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'Cadê as freiras?': Convento é lar de franciscanos desde sua fundação

"Cadê as freiras?": Convento é lar de franciscanos desde sua fundação

Segundo o guardião do Convento, frei Paulo Roberto Pereira, o saber popular liga o espaço de um convento à figura das freiras. Mas esclarece que o Convento da Penha nunca foi morada de freiras

Publicado em 23 de abril de 2019 às 23:08

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Freiras visitam o Convento da Penha, durante o oitavário da Festa da Penha. (Pedro Cunha/CBN Vitória)

Uma pergunta que o Frei Paulo Roberto Pereira, guardião do Convento da Penha, ouve com frequência é “onde estão as freiras?”. Para ele, o saber popular liga o espaço de um convento à figura das freiras, mas esclarece que o Convento nunca foi morada de freiras. Segundo o frei, existem espaços masculinos e femininos, e que tradicionalmente, os freis também moram em conventos.

“Aqui no Convento da Penha nunca moraram as freiras. Quando as freiras foram embora? Elas não foram embora porque nunca estiveram”, explica o religioso. Frei Paulo afirmou ainda tentar explicar aos fiéis o sentido da vivência em um convento: “Nós, os freis, do ramo masculino, também habitamos e formamos convento, porque a palavra convento significa convergência, convenção. Uma reunião de pessoas dispostas a viver em comum”.

Cadê as freiras , Convento é lar de franciscanos desde sua fundação

Mas enganam-se aqueles que acham que a administração do Convento da Penha se restringiu a ação dos franciscanos. Isso porque, durante uma parte da história brasileira, a recepção de religiosos no País chegou a ser restrita, ocasionando a diminuição do tamanho das ordens e congregações no Brasil. O Convento só continuou funcionando graças à atuação de padres da Arquidiocese de Vitória, na época Diocese do Espírito Santo, já que a província franciscana no Estado não possuía mais freis. Somente há cerca de 70 anos que os franciscanos voltaram a habitar e administrar o Convento da Penha.

Urubus sobrevoando o Convento da Penha. (José Carlos Schaeffer)

COMUNHÃO ENTRE OS CONSAGRADOS

Mesmo sendo um espaço de religiosos, o Frei Paulo Roberto afirma que o Convento da Penha, sobretudo durante a festa da santa, é um lugar de comunhão entre todas as pessoas de vida consagrada, independente do sexo, como as freiras. “A Festa da Penha tem esse condão de fazer com que toda a Igreja, inclusive a vida consagrada, possa manifestar-se e agradecer a Deus o dom da vocação, da vida e da missão”, declarou ele. Na segunda-feira, dia da padroeira do Espírito Santo, religiosos e religiosas recebem o convite para celebrar uma missa no Campinho e rezar juntos para Nossa Senhora, que de acordo com o frei é a mãe de todas as consagradas e consagrados.

AS DIFERENÇAS ENTRE "FREI", "FRADE" E "PADRE"

Uma dúvida recorrente entre as pessoas que frequentam o Convento e convivem com os religiosos do local consiste em saber a diferença entre o frei, o frade e o padre. Conforme explicou frei Paulo, freis e frades consistem em uma mesma pessoa: “a tradução frater, do latim para o português, é frade. E frater é irmão, então pode chamar de frei e pode chamar de frade, não tem problema, é o irmão franciscano, é o irmão de toda a criatura”.

Frei Paulo Roberto Pereira, guardião do Convento da Penha . ( Fernando Madeira)

A diferença é entre o papel dos freis e dos padres. Os freis, parte de uma província franciscana, vivem a vida consagrada, com a profissão dos votos de pobreza, obediência e castidade, em uma organização horizontalizada. “Nós, franciscanos, temos matiz própria, uma cor própria de vivência dos votos evangélicos”, afirmou o frei Paulo Roberto. Em uma caminhada paralela, porém muito distinta, eles podem assumir uma função na hierarquia da igreja católica, verticalizada, participando da formação eclesiástica e tornando-se diáconos, padres, ou até bispos. O arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos, é um exemplo de frei franciscano que seguiu o caminho ao episcopado.

Outra dúvida comum entre os frequentadores do Convento, como da moradora de Vila Velha, Luciene Gozzer, é a diferença entre o frei e o guardião do Convento da Penha. Frei Paulo esclarece que o guardião é um frei, porém sobretudo é o servidor de todos. “O guardião deverá ser sempre o servidor de todos. Os freis somos freis, todos: os velhos, os novos, doutos, os formados nas universidades, aqueles formados na escola da vida. Se é frei, é frei.”

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(com informações de Pedro Cunha)

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