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Sem dinheiro, Ufes reduz vigilância em Goiabeiras

Sem dinheiro, Ufes reduz vigilância em Goiabeiras

Dos 66 PMs prometidos para o patrulhamento, 20 estão atuando no campus, em Vitória

Publicado em 13 de março de 2019 às 01:41

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Os estudantes de Arquitetura Felipi, Larissa e Luiza dizem que a insegurança no campus aumentou. (Fernando Madeira)

A crise financeira que a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) atravessa há pelo menos três anos, potencializada pela crise fiscal sofrida pelo governo federal, atinge também a segurança no campus de Goiabeiras, em Vitória. Um convênio firmado entre a universidade, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp) e a Polícia Militar no ano passado previa a designação de 66 militares da reserva para atuar no local. No entanto, sem ter como arcar com a contrapartida financeira, só cerca de 20 atuam no local, segundo informações obtidas por A GAZETA.

O número de funcionários terceirizados de segurança patrimonial também caiu. De acordo com o Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Espírito Santo (Sindesp), eram 48 seguranças em julho do ano passado distribuídos por todos os campi da Ufes e, agora, restam apenas 12. Na manhã desta terça-feira (12), uma aluna do curso de Arquitetura foi atacada por um homem ao chegar para estudar. Ela foi salva por uma auxiliar de serviços gerais, que ouviu os gritos de socorro.

O convênio com a Sesp e a PM, firmado em julho do ano passado, tinha como objetivo disponibilizar militares da reserva remunerada para atuação na segurança do perímetro e das instalações da Ufes. A universidade deveria pagar pelo reforço R$ 9.846.256,88 divididos em dois anos de vigência, ou seja, R$ 4.923.128,44 por ano. Quando foi anunciado, o governo do Estado afirmou que seriam cedidos 120 PMs reserva para os quatro campi.

Segundo a Sesp, 117 militares foram autorizados a atuarem dentro da universidade. No entanto, a secretaria salientou que cabe à Ufes gerenciar quando e como esses militares devem atuar. “A responsabilidade de distribuição do efetivo nos campi e treinamento dos policiais ficam a cargo da própria Ufes, assim como a responsabilidade de fiscalização do serviço prestado”, afirmou a Sesp por meio de nota.

Questionada sobre quantos policiais militares que de fato atuam dentro dos campi, a Ufes informou que não responderia “por motivo de segurança”. Na mesma nota, a universidade afirma que o efetivo de seguranças e policias no local será ampliado ainda neste primeiro semestre sem, novamente, precisar quantas pessoas vão atuar nessa função.

MEDO

Gabriel e Patrique ainda não viram PMs no campus. (Fernando Madeira)

Os casos de roubos e furtos ocorridos ao longo de 2018, inclusive em sala de aula, no campus da Ufes em Goiabeiras, mudaram a rotina dos estudantes de Arquitetura, mesmo curso da estudante atacada nesta terça-feira (12). “As aulas acabam às 18 horas e o prédio fecha às 21 horas. Entre esse período de três horas não fica mais ninguém aqui. É um deserto. Tem muita gente que nem é estudante. A gente não vê policiamento por aqui”, desabafa o estudante Felipi Moreno, de 24 anos.

Felipi está no décimo período do curso e narra as mudanças no comportamento dos alunos ao longo dos anos. “Estamos aqui há algum tempo e vemos as transformações do próprio prédio. Antes tinha mais policiamento e o pessoal ficava até mais tarde. A cantina funcionava, as salas ficavam abertas. Agora não tem mais cantina, tem poucos policiais e quando dá 18 horas escurece o pessoal vai embora porque não tem estrutura para ficar aqui”, conta.

Para Luiza Lacerda, muitos desistiram de estudar à noite e se reunir para produção de trabalhos em grupo após as aulas. “Percebemos claramente o quanto mudou a apropriação das pessoas do espaço público, do prédio. As pessoas ficavam mais aqui. Ficava todo mundo fazendo trabalho até tarde e nos sentíamos seguros. Além de um espaço de estudo era um espaço de convivência”, lamenta a estudante.

Em ronda feita por A GAZETA no campus ontem, foram visualizados cinco PMs no local.

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Com a volta às aulas na Ufes este mês, os estudantes se dizem apreensivos com a segurança dentro do campus de Goiabeiras. Para eles, ainda é imperceptível a atuação do efetivo da PM no local, que está limitada as principais vias, e não contempla patrulhamentos a pé dentro da instituição. “Quem não pega a passarela pode sentir mais a insegurança. Ainda não vi policiais, mas hoje (ontem) é o segundo dia de aula”, disse o estudante de engenharia elétrica, Patrique Pasquim, de 18 anos, que atravessava a passarela com o colega Gabriel Lucas.

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