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Cresceram na Festa da Penha como peregrinos e hoje são freis

Cresceram na Festa da Penha como peregrinos e hoje são freis

Foi através da vivência próxima com o Convento que muitos jovens capixabas escolheram seguir a vida religiosa e se tornaram freis franciscanos, aqueles que cuidam do monumento histórico

Publicado em 25 de abril de 2019 às 00:10

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Frei Pedro de Oliveira e Frei Felipe Medeiros. (Ricardo Medeiros)

Com quase 450 anos de história, a Festa da Penha atualmente arrasta milhares de fiéis devotos de Nossa Senhora para acompanhar as festividades e compartilhar momentos de oração. Uma cultura cada vez mais enraizada que encanta pessoas em todo Estado. Através desta vivência próxima que muitos jovens capixabas escolheram seguir a vida religiosa e se tornaram freis franciscanos, aqueles que cuidam do monumento histórico. A festa, que um dia eles participaram como visitantes, hoje faz parte de suas rotinas diárias.

Nascido em Porto Novo, Cariacica, no ano de 1956, o frei Pedro de Oliveira fala da história de amor e devoção com Nossa Senhora da Penha desde os tempos de infância. Vindo de uma família pobre, sem muitas condições de visitar o Convento da Penha por questões financeiras, o franciscano relembra a fé e a referência da Santa, muito reforçadas pela mãe e avó.

“Devido a situação financeira dificilmente elas iam ao Convento, mas sempre falavam de Nossa Senhora da Penha. Eu lembro que em nossa humilde casa de pau a pique, de barro coberto com palha de coqueiro, nós tínhamos um quadro de Nossa Senhora da Penha”, disse.

Frei Pedro de Oliveira do Convento da Penha. (João Paulo Rocetti)

Com o passar do tempo, o então jovem Pedro, com apenas 18 anos, começou a participar da Romaria dos Homens e ter um contato mais próximo com Nossa Senhora da Penha e o Convento.

Lá na década de 70, porém, a Festa não tinha a mesma estrutura de hoje. Frei Pedro conta que naquele tempo, os jovens cansados da caminhada dormiam no próprio Santuário, seja na pedra ou pelos corredores da capela. Isso marcou sua passagem pelo local.

“Lembro que na madrugada a gente estava dormindo e o frei passava por cima da gente para celebrar a missa. Essa são algumas das grandes marcas que eu trago”, contou.

A devoção à santa foi reforçada após uma prece atendida na família. Frei Pedro conta que um sobrinho quebrou a perna e estava com muita dificuldade para cicatrizar. Após uma promessa da irmã à Nossa Senhora da Penha, o menino foi curado sem nenhuma complicação. A partir daí, Pedro iniciou sua vocação religiosa. Em 1985 foi para um seminário e 10 anos depois se tornou sacerdote. Hoje, ser parte das festividades como religioso faz o Frei se emocionar.

“Para mim, como filho da terra, servindo a este convento é emocionante. É indescritível quando encontro colegas de infância, que fizemos o primário juntos em 1966, encontrar gente desta época que vem me visitar aqui. Não dá para explicar sem a emoção”, conta bastante emocionado.

Outro capixaba que também seguiu a vida religiosa em proximidade com Nossa Senhora da Penha é o Frei Felipe Medeiros. Nascido em Vila Velha, o jovem religioso de 25 anos conta que teve toda a infância vivida na paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário do Divino Espírito Santo, também no município canela-verde. A igreja, que é cuidada por frades franciscanos, junto com as festividades de Nossa Senhora da Penha, inspiraram e deram vocação para a vida religiosa de Felipe.

“O ensejo de ser religioso franciscano se deu também com os frades, porque já é minha paróquia de origem. A Festa da Penha entra aí também porque sempre me encantou muito ver os frades com aquela roupa marrom, aquela multidão de freis indo para lá e para cá fazendo orações. Então, ali nasceu a minha vocação. O berço da minha vocação são dois: o Convento da Penha e o Santuário de Vila Velha”, explicou.

Frei Pedro de Oliveira e Frei Felipe Medeiros. ( Ricardo Medeiros )

A Festa da Penha deste ano é a primeira desde que o Frei Felipe entrou para a vida religiosa. A última foi em 2012, pois em 2013 ele ingressou para a província franciscana e desde então está em formação. Atualmente, ele atua em uma fraternidade na Rocinha, no Rio de Janeiro. Este ano, pela proximidade, veio participar das festividades e conta, com muita gratidão, sobre o sentimento de voltar como religioso a Festa que também perseverou enquanto peregrino.

“Estar aqui hoje não mais como visitante, mas sim como religioso é uma alegria muito grande. Eu não estou mais ali embaixo, mas estou ajudando o povo de Deus a rezar, a encontrar o caminho, a encontrar Jesus. A alegria de Nossa Senhora é o que celebramos na Festa da Penha, a alegria da ressurreição. Eu não canso de me emocionar participando todos os dias. É sempre uma emoção muito grande”, contou.

Atualmente, 10 freis capixabas atuam dentro e fora do Estado. São eles: Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, Frei Roger Brunorio, Frei Vanderley Grassi, Frei Felipe Medeiros Carretta, Frei Lucas Moreira Almeida, Frei Josiélio da Silva Oliveira, Frei Guilherme Plotegher Neto, Frei Davi Lutzke, Frei Irven Gabriel de Jesus dos Santos.

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