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Segunda Ponte: MPES notifica DER para começar manutenção em 30 dias

Segunda Ponte: MPES notifica DER para começar manutenção em 30 dias

Objetivo, segundo MPES, é "sanar irregularidades apontadas em laudo que indica risco à segurança e à vida dos usuários da ponte"

Publicado em 13 de março de 2019 às 17:31

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(Bernardo Coutinho)

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) notificou o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) para que inicie, no prazo máximo de 30 dias, o processo de manutenção da Segunda Ponte, na Grande Vitória. A notificação, segundo o MPES, tem o objeto de acabar com as irregularidades já apontadas em laudo de especialista "que indica risco à segurança e à vida dos usuários da ponte". 

Essa notificação recomendatória ao DER faz parte do Inquérito Civil Público instaurado pelo MPES para investigar as responsabilidades do órgão em relação à falta de manutenção da Segunda Ponte e risco iminente à sociedade.

Trecho com alguns dos motivos que levaram o MPES a notificar o DER para início de manutenção na Segunda Ponte em 30 dias. (Gazeta Online)

 DOCUMENTO  A notificação [.PDF]

Em fevereiro, o MPES instaurou inquérito para investigar o DER por conta das irregularidades e a falta de manutenção na estrutura. Em portaria, o órgão afirmou que levou em consideração relatórios feitos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Espírito Santo (Crea) e todas as matérias feitas pela imprensa sobre o documento, de 2017. Entre os problemas constatados estão corrosão no concreto da base ponte, além de danos em juntas de dilatação, que apresentavam abertura maior do que o normal.

SEM MANUTENÇÃO, TRÂNSITO FICA INVIÁVEL

(Fernando Madeira)

Em fevereiro, um ano e dois meses depois do laudo técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) apontar problemas na Segunda Ponte, a situação do local ainda preocupa. Construída na década de 1970, a ponte precisa de manutenção e monitoramento constante ou, no futuro, o transitar sobre ela.

"Ano passado o grupo de trabalho de infraestrutura e mobilidade urbana do Crea-ES e engenheiros fizeram uma vistoria e detectaram algumas anomalias em peças de sustentação da ponte, dos pilares, como ferragem exposta, armadura da ponte com avançado grau de corrosão, oxidação, desagregação do concreto. É uma ponte que já tem quase 40 anos e um trânsito pesado e intenso. Então requer maior cuidado para que a vida útil dela seja mantida e amanhã, uma deformação maior, mesmo que ela não venha a ruir, venha impedir o trânsito, o que traria um caos para a nossa Grande Vitória. É uma das vias mais importantes", afirmou o consultor do Crea-ES José Marcio Martins.

Ainda de acordo com o engenheiro, a parte mais crítica da ponte é a parte cuja estrutura fica dentro da Baía de Vitória. Ele defende um programa de manutenção preventiva para a Segunda Ponte.

Segunda Ponte. (Marcelo Prest)

"Os pilares que estão no ambiente marinho têm situação pior, porque vêm do mar cloretos agressivos ao concreto. Essa ponte foi construída com muita robustez, a gente percebe isso nas estruturas que são fortes. A robustez estrutural da ponte permitiu ela receber esse tranco do ambiente agressivo marinho e esse excessivo trânsito. Quando nós entramos em contato com os órgãos gestores, parece que eles estão sempre com o pires na mão atrás de recurso. Acho que esses recursos têm que ser garantidos todo ano, tem que ser uma política de Estado a manutenção de pontes. Tem que fazer uma inspeção mais minuciosa na ponte e depois fazer um projeto de recuperação e complementar isso com um monitoramento constante da ponte", defende.

DER PROMETEU OBRAS EM 2019

Um ano e dois meses depois do Crea-ES emitir laudo que aponta a situação precária da Segunda Ponte, pouco foi feito e a estrutura permanece em 'ruína', como define um dos engenheiros responsáveis pelo estudo divulgado em 2017.

"O DER fez a pintura e corrigiu as duas juntas de dilatação que estavam em pior situação, já tinham perdido todo o elemento elástico. O planejamento era que fariam as trocas de todas as juntas até dezembro de 2018, o que não foi feito. De lá para cá, a estrutura está exposta a um meio agressivo e a tendência é ir corroendo ainda mais",  alerta o engenheiro civil Jaime Oliveira Veiga, um dos autores do laudo.

Aspas de citação

Sabemos que é um problema crítico. Mas não dá para dizer se há um risco iminente, nem quanto tempo a gente tem para trabalhar com essa estrutura. Não pode haver falta de recurso quando se trata de proteger a vida do cidadão, que já paga imposto demais

Aspas de citação

O laudo técnico produzido pelo Crea-ES sobre a Segunda Ponte, em 2017, mostra muitas corrosões no concreto e nas ferragens que a sustentam. Além de problemas nas juntas de dilatação, que apresentam abertura maior do que o normal e falta o material elástico. Em um ano, apenas o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER) realizou obras físicas no local. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-ES), que também responde pela Segunda Ponte, não fez qualquer melhoria no local, segundo ele.

Ainda de acordo com o engenheiro, é preciso verificar com mais detalhes a extensão dos problema da Segunda Ponte. "Para determinar o nível de agressividade, até onde a água salgada penetrou e está contaminando concreto, só através de ensaio perceber. Tem que retirar uma amostra e fazer um ensaio, para saber da resistência desse concreto e do aço. Tem que fazer um projeto completo, com plano de manutenção", defende Veiga.

Até o final do ano pelo menos parte das obras da Segunda Ponte estará concluída. A promessa foi dada pelo DER, em fevereiro, que afirmou que vai licitar a obra no viaduto - trecho que vai da saída da avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, até o acesso de Cariacica - ainda neste primeiro semestre.

"Resgatamos um projeto que já vinha sendo executado e vamos licitar a obra do viaduto. Não somos donos de ponte. Neste primeiro semestre faremos a contratação da execução da obra. Farei o possível e impossível para antecipar o máximo. A parte que nos cabe é a parte seca, que é menos problemática e tem possibilidade de deterioração menor. Aonde o concreto estourou e ficou com ferragem exposta, vamos recuperar e, se necessário, recompor a armadura em algumas situações, e trocar todas as juntas de dilatação. Obra de seis a oito meses (após licitação)", explicou o diretor geral do DER, Luiz Cesar Maretto.

O orçamento inicial da obra é de R$ 8 milhões. "Estou fazendo uma reavaliação para diminuir esse valor", afirmou Maretto.

Acionado pelo Gazeta Online, o DER-ES informou, em nota, que recebeu a notificação do MP e que os trâmites para a publicação do edital de obras já estão em fase final. (veja abaixo na íntegra)

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O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES) informa que recebeu a notificação do MP e que os trâmites para a publicação do edital de obras já estão em fase final. O trecho que corresponde ao Departamento se estende de Vila Velha à altura da alça de acesso à BR 262. O trecho até vitória (a ponte em si) não é estadual.

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