atividade continuaria, a ligação foi interrompida e a professora não atendeu mais depois.

SEDU

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação (Sedu) informou, por nota, que a diretora não esteve presente por um problema pessoal, mas que a Sedu está à disposição para esclarecer os fatos.

O CASO

A polêmica começou após um trabalho escolar exposto nas paredes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Padre Humberto Piacente provocar revolta nas redes sociais por abordar o tema sobre assédio e agressão contra a mulher culpando as vítimas pelas violências sofridas.

Segundo uma das alunas da escola, de 15 anos, os cartazes foram feitos por uma turma do 1º ano do Ensino Médio, em um projeto relacionado ao Dia Internacional da Mulher. Um deles utiliza como exemplo o caso da vendedora Jane Cherubim, espancada e deixada na beira da estrada em Dores do Rio Preto, região do Caparaó capixaba, pelo então namorado no dia 4 deste mês.

No painel, está escrito, que as mulheres devem “ser menos vulgar (sic)” e “ter mais consciência antes de se envolver com alguns homens pois muitas acabam sendo agredidas”. Há ainda um cartaz que apresenta “lições” de como as mulheres devem se vestir para não serem assediadas, como não usar roupas que expõem o corpo e não usar short colado para ir à academia. “Na emoção do momento ela gosta, mas depois começa a dizer que é assédio”, está escrito.

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Alunos chegaram a dizer para a reportagem do Gazeta Online que os cartazes foram impostos por uma professora, a que foi convocada pela comissão junto com a diretora.

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