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Fiel é guardião de mais de mil terços no ES

Fiel é guardião de mais de mil terços no ES

Parte do acervo que foi doado para o Convento está em exposição

Publicado em 14 de abril de 2019 às 23:46

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Paulo César coleciona terços. (Fernando Madeira | GZ)

Símbolo de fé e instrumento de oração, o terço virou tema e protagonista de exposição no Convento da Penha. Há mais de mil na coleção, mas a exposição mostra cerca de 300 com as mais diversas origens: há desde aqueles feitos e doados por presidiário até mesmo terços abençoados pelo Papa.

A ideia de colocá-los em exposição partiu do arquivista Paulo Sergio Souza, 48 anos, que reuniu uma pequena quantidade dos objetos para deixar a mostra na comunidade onde participa, em Vitória. A ideia dele, no começo, era fazer uma homenagem à Maria e promover uma nova visão sobre o terço.

“Terços e rosários são os maiores ícones de representação Mariana, nasceu aí a motivação para desmistificar o terço, ou seja, chamar a atenção para o seu verdadeiro valor: apenas um instrumento para a nobreza da intenção que é o gesto de orar”, explica.

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A primeira exposição foi na paróquia de Paulinho - como é conhecido - e agora está na Sala de Exposições do Convento da Penha. E o acervo exposto pode aumentar.

“A coleção é construída por doações dos devotos. Então, à medida que os devotos doam, a gente vai expondo e, com eles, as histórias que os terços carregam”, afirma.

Uma dessas histórias é de um presidiário que foi preso por agredir uma mulher. Na cadeia, ele usou o material que é disponibilizado para o artesanato para fazer um terço com o tema “paz”. Ainda há terços feitos com grãos de milho e outro com grãos de feijão. Os dois foram feitos por produtores rurais como forma de agradecimento pela colheita.

“Os devotos vêm ao Convento e deixam os terços como forma de agradecimento por uma graça alcançada. Conforme eles vão deixando, a gente cataloga, os repetidos são doados a outros fiéis”, explica.

Com olhar apaixonado e cuidadoso, Paulo vai separando o que entra em exposição e o que vai para novas mãos. Os terços doados e que não ficam à mostra para o público serão dados, por exemplo, aos fiéis que participarão de romarias durante a Festa da Penha.

HISTÓRIAS E FÉ

A exposição “Terços: instrumentos de fé e devoção” foi aberta ao público no começo de abril, na Sala de Exposições do Convento da Penha.

Além de exibir terços doados pelos fiéis, a exposição tem outro objetivo. “A ideia é desmistificar que o terço é um amuleto mágico. Ele ganha importância de acordo com a intenção a qual ele é dedicado. Enquanto objeto, ele é um instrumento de contas para ajudar quem faz a oração”, afirma. A exposição fica no Convento da Penha até o final de maio.

IDOSO FEZ TERÇOS COM EMBALAGENS DE BALAS

Entre as centenas de terços e histórias por trás dos objetos, Paulo Sergio Souza, um dos responsáveis pela exposição, é certeiro ao apontar o que para ele tem mais valor. Não pense que é um terço feito com metais nobres ou por alguém de status elevado.

O terço que ele destaca foi feito por uma senhora de 80 anos, com dificuldade de coordenação motora. O material que ela usou foi papel de alumínio de embalagens de bombons e de balas, além de linha de costura. “Ela fazia o terço enquanto rezava o rosário diariamente. Então, durante o ano, ela fez 365 terços como este. Depois ela os distribuiu para pessoas mais carentes que ela”, revela Paulo.

Próximo a este terço, há um outro feito todo de conchinhas do mar. “Esse também tem uma história muito legal. Foi de uma senhora de 70 anos que, em Vila Velha, viu o mar pela primeira vez e ficou maravilhada. Depois, ela voltou para casa, fez o terço e trouxe ao Convento da Penha”, lembra.

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E é justamente a explicação por trás de cada terço que, para Paulo, faz com que ele tenha valor. “O terço é só um objeto, uma ferramenta para ajudar na oração. Ele ganha valor para cada pessoa, por conta de cada história de fé e oração por trás dele. Por isso, para mim, o mais valioso na exposição é o terço feito com papel de alumínio e de linha”, finaliza.

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